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Grupos minorizados não têm segurança psicológica e sofrem transtornos devido ao trabalho

De acordo com o levantamento da Lupa, divulgado pela EXAME, 79% já tiveram ou têm sua motivação profissional reduzida por não se sentirem pertencentes ao ambiente de trabalho; 80% disseram que já foram vítima ou presenciaram situações de discriminação/preconceito e/ou assédio

 (Klaus Vedfelt/Getty Images)

(Klaus Vedfelt/Getty Images)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 6 de setembro de 2023 às 10h06.

Última atualização em 6 de setembro de 2023 às 15h11.

Os grupos socialmente minorizados, como mulheres, pessoas com deficiência, LGBTI+ e pessoas negras têm tido desafios de saúde mental nas empresas, mesmo quando há políticas de diversidade e inclusão, é o que mostra a pesquisa Saúde mental, diversidade e ambiente de trabalho, da startup Lupa.

De acordo com o levantamento divulgado em primeira mão pela EXAME, 79% já tiveram ou têm sua motivação profissional reduzida por se sentirem desconfortáveis ou não pertencentes ao ambiente de trabalho. Também 80% disseram que já foram vítima ou presenciaram situações de discriminação/preconceito e/ou assédio no ambiente de trabalho.

"As pessoas que não se sentem incluídas não performam bem e, consequentemente, são mal avaliadas. O que os executivos precisam entender é que a inclusão é necessária para o bem-estar do profissional e o aumento da performance", diz Adriana Alves, conselheira, executiva nas áreas de operações, gestão e diversidade e sócia da Lupa.

A pesquisa mostra ainda que mesmo quando há políticas de inclusão, a prática é diferente: apesar de 53% dos entrevistados apontarem que já trabalharam ou trabalham em empresas que possuem ações para a promoção da inclusão e diversidade no dia a dia, 62% disseram que as empresas não proporcionam um ambiente seguro e acolhedor para grupos minorizados.

O resultado demonstra que as iniciativas das empresas não são profundas o suficientes para gerar mudanças significativas nos ambientes. Além disto, 56% não confiam nos canais de compliance da empresa e outros 14% não sabem sequer como usar esse recurso.

"Temos recebido muitos relatos de pessoas que estão esgotadas, passando por situações de assédio, mas sem coragem de usar os canais oficiais das empresas. Nossa intenção é ser uma terceira via, que receba as informações de forma anônima e ajude a resolver uma dor dos funcionários e das empresas", diz Matheus Melgaço, gestor de projetos de comunicação, marketing e impacto social e sócio da Lupa.

Saúde mental e diversidade

Quando perguntados se a saúde mental melhorou ou piorou após o ingresso na empresa, 32% afirmam que piorou um pouco; 22% que piorou significativamente; 21% permaneceu estável; 14,3% melhorou significativamente e 9,9% melhorou um pouco. "Os dados mostram como as pessoas de grupo socialmente minorizados, de fato, estão com questões de saúde mental relacionadas ao trabalho. O dado é ainda mais chocante quando se separa por sintoma", diz Adriana.

Quando perguntados se já enfrentou ou está enfrentando algum transtorno, 71,5% relata ansiedade; 30% depressão; 24,7% burnout; 19,7% relata não ter sofrido; 8,7% síndrome do pânico; 7,2% ideação suícida; e 7,2% abuso de substâncias químicas e álcool. "Estamos falando da quantidade de pessoas que estão passando por adoecimento, discriminação e desafios de saúde mental muito por conta do trabalho e pela falta de inclusão real".

Metodologia

Ao perceber os desafios do mercado quando o assunto é diversidade e inclusão, Adriana e Matheus se junta a Igor Touguinhó, consultor de TI com foco no desenvolvimento full stack, para o lançamento da startup Lupa, que visa conectar os anseios dos funcionários com as políticas e estratégias das empresas.
Para isto, em fase de desenvolvimento do negócio, os sócios rodaram a pesquisa com cerca de 500 respondentes por meio de um formulário com questões optativas sobre demografia, emoções e conhecimento sobre as políticas da empresa.
Acompanhe tudo sobre:DiversidadeSaúdesaude-mental

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