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Governo é responsável pela felicidade, diz ex-primeiro-ministro do Butão

O país mais feliz do mundo trocou o cálculo do PIB pelo índice de Felicidade Interna Bruta. Mas, para Tshering Tobgay, é preciso ter resultados concretos

Tshering Tobgay, ex-primeiro-ministro do Butão: "Mesmo sendo um país pequeno e com poucos recursos, conseguimos conciliar desenvolvimento com a manutenção da nossa cultura e do nosso meio ambiente" (Michael Nagle/Bloomberg)

Tshering Tobgay, ex-primeiro-ministro do Butão: "Mesmo sendo um país pequeno e com poucos recursos, conseguimos conciliar desenvolvimento com a manutenção da nossa cultura e do nosso meio ambiente" (Michael Nagle/Bloomberg)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 23 de setembro de 2020 às 10h04.

Última atualização em 23 de setembro de 2020 às 10h32.

A primeira estrada do Butão, pequeno país encravado nas montanhas do Himalaia, foi construída em 1962. Até a década de 50, sua população, atualmente de 750 mil pessoas,  vivia no sistema feudal. Preocupado com a transição para uma economia de mercado, o rei Jigme Singye Wangchuck decidiu criar sua própria maneira de medir o desenvolvimento da nação. No lugar do Produto Interno Bruto (PIB), utilizou o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB). Hoje, o Butão, cujo PIB não passa de 2,5 bilhões de dólares, é considerado o país mais feliz do mundo. 

Em 2013, houve uma mudança. O líder da oposição, Tshering Tobgay, foi eleito primeiro-ministro com uma plataforma mais liberal. Tobgay prometia empregos, infraestrutura e medidas concretas de desenvolvimento. Nas eleições parlamentares, o seu partido, o Partido Popular Democrata, ganhou 32 das 47 cadeiras. Seu mandato, encerrado em 2018, ficou marcado pelo desenvolvimento das cidades, pelo crescimento do setor de construção e pelo combate à corrupção. Mesmo com a plataforma desenvolvimentista, ele não abandonou a busca pela felicidade. 

“É função do governo criar as condições para a felicidade”, afirmou Tobgay, durante a reunião do Conselho Consultivo Internacional da Fundação Dom Cabral (FDC), um dos eventos mais importantes e restritos da instituição -- a EXAME teve acesso exclusivo à reunião. 

Para o ex-primeiro-ministro, medir a felicidade é um trabalho complexo e desafiador. Medir os resultados do desenvolvimento é mais fácil. “É por causa desse desenvolvimento que as pessoas dão suporte ao FIB”, diz ele. “Educação e saúde são gratuitas e a economia cresce lentamente, mas de forma sustentável. Mesmo sendo um país pequeno e com poucos recursos, conseguimos conciliar desenvolvimento com a manutenção da nossa cultura e do nosso meio ambiente.”

No ano passado, o PIB do Butão cresceu 4,4%, um bom resultado em comparação a 2018, quando o crescimento foi de 3,8%. Para este ano, a expectativa é de um aumento de 2,4%, mesmo com a pandemia. O país foi muito pouco atingido pela covid, tendo registrado apenas 261 casos e nenhuma morte, até o momento. 

Amazônia patrimônio global 

A proteção ao meio ambiente é outro trunfo da política externa do Butão. Em 2016, o país declarou ser negativo em carbono. Para Tobgay, o Himalaia, assim como a Amazônia, são patrimônios da humanidade e devem ser preservados. “Não podemos pensar nesses patrimônios como ativos”, afirmou o primeiro-ministro. 

“Aqui no Butão, na aula de geografia, nós estudamos a Amazônia. Lembro que fiquei apaixonado pelo floresta quando a vi nos livros, pela primeira vez. Tenho certeza que, no Ocidente, as crianças estudam o Himalaia. As montanhas não pertencem ao Butão, nem a floresta ao Brasil. Somos custodiantes desse patrimônio global. Nossa obrigação é preservar. Mas, por ser responsável pela custódia desse tesouro mundial, o Brasil deve ser remunerado adequadamente pelo resto do mundo. Dessa forma, os brasileiros poderão garantir o desenvolvimento necessário para cuidar da felicidade do povo amazônico”, conclui Tobgay.  

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