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IA como aliada da conservação: conheça os projetos brasileiros que vão receber R$ 18 milhões

Edital do Instituto Clima e Sociedade e Google.org selecionou as oito iniciativas mais inovadoras que usam tecnologia para combater queimadas, monitorar florestas e impulsionar bioeconomia

O foco dos projetos está na Amazônia, maior floresta tropical do mundo (Ricardo Lima/Getty Images)

O foco dos projetos está na Amazônia, maior floresta tropical do mundo (Ricardo Lima/Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 08h00.

Como usar a inteligência artificial para proteger a natureza? Essa foi a proposta do último edital do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Google.org, que acaba de divulgar os oito projetos selecionados para receber R$ 18 milhões em financiamento.

O anúncio foi feito às vésperas da COP30 e escolheu as iniciativas mais inovadoras que unem a tecnologia com conservação: da detecção precoce de degradação florestal à previsão de queimadas com 90% de precisão, passando por ferramentas que prometem revolucionar o crédito rural sustentável e o monitoramento de terras indígenas.

Ao todo, foram 400 propostas inscritas de todos os biomas brasileiros. Entre os vencedores, o foco especial está na Amazônia, mas também abrangem Cerrado, Pantanal e outras de alcance nacional.

A implementação deve começar em novembro, ainda durante a COP30, com conclusão prevista para outubro de 2027.

O ICs destacou o potencial dos projetos escolhidos e sua atuação junto a mais de 200 parceiros.

"A tecnologia pode melhorar a agenda de monitoramento e biodiversidade e possibilitar inclusão social, mapeando territórios indígenas, permitindo acelerar a regularização fundiária e viabilizando a assistência técnica em locais onde ela normalmente não chegaria", disse Thais Ferraz, diretora programática da organização.

Juliana Moura Bueno, de Relações Públicas do Google no Brasil, também reforçou a oportunidade da IA neste contexto ambiental e a importância dos pesquisadores, ONGs e comunidades locais para liderar as soluções nos territórios.

"O que mais nos entusiasma é ver o encontro da tecnologia de ponta com o talento brasileiro", acrescentou.

Inovação em destaque

Na lista das iniciativas mais inovadoras está o desenvolvimento do índice MOVI, pela organização Kanindé, de Rondônia. O sistema utilizará algoritmos de aprendizado profundo para detectar sinais de degradação florestal em menos de sete dias, antes mesmo que sejam visíveis a olho nu e se mostrando uma verdadeira revolução no combate ao desmatamento.

Já o Instituto Federal do Amazonas propõe o IA-FogoBio, sistema capaz de prever queimadas com até 14 dias de antecedência e mais de 90% de precisão. A plataforma não apenas alertará sobre riscos, mas também identificará causas e medirá impactos ambientais em tempo real, usando dados de satélite.

A bioeconomia, grande aposta da COP30, também é contemplada: o Instituto Internacional de Educação do Brasil vai modernizar o sistema IÊ, que reúne dados sobre a castanha-da-Amazônia, incorporando IA para prever tendências de preços e fortalecer cadeias produtivas sustentáveis.

Há também o projeto "Agente de IA pasto legal", da Universidade Federal de Goiás, que fornecerá aos produtores rurais mapas precisos de pastagens, previsões de forragem e indicadores de sustentabilidade, facilitando o acesso ao crédito verde.

Já a Embrapa Pantanal aposta em uma tecnologia promissora: o uso de eDNA (o DNA que organismos deixam na natureza) combinado com IA para mapear e monitorar biodiversidade em áreas rurais, auxiliando desde o licenciamento até a restauração ambiental.

Em relação ao financiamento sustentável, duas iniciativas se destacam: a Fundação Espírito-santense de Tecnologia expandirá a plataforma Terras do Brasil, já utilizada pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, permitindo acompanhar em tempo real a ocupação do solo e orientar a gestão territorial.

Paralelamente, o Centro de Inteligência para Governança de Terras criará uma ferramente que integra dados ambientais, fundiários e financeiros para avaliar a elegibilidade de propriedades ao crédito rural, tornando a concessão mais justa, rápida e sustentável.

Conheça os projetos vencedores

1. IA para Monitoramento da Biodiversidade (Kanindé - Rondônia): Desenvolvimento do índice MOVI, que usa algoritmos de aprendizado profundo para detectar degradação florestal em menos de sete dias, antes que seja visível a olho nu. Abrangência: Amazônia.

2. IA-FogoBio (Instituto Federal do Amazonas): Sistema online de IA capaz de prever queimadas com mais de 90% de precisão e até 14 dias de antecedência, identificando causas e medindo impactos ambientais em tempo real. Abrangência: Amazônia.

3. Terras do Brasil (FEST - Fundação Espírito-santense de Tecnologia): Ampliação da plataforma já usada pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, permitindo acompanhar em tempo real a ocupação do solo e apoiar regularização fundiária. Abrangência: nacional.

4. Plataforma Inteligente para Financiamento Rural Sustentável (Cite): Integra dados ambientais, fundiários e financeiros para avaliar elegibilidade ao crédito rural e monitorar operações, com foco inicial no Plano Safra. Abrangência: nacional.

5. Sistema Inteligente para Monitoramento Florestal de Terras Indígenas (FGV com Coiab): Plataforma digital que une satélites, IA e dados locais para identificar crimes ambientais e oportunidades de restauração em terras indígenas. Abrangência: Amazônia.

6. Biodiversidade nas Paisagens Rurais (Embrapa Pantanal): Uso de eDNA e IA para mapear e monitorar biodiversidade em áreas rurais, auxiliando governos e produtores em avaliações de impacto e restauração. Abrangência: Pantanal/MS.

7. IÊ - Bioeconomia da Castanha-da-Amazônia (IIEB): Modernização de sistema que reúne dados sobre castanha-da-Amazônia, com IA para prever tendências de preços e chatbot para disseminação de informações. Abrangência: Amazônia Legal.

8. Pasto Legal"Agente de IA" que disponibiliza mapas de pastagens, previsões de forragem, alertas climáticos e indicadores de sustentabilidade para produtores rurais. Abrangência: Amazônia e Cerrado.

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