Goldman Sachs (GSGI34), um dos grandes bancos dos EUA (Divulgação/Divulgação)
Bloomberg
Publicado em 11 de maio de 2021 às 11h36.
O responsável por finanças sustentáveis do Goldman Sachs diz que as empresas agora fornecem mais dados sobre métricas climáticas e sociais do que seria necessário para investidores.
John Goldstein, que comanda o grupo de finanças sustentáveis do banco de Wall Street desde que foi criado em 2019, diz que o risco é que as gestoras de ativos percam o controle do que é importante e as empresas mergulhem em dados burocráticos ao tentarem demonstrar seu compromisso com as metas ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês.
“Meu mantra tende a ser: poderíamos ter dados melhores sobre menos coisas que importam mais”, disse Goldstein em entrevista.
“As empresas sentem que muitas coisas diferentes são solicitadas por muitas pessoas diferentes, e que essa lista está mudando”, disse. E “os investidores sentem, até certo ponto, que recebem muito ruído e não muitos sinais”.
Empresas se apressam para adaptar seus negócios à medida que políticos, reguladores e investidores reconhecem que o capitalismo precisa mudar para evitar um superaquecimento catastrófico do planeta. Mas o grande volume de novas regulamentações representa um desafio para companhias e investidores, enquanto tentam descobrir o que é esperado. Goldstein diz que, para obter acesso a financiamento, algumas empresas precisam fornecer mais dados do que realmente acrescenta transparência.
A agência de classificação de risco Fitch afirma que os requisitos de taxonomia da União Europeia ajudarão investidores e reguladores a determinarem o grau de sustentabilidade de um projeto ou ativo, mas “impõem requisitos de divulgação complexos às empresas”.
Goldstein diz que a preocupação é que algumas das demandas feitas às empresas possam ser contraproducentes. Ele destaca uma reunião com uma diretora financeira que recebeu a solicitação de “2 mil pontos de dados ESG diferentes no ano passado”.
Mas gestores de ativos não podem se dar ao luxo de ignorar os padrões ESG, estejam apresentando um produto de investimento como sustentável ou não, disse Goldstein.
“Cada vez mais, é necessário que haja uma história ESG”, independentemente do tipo de produto que está sendo vendido, afirmou. Ao mesmo tempo, excluir uma empresa das carteiras “não significa que ela deixará de existir milagrosamente”.
O governo e autoridades reguladoras internacionais reconheceram que é necessária uma maior coordenação, não apenas para garantir a comparabilidade entre as empresas e gestoras de ativos, e para evitar o greenwashing, ou a prática de maquiar metas ambientais. A União Europeia revelou no mês passado novos padrões para classificar investimentos sustentáveis e expandiu os requisitos de relatórios climáticos que autoridades esperam que sejam usados globalmente.
Enquanto isso, o mercado para investimentos sustentáveis está crescendo. A emissão global de títulos ESG deve ultrapassar US$ 650 bilhões este ano, depois que as ofertas triplicaram apenas no primeiro trimestre, segundo a Moody’s Investors Service.