Imaginable Futures se reune com lideranças para pensar em diversidade e impacto da filantorpia (Imaginable Futures/Divulgação)
Marina Filippe
Publicado em 24 de dezembro de 2021 às 08h00.
A doação por ela mesma não basta. Este é um dos entendimentos da organização filantropica Imaginable Futures, que atua no Brasil desde 2012, mas que no ano passado ganhou autonomia e equipe própria para o trabalho no País. Com isto, a organização passou a focar ainda mais nas necessidades da região e se basear nos princípios de justiça, equidade, diversidade e inclusão (JEDI).
Após ter apoiado mais de 50 instituições nos últimos anos, a Imaginable Futures anuncia para 2022 um investimento de 30 milhões de reais por meio de investimentos de capital, doações ou financiamento de iniciativas específicas. As iniciativas beneficiadas estão sendo escolhidas conforme o impacto e o modo de trabalho.
“O nosso papel é identificar lideranças e pessoas que serão apoiadas e capacitadas transformar uma comunidade”, diz Fabio Tran, venture Partner e líder da Imaginable Futures para a América Latina. Segundo ele, a IF se baseia a partir de quatro pilares:
Pensando nisto, neste ano, por exemplo, a IF atou em projetos como impulsiONar, uma iniciativa em parceria com a Fundação Lemann e BID Lab, e realizado pelo Quintessa e Instituto Reúna, que juntos se propuseram a oferecer soluções pedagógicas e tecnológicas para as redes municipais brasileiras para reduzir e prevenir lacunas de aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática de estudantes do 6º ao 9º ano.
Com isto, US$ 2,36 milhões foram investidos e jovens foram ajudados a continuar os estudos em pleno distanciamento social, que trouxe ainda mais barreira de acesso e aprendizagem. "As iniciativas financiadas a partir deste programa alcançaram mais de 13 milhões de alunos e viabilizaram parcerias com 21 redes estaduais e 106 redes municipais”, diz Tran.
Diversidade
Neste ano a IF fez o primeiro investimento ou renovação do apoio a mais de 20 organizações brasileiras, sendo que 85% destas são lideradas por mulheres e 30% tem a equidade racial como pauta central em seu trabalho. Para 2022 está sendo traçado um plano que considera os grupos socialmente minorizados ao olhar, inclusive, para o contexto das Eleições Presidenciais.
"Estamos em um trabalho de escuta para pensar em equidade racial na educação. Existe um entusiasmo no debate, mas também uma preocupação de que a pauta perca energia no período de Eleições. Assim, precisamos assegurar que governos e sociedade civil avançem", diz Tran
Para ele, a escuta de quem mais precisa do suporte da filantropia é essencial para que as doações não sejam pontuais e sem tanto impacto. Assim, é preciso considerar um posicionamento político que aborde os problemas de modo estrutural e sistêmico.
Entre outras iniciativas, em 2022, há o apoio ao Territórios Transformadores, no qual a Ashoka Brasil cria equipes de trabalho entre empreendedores sociais, escolas e jovens com as secretarias de educação, faculdades, mídia e mais.
No projeto, as equipes trabalham para mudar a narrativa e os paradigmas sobre a educação ao mostrar que é possível um sistema que desenvolva crianças e jovens com empatia para que se reconheçam como transformadores das realidades individuais e coletivas.
"Estamos num importante momento de transformação no modo de trabalho e investimento. Ser mais participativo nos processos comunitários é essencial para as boas mudanças", diz Tran.