ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Genética de ponta guia reflorestamento da maior faixa contínua de manguezais na Amazônia

Com apoio da Petrobras, projeto paraense integra ciência e saberes locais no combate às mudanças climáticas

John Gomes, gerente do Projeto Mangues da Amazônia: "Cada hectare recuperado mostra que é possível repor o que foi perdido e desperta a percepção de que a conservação é um dever coletivo" (Leandro Fonseca/Exame)

John Gomes, gerente do Projeto Mangues da Amazônia: "Cada hectare recuperado mostra que é possível repor o que foi perdido e desperta a percepção de que a conservação é um dever coletivo" (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 29 de maio de 2025 às 18h43.

Última atualização em 29 de maio de 2025 às 19h19.

Tudo sobreReflorestamento
Saiba mais

Um grupo de pesquisadores do Projeto Mangues da Amazônia usa genética de ponta para reflorestar a maior faixa contínua de manguezal do mundo. A iniciativa inovadora mapeia a variabilidade genética — a diversidade de versões de genes dentro de espécies nativas — para melhorar a recuperação de áreas degradadas desse ecossistema na região amazônica.

O objetivo é selecionar sementes com maior diversidade genética, o que aumenta a resistência das árvores a alterações ambientais e impactos climáticos, explica Marcus Fernandes, coordenador do Laboratório de Ecologia de Manguezal (Lama) da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A tecnologia, aplicada desde 2021 no Pará, destaca-se por integrar comunidades locais que dependem dos manguezais para seu sustento, além de unir ciência avançada e saberes tradicionais. As sementes, antes coletadas de forma aleatória, agora são escolhidas conforme as áreas que apresentam maior riqueza genética, o que potencializa o sucesso do reflorestamento.

Essa estratégia resulta em árvores mais produtivas e resilientes, beneficiando o estoque de carbono e a fauna local, como o caranguejo-uçá, exemplifica Fernandes.

Iniciativa de reflorestamento de manguezais

Coordenado pelo Instituto Peabiru, Instituto Sarambuí e Lama/UFPA, o projeto recebeu patrocínio da Petrobras e do governo federal. Até agora, já foram reflorestados 18 hectares de manguezais degradados nos municípios paraenses de Tracuateua, Bragança, Augusto Corrêa e Viseu, com a meta de alcançar 40 hectares recuperados e 100 hectares monitorados nos próximos anos, alinhados ao Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC).

Marina Silva abandona sessão no Senado após bate-boca sobre rodovia na Amazônia

Para John Gomes, gerente do projeto, o reflorestamento representa “um gesto de sensibilização e conexão com a natureza” que pode impulsionar a percepção coletiva sobre a conservação dos manguezais. Em um ano marcado pela COP30, sediada em Belém, o trabalho ganha ainda mais relevância, pois cientistas estimam que os manguezais amazônicos produzem entre duas a três vezes mais carbono que as florestas de terra firme, configurando-se como aliados cruciais no combate às mudanças climáticas.

Ciência e genética na natureza

Segundo o biólogo Adam Bessa, o projeto está na vanguarda do uso da genética para preservar esse ecossistema. O método consiste na coleta de folhas de espécies-chave — Rhizophora mangle (mangue-vermelho), Avicennia germinans (mangue-preto) e Laguncularia racemosa (mangue-branco) — em 12 quadrantes na península de Ajuruteua, em Bragança. O DNA extraído dessas amostras revela as áreas com maior diversidade genética, que passam a ser prioritárias para obtenção das sementes.

Parceria entre WEG e Natura cria agroindústria 100% solar na Amazônia com protagonismo feminino

Ao focar na qualidade genética das plantas, o projeto propõe um reflorestamento mais eficiente e sustentável, que reduz perdas e amplia os benefícios socioambientais, avalia Bessa. Além disso, o mapeamento orienta a criação de corredores ecológicos que conectam fragmentos de vegetação nativa, reforçando a estrutura biológica do ecossistema.

Atualmente, o trabalho avança com coletas em campo para consolidar dados ao longo de 2025, reforçando o compromisso com a conservação e o uso sustentável dos manguezais da Amazônia, em um modelo que alia ciência, gestão ambiental e inclusão social.

Acompanhe tudo sobre:ReflorestamentoAmazôniaDNAGenéticaFlorestasBiodiversidade

Mais de ESG

Com mais de 360 empresas na Agenda 2030, Pacto Global realiza Fórum e consolida virada no Brasil

Dia Mundial da Energia: Brasil se consolida potência global em biometano e renováveis

A biomassa pode liderar transição energética no Brasil?

Inverno Invisível: ONG quer impactar positivamente 4 mil pessoas em situação de rua