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Joven escreve na calçada em frente ao prédio da ONU, em Nova York, onde acontece a reunião anual da CSW (ONU Mulheres/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 15 de março de 2023 às 15h17.
Última atualização em 12 de junho de 2023 às 17h54.
De Nova York
Durante a 67ª Commission on the Status of Women (CSW), o Pacto Global, iniciativa das Organização Nações Unidas (ONU) para engajar o setor privado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, organizou uma roda de conversa com membros e convidados de diferentes países. Na primeira parte do evento, Cynthia Muffuh, head de direitos humanos e gênero do Pacto Global fez uma breve introdução sobre a necessidade de se alcançar a equidade de gênero, algo estimado para, em média, cem anos se nada diferente for feito.
"Ter os homens como aliados é parte importante do avanço. Esse é o começo da jornada que precisamos acelerar com a ciência de que os CEOs e outros líderes façam sua parte e acompanhem de perto as ações para a equidade de gênero", afirma Muffuh.Em seguida, Michael Kaufman, ativista e educador sobre equidade de gênero, em especial, a partir de como envolver homens e meninos nesta jornada, realizou um workshop no qual os participantes foram convidados a compartilhar suas visões, a partir das diferentes experiências nos países.
Para sensibilizar os participantes, Kaufman compartilhou dados de pesquisas que mostram, por exemplo, como 77% dos homens acham que há equidade de gênero, enquanto apenas 41% das mulheres concordam. Além disto, 89% dos homens acham que o assédio não acontece no local em que eles trabalham, enquanto 58% das mulheres concordam.
Nas rodas de conversa entre os participantes, foram abordados temas como a responsabilidade dos homens para que haja equidade de gênero; o modo como eles podem participar da conversa sem se sentirem ameaçados pela perda do espaço que ocupam na sociedade e nas companhias; a necessidade de políticas públicas inclusivas e mais.
Kaufman compartilhou algumas ideias de como os homens devem agir para contribuir com a mudança. A primeira ação individual é escutar a demanda das mulheres sem reagir negativamente ao que for dito. Em seguida, é preciso humildade.
O especialista apresentou ainda outros pontos como empatia e necessidade de se entender os vieses inconscientes. “Gênero também é sobre os homens e estamos falando sobre a diferença do tratamento entre as pessoas por conta do gênero, uma ideia construída socialmente do que é ser homem e o que ser mulher. Da mesma forma que aprendemos um novo idioma, precisamos estar aptos a aprender novas formas de viver que permita a equidade”, afirma.
Para ele, um dos desafios é desconstruir a visão de masculinidade que leva os homens a comportamentos nocivos. “O abuso de álcool e drogas, por exemplo, está ligado também a ideia de masculinidade, daquele que precisa esconder os sentimentos e demonstrar alguma forma de valentia”, afirma.
O homem aliado deve entender a necessidade de ter suas funções iguais também dentro de casa. “Se as mulheres forem integralmente responsáveis pelo cuidado do lar e dos filhos, elas têm pouco espaço para se dedicarem a elas mesmas, as suas profissões e crescimento pleno”.