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Tereza Cristina, ministra da Agricultura: os pesquisadores mapearam um total de 10 mil tecnologias relacionadas à economia de baixo carbono (Adriano Machado/Reuters)
Rodrigo Caetano
Publicado em 31 de agosto de 2020 às 06h00.
A nova economia será o tema de um debate, hoje, entre governo e sociedade civil. Organizado pelo World Resources Institute (WRI), entidade conservacionista americana, o evento terá a presença de Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda, Caio Koch-Weser, ex-secretário de Estado de Finanças da Alemanha, Walter Schalka, presidente da Suzano, além de representantes do WRI.
O debate se dará em torno de um amplo estudo sobre as oportunidades para o País na nova economia, conduzido pelo WRI em parceria com outras seis instituições. O trabalho mostra que o Brasil, com suas dificuldades históricas, tem uma chance única de dar um salto de desenvolvimento caso se enquadre nessa nova realidade mundial, priorizando os setores e as tecnologias de baixo carbono.
As possibilidades de ganhos para o País são expressivas: um acréscimo de 15% no PIB, na próxima década, o que significa um ganho extra de 2,8 trilhões de reais e um aumento líquido superior a 2 milhões de empregos na economia.
Os pesquisadores mapearam um total de 10 mil tecnologias relacionadas à economia de baixo carbono e analisaram as políticas econômicas, industriais e agrárias em curso ou a serem implementadas pelo governo. A partir de modelagens econômicas, traçaram dois cenários com níveis crescentes de intensificação das medidas de transição e os compararam com o business as usual, ou seja, uma retomada pós-pandemia puxada por tecnologias antigas, como o petróleo.
Há enorme potencial para aumentar investimentos e incentivos em energia renovável. Apesar da matriz elétrica limpa, a indústria brasileira ainda depende fortemente do uso de combustíveis fósseis. “Essa dependência, em alguns casos, é desnecessária e alternativas podem gerar impacto positivo sobre a economia e o desenvolvimento local”, conclui o estudo.
Entre essas opções estão o uso de gás natural para o transporte marítimo e o biojet, combustível de aviação produzido a partir do etanol — no melhor cenário, em dez anos, o biojet chegaria a um participação de mercado de 20%.
Um dos objetivos dos autores do estudo é convencer o governo brasileiro, em especial o ministro da Economia, Paulo Guedes, de que os esforços de retomada econômica pós-pandemia devem ser norteados pelas tecnologias de baixo carbono. É o que tem feito a Europa, por exemplo, cujo plano de recuperação reserva cerca de 400 bilhões de euros para a nova economia.