ESG

Hora de fazer as escolhas corretas

A agenda estratégica para que o Brasil recupere sua economia, promova inclusão social e gere prosperidade com a floresta em pé é o desenvolvimento sustentável

Temos inúmeras vantagens comparativas nesta seara, por ser o país com a maior biodiversidade do planeta e por contar com recursos naturais em abundância, que nos permite ser grandes players na geração de energia renovável e na agricultura. Mas é preciso ir além do que já estamos fazendo.  (Sylvamo/Divulgação)

Temos inúmeras vantagens comparativas nesta seara, por ser o país com a maior biodiversidade do planeta e por contar com recursos naturais em abundância, que nos permite ser grandes players na geração de energia renovável e na agricultura. Mas é preciso ir além do que já estamos fazendo.  (Sylvamo/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2022 às 08h01.

Última atualização em 15 de outubro de 2022 às 16h45.

Ao que indicam as projeções, 2023 será um ano desafiador para a economia global. É grande o risco de uma recessão, desencadeado pela desaceleração de grandes economias e por pressões inflacionárias decorrentes da guerra Rússia-Ucrânia - que eclodiu bem no momento em que o mundo dava os primeiros passos na recuperação pós-pandemia. Um relatório divulgado no início de outubro pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) reduziu a projeção de crescimento da economia global de 2,5% para 2,2% no ano que vem. Choques de oferta, insegurança energética e alimentar e medidas econômicas como o aumento da taxa de juros de bancos centrais contribuem para este cenário, que afeta todas as regiões do mundo, mas torna ainda mais vulneráveis os países em desenvolvimento: 60% deles já enfrentam ou estão chegando a um quadro de superendividamento, segundo a UNCTAD.

O Brasil não é exceção. O próximo presidente que será definido no segundo turno das eleições vai encarar um cenário agudo em várias frentes. Na economia, o país deve crescer abaixo da média mundial: as projeções do mercado apontam para uma expansão de 0,5%, enquanto o PIB global deve crescer 2,3% na estimativa do Banco Mundial. Ajustes fiscais serão necessários, além de políticas sociais que permitam ao país gerar empregos e sair do mapa da fome, promovendo o acesso a alimentos para os mais de 33 milhões de brasileiros que estão em situação de insegurança alimentar. No front ambiental, é urgente que o país combata o desmatamento de todos os biomas, especialmente a Amazônia, de modo que possamos ter no horizonte as metas que o Brasil assumiu no Acordo de Paris, que visa evitar que a temperatura global se eleve acima de 1,5ºC até o final do século.

A agenda estratégica para que o Brasil recupere sua economia, promova inclusão social e gere prosperidade com a floresta em pé é o desenvolvimento sustentável. Temos inúmeras vantagens comparativas nesta seara, por ser o país com a maior biodiversidade do planeta e por contar com recursos naturais em abundância, que nos permite ser grandes players na geração de energia renovável e na agricultura. Mas é preciso ir além do que já estamos fazendo.

As atividades calcadas em práticas sustentáveis e de baixo carbono podem gerar um crescimento significativo do PIB, com ganho total acumulado de R$ 2,8 trilhões até 2030 em relação à trajetória atual, como indica o estudo “Uma Nova Economia para o Brasil”, realizado pelo World Resources Institute (WRI) e parceiros.  Três eixos são fundamentais para o país: o investimento em infraestrutura de qualidade, a inovação industrial e a agricultura sustentável. Juntas, essas estratégias têm potencial para gerar mais de 2 milhões de empregos na economia brasileira em 2030 em relação à trajetória atual, e com benefícios já desde o primeiro ano. Só no campo do agronegócio, por exemplo, a escolha por práticas de baixo carbono acrescentaria R$19 bilhões em produtividade agrícola adicional até 2030. As medidas também podem resultar em uma redução nas emissões de gases de efeito estufa da ordem de 42%, o que se aproxima do compromisso atual do Brasil no âmbito do Acordo de Paris.

O setor empresarial brasileiro reconhece a importância deste caminho para o Brasil e vem participando ativamente da construção de propostas nesta direção. Desde 2014, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) assume o papel de assessorar os candidatos à Presidência para que a agenda sobre clima e sustentabilidade faça parte das propostas eleitorais. Este ano não foi diferente, e, já no mês de abril, propusemos, por meio da Carta Aberta aos Presidenciáveis, 12 linhas de ação para o cumprimento de nossos compromissos, com sugestões nas áreas de clima e florestas, saneamento, saúde, educação e redução das desigualdades sociais. Na área de clima e florestas, por exemplo, propomos a redução do desmatamento em 15% ao ano em 2023 e 2024 e em 40% ao ano no biênio 2025/2026, tendo como base os índices de 2022.

Neste momento em que as eleições caminham para o segundo turno, seguimos buscando reforçar o diálogo com as equipes responsáveis pelos planos de governo dos presidenciáveis. O CEBDS entende que, a despeito do cenário conjuntural e do abalo econômico global causado pela guerra Rússia-Ucrânia, o mundo continuará caminhando na direção da economia de baixo carbono e do combate à emergência climática. O Brasil tem todas as condições de protagonizar essa mudança desde que faça as escolhas corretas agora: os próximos anos até 2030 serão fundamentais para alicerçar e potencializar a transformação de que o mundo precisa.

* Marina Grossi é presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), entidade com 100 empresas associadas cujo faturamento somado equivale a quase 50% do PIB brasileiro

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