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Fachada do Ministério da Fazenda, em Brasília (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 06h04.
Última atualização em 13 de janeiro de 2025 às 10h07.
O hype do ESG (environmental, social and governance) —sigla, em inglês, que traduzida significa meio ambiente, social e governança — não passou, diante da emergência climática colocada para que o Brasil e o mundo caminhem para um novo modelo de desenvolvimento. O debate, agora, é se esse movimento será rápido o suficiente para evitar mudanças climáticas catastróficas. As afirmações são do secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, coordenador da agenda de transição ecológica na pasta, em entrevista exclusiva à EXAME.
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Advogado da União desde 2005 e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) com tese sobre inovação em energia de baixo carbono, ele define o movimento de transição para uma economia global de baixo carbono como “tectônico”.
A ciência define esse fenômeno da natureza como responsável pela formação de vulcões e montanhas, terremotos e tsunamis.
“Pode haver uma cobertura [da imprensa] um pouco maior de um tema ou de outro. Aí tem uma guerra que ocupa espaço, isso sai um pouco da pauta, mas não retira a urgência climática que está colocada. E, mais relevante, não retira o movimento tectônico que está em curso na economia global para uma economia de baixo carbono”, diz.
Mesmo que a discussão sobre transição ecológica não esteja diariamente nas manchetes nas dos jornais e das revistas, Dubeux afirma que esse debate é irreversível.
“Mesmo que não esteja na manchete diária da revista ou do jornal, esse movimento está em curso e o debate que está colocado aí é se esse movimento vai ser rápido o suficiente para evitar mudanças climáticas catastróficas, mas o movimento é irreversível”, disse.
Mesmo que o debate sobre a transição climática seja irreversível, dúvidas e questionamentos sobre a velocidade da transição para uma economia de baixo carbono ganharam força ao longo de 2024.
A discussão, que nos primeiros anos do movimento ESG projetava investimentos anuais de trilhões de dólares, mudou de patamar na 29ª Conferência do Clima, em Baku, no Azerbaijão.
Após críticas à modesta meta de US$ 250 bilhões anuais para o financiamento climático, divulgada no rascunho do acordo final, países desenvolvidos ampliaram o valor para US$ 300 bilhões.
O acordo, como mostrou a EXAME, agradou a poucos e foi visto com ressalvas por diversos atores importantes no debate.
Uma das principais vozes globais que advoga pela mudança no modelo de desenvolvimento econômico, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres, criticou o desfecho das negociações, ao afirmar que esperava um resultado mais ambicioso, tanto para financiamento quanto em relação a mitigação dos problemas climáticos.