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Poluição plástica: 350 milhões de toneladas viram resíduos a cada ano, diz Credit Suisse

O uso do plástico tem crescido continuamente com um aumento de 130% desde os anos 2000. A má administração do material também cresceu, correspondendo a uma elevação de quase 100%

Uso plástico: Segundo estudo, o número de toneladas plásticas produzidas corresponde a cerca de 55 kg de plástico por habitante (Yegor Aleyev/Getty Images)

Uso plástico: Segundo estudo, o número de toneladas plásticas produzidas corresponde a cerca de 55 kg de plástico por habitante (Yegor Aleyev/Getty Images)

Fernanda Bastos
Fernanda Bastos

Repórter de ESG

Publicado em 6 de junho de 2023 às 15h01.

Última atualização em 6 de junho de 2023 às 18h52.

Anualmente, são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico ao redor do mundo anualmente, afirma o estudo Plastic pollution: Pathways to net zero do banco Credit Suisse. O número corresponde a, aproximadamente, 57 quilogramas de plástico por habitante. O levantamento ainda diz que, a cada ano, mais de 350 milhões de toneladas de plástico viram resíduos.

Enquanto, globalmente, cerca de 2/3 dos países adotaram alguma forma de legislação para regulamentação de usos comuns do plástico, como é o caso de sacolas plásticas,  1/3 têm regulamentações para estender a responsabilidade produtiva para plásticos de uso único, como a utilização de depósitos e centros de reciclagem. 

Pensando neste contexto, a Credit Suisse traz esse estudo sobre o impacto da poluição plástica no mundo – além das perspectivas até 2060 e sugestão de caminhos para as empresas alcançarem o Net Zero. Ainda de acordo com o estudo, dos 350 milhões de toneladas de plástico que se tornam resíduos, 40% do material vem em diferentes formas de embalagem, porém nem todo resíduo plástico se torna poluição.

Além disto, aterros sanitários coletam cerca de 46% dos resíduos plásticos globais, já a incineração controlada responde por mais 17% e a reciclagem arrecada 15% – o que deixa mais de 20% de resíduos plásticos mal administrados. Esse contingente corresponde a um total de quase 80 milhões de toneladas por ano

“Embora a poluição plástica possa ser desagradável, o plástico em si é um material eficaz. Quer seja garantir a qualidade dos alimentos, envolvendo nosso consumo de eletrônicos ou fazendo parte de processos industriais complexos envolvendo maquinário pesado, o plástico é difundido em nossa economia. O foco principal do relatório não é para eliminar todo o plástico, mas sim para garantir descarte adequado de plástico para minimizar o desperdício de plástico interação negativa com terrestres e aquáticos ambientes”, diz a executiva Emma Crystal, chief sustainability officer do Credit Suisse no relatório. 

Conscientização sobre o uso do plástico

De acordo com o estudo, a conscientização sobre as consequências negativas do plástico tem crescido desde a década de 1960, com as políticas de resposta desde a virada do milênio. Mesmo assim, o uso do plástico tem crescido continuamente com um aumento de 130% desde os anos 2000. A má administração do material também cresceu, correspondendo a uma elevação de quase 100% desde os anos 2000, o que fez o número dobrar de 40 milhões de toneladas por ano para o atual número de 80 milhões de toneladas plásticas produzidas anualmente. 

As expectativas para o futuro

O Credit Suisse constrói as estimativas para 2060 com base nas atuais tendências de mercado. Além disso, o estudo considera as modificações das atividades econômicas que influenciam na diminuição da intensidade do resíduo plástico tendo em vista o produto interno bruto (PIB) de 15% e a trajetória existente para gerenciar gastos e diminuir a má gestão plástica de 22% para 15%.

Com isso, os resultados afirmam que o desperdício plástico de aproximadamente 80 milhões de toneladas deve alcançar 100 milhões de toneladas em 2060. Ou seja, o estudo demonstra que, enquanto o PIB real global tem expectativas de perder o ritmo de crescimento, é esperado que o desperdício plástico cresça exponencialmente nas próximas décadas.  

Por esse motivo, ter uma abordagem Net Zero trabalha com duas variáveis: mitigação e ações adaptativas. A mitigação entra para reduzir o uso plástico – por meio da tributação – para suprimir a demanda do material. Já as adaptações são estratégias que aceitam a necessidade plástica na economia, mas, ao mesmo tempo, tentam buscar reduzir o mau gerenciamento do material.  

Os próximos passos para a mitigação 

Segundo o estudo, é estimado que os plásticos capturados são, na maior parte, de lixões ou queimados em fogos descontrolados – onde aproximadamente apenas ¼  (25%) de todos os plásticos mal administrados e resíduos são perdidos por meio de vazamentos e interagem em ambientes terrestres e aquáticos. Apesar do estudo se mostrar otimista com números gerais mais baixos que outras pesquisas, o levantamento afirma que, sem políticas adicionais até 2060, poderia haver mais toneladas plásticas no mar do que a biomassa de baleia – sendo que apenas uma baleia pode pesar de 40 a cerca de 150 toneladas – a informação é relativamente menos dramática que a declaração da Fundação Ellen MacArthur que dizia que, até 2050, haveria mais plásticos do que peixes no mar. 

O levantamento ainda diz que para atingir o Net Zero da poluição plástica, a remoção de plástico de ambientes naturais é uma parte necessária para essa trajetória. Em conclusão, os números para a poluição plástica – e poluição plástica mal gerenciada – também são menores do que o documento da OCDE. O estudo explica que a maior razão para as previsões serem um ponto percentual menor por ano do que aqueles usados no estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é a utilização do crescimento do PIB global. 

Para a Credit Suisse, é necessário haver mais pesquisas sobre o tópico da poluição plástica, e particularmente, o vazamento para entender como os resíduos plásticos se tornam poluição plástica. “Finalmente, ao olharmos para o futuro, expressamos otimismo cauteloso. Acreditamos que as negociações para um tratado global de plásticos iniciadas pela Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente tem o potencial de ser a mais significativa proposta multilateral com foco em sustentabilidade desde o Acordo de Paris em 2015”, conclui o estudo. 

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