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Iniciativa global é lançada para selecionar 30 crianças embaixadoras da COP30

Consulta inédita em nove países faz parte da agenda da presidência brasileira e acontece pela primeira vez em conferências do clima

As crianças são mais vulneráveis a crise climática e os debates devem incluir explorar questões éticas, de justiça intergeracional e de direitos humanos (Getty Images)

As crianças são mais vulneráveis a crise climática e os debates devem incluir explorar questões éticas, de justiça intergeracional e de direitos humanos (Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 26 de agosto de 2025 às 16h30.

Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 17h02.

Uma iniciativa articulada pela presidência da COP30 com organizações internacionais quer garantir que as perspectivas de crianças e jovens sejam ouvidas na maior conferência de clima do mundo em Belém do Pará.

Nesta terça-feira, 26, a Fundação Plant-for-the-Planet, uma das parceiras, anunciou o lançamento de uma consulta pública dentro do Balanço Ético Global (BEG), proposta do governo brasileiro focada na escuta ética e planetária em relação à crise climática e ambiental.

Os diálogos serão conduzidos com crianças em nove países: Brasil, Alemanha, Chile, Colômbia, Índia, México, Nepal, Nigéria e Uganda, e o primeiro encontro acontece no dia 30 de agosto na capital chilena.

As ideias e as perspectivas serão compiladas e enviadas à presidência da COP durante a Semana do Clima de Nova York e nortearão [grifar]a escolha de 30 crianças Embaixadoras da Justiça Climática de Belém para representar a rede global na conferência.

Inspirado no Acordo de Paris, o Balanço Global foi criado para ir além das análises técnicas do progresso climático, focando nos dilemas morais e éticos das mudanças climáticas. Embora a proposta inicial incentivasse a participação de jovens, ativistas e povos indígenas, não mencionava especificamente o público infantil. 

Em comunicado, a Plant-for-the-Planet disse que atua com outras instituições para adaptar a proposta do balanço e preencher essa lacuna.

Dentro da lente de justiça climática, as crianças são vulneráveis aos efeitos mais severos da crise do clima, mas devem ser "poderosos agentes de mudança e não apenas vítimas", destacou a organização. 

Em 2024, um estudo pioneiro da Unicef retratou esta vulnerabilidade: mais de 242 milhões de crianças e adolescentes no mundo tiveram suas rotinas escolares interrompidas por causa de eventos extremos

Justiça climática e direitos humanos

Para Luciano Frontelle, diretor-executivo da Plant-for-the-Planet Brasil, a inclusão das vozes infantis vai além do simbolismo e que o objetivo é explorar questões éticas, de justiça intergeracional e de direitos humanos.

"Estamos transformando um debate técnico em um compromisso profundo e voltado para o futuro que elas herdarão", disse o executivo à EXAME.

A abordagem é respaldada pelo recente parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que confirmou a ação climática como uma questão fundamental.

Segundo Frontelle, os diálogos têm como foco criar espaços onde as crianças possam compartilhar suas experiências diretas com os impactos climáticos em suas comunidades e a sabedoria tradicional transmitida por gerações sobre como viver em equilíbrio com a natureza.

"Queremos que elas possam refletir sobre questões morais fundamentais como 'o que é certo e o que é errado?', além de apresentar novas ideias e soluções criativas, livres de interesses econômicos ou políticos", explicou.

Crianças e jovens nas COPs 

Um relatório recente do Instituto Alana com a Laclima analisou a menção a termos como “crianças”, “jovens” e “futuras gerações” nas decisões das principais conferências da ONU sobre mudanças climáticas (COPs), Protocolo de Quioto e Acordo de Paris.

Em relação às "crianças", houve um salto de apenas duas citações entre 1992 e 2010, para 77 entre 2018 e 2024. Já “juventude” passou de oito para 123 menções no mesmo período.

Além disso, a análise destaca alguns marcos importantes: o reconhecimento da "Youngo" em 2009, sigla oficial da juventude no processo da UNFCC, a criação do Programa de Trabalho de Glasgow sobre Ação para Capacitação com diretrizes para educação climática e participação de crianças e jovens, a formalização do cargo de Jovem Campeão do Clima (Youth Climate Champion) em 2023 e em 2024, a realização do "Diálogo Especializado sobre Crianças e Mudança do Clima".

Demandas esperadas

A organização antecipa que podem surgir demandas que transcendem recomendações técnicas, priorizando aspectos éticos e sociais como:

  • Educação climática de qualidade nas escolas;
  • Ações urgentes de adaptação nas comunidades mais afetadas, principalmente no Sul Global;
  • Participação efetiva de crianças e jovens nos processos de tomada de decisão climática;
  • Compromissos concretos de justiça climática para proteger os mais vulneráveis;
  • Medidas globais de cooperação intergeracional entre países, empresas e sociedade civil;

Movimento global

Fundada em 2007, a Plant-for-the-Planet nasceu da visão de um menino de 9 anos que mobilizou colegas para "plantar 1 milhão de árvores no mundo visando solucionar a crise climática". Até então, mais de 100 mil embaixadores da justiça climática foram capacitados em 76 países.

Atualmente, a organização atua com foco na educação de jovens, restauração de ecossistemas e pesquisa sobre restauração florestal.

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