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Equipe da Fundação Grupo Volkswagen durante palestra (Fundação Grupo Volkswagen/Reprodução)
Repórter de ESG
Publicado em 1 de julho de 2024 às 07h00.
A Fundação Grupo Volkswagen (FGVW) anuncia a Mobilidade Social como sua causa prioritária. A decisão, a partir de diagnóstico socioterritorial ao longo do último ano, marca as ações junto a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Sob o propósito 'Juntos pela mobilidade social', essa nova fase redefine territórios prioritários de atuação, público-alvo e portfólio de programas e projetos, visando à ampliação do nosso impacto e legado", afirma Douglas Pereira, Presidente do Conselho de Curadores da Fundação Grupo Volkswagen e Vice-Presidente de Recursos Humanos da Volkswagen do Brasil e América do Sul.
De acordo com o executivo, nos últimos 10 anos, a Fundação já investiu mais de R$ 100 milhões em iniciativas socioeducacionais no Brasil e, para 2024, aplica mais de R$ 16 milhões em recursos próprios nas comunidades em que está presente.
A Fundação Grupo Volkswagen escolheu a Mobilidade Social como causa por conta do desafiador cenário brasileiro em relação à desigualdade social e a concentração de renda. O acesso desigual à educação de qualidade e as barreiras no mercado de trabalho são obstáculos importantes.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o 1% mais rico da população brasileira concentra quase um terço da renda nacional. Um estudo do Laboratório das Desigualdades Mundiais da Escola de Economia de Paris, publicado em 2021, revela que a metade mais pobre do Brasil possui menos de 1% da riqueza total, enquanto os 10% mais ricos detêm cerca de 80% do patrimônio privado.
Além disso, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) destaca que a mobilidade social no Brasil é uma das mais restritas do mundo, exigindo nove gerações para que os mais pobres alcancem a classe média.
“Após 45 anos de história, essa mudança representa um comprometimento ainda maior com a promoção da equidade no Brasil. A concentração de renda e a falta de oportunidades impedem que milhões de brasileiros alcancem todo o seu potencial. Acreditamos que a inclusão produtiva, por meio do empreendedorismo e da empregabilidade, aliada ao fortalecimento das capacidades locais e à assistência social, é o caminho mais efetivo para promover a justiça social e a igualdade de oportunidades no país”, diz Vitor Hugo Neia, Diretor-Superintendente e de Relações Institucionais da Fundação Grupo Volkswagen.
A instituição redefiniu o portfólio de programas e projetos em um processo que concentrou esforços em iniciativas que promovem a inclusão produtiva, com foco na geração de renda; o fortalecimento das capacidades locais para o desenvolvimento comunitário; e a assistência social para o acesso a direitos ― uma conjunção visando a redução das desigualdades sociais.
Projetos como "Costurando o Futuro", "Carretas do Conhecimento" e "CO.DE School", focados na inclusão produtiva, foram mantidos e estão sendo reformulados. Editais e ações de voluntariado também estão sendo atualizados para se adequarem às realidades locais. A
lém disso, novos programas estão sendo planejados, incluindo iniciativas para fortalecer Conselhos Municipais, como o Conselho da Criança e do Idoso, e outras ações voltadas à inclusão produtiva e ao fortalecimento de organizações sociais comunitárias. A estratégia para as comunidades definidas será desenvolvida até 2030, com a implantação dos projetos acontecendo em fases.
Para maximizar o impacto de suas ações, a Fundação definiu três territórios prioritários com base em critérios de vulnerabilidade social: São Bernardo do Campo (região do Montanhão), Jabaquara (Favela Alba) em São Paulo, e Resende (região das Barras).
Em São Bernardo, a área do pós-Balsa, que inclui propriedades rurais, comunidades de pescadores e indígenas, também receberá atenção especial. Nessas localidades, serão feitos investimentos significativos e implementados projetos de longo prazo focados em inclusão produtiva, promovendo empregabilidade, empreendedorismo, fortalecimento das capacidades locais e assistência social.
Paralelamente, a Fundação continuará suas atividades em outras regiões onde o Grupo Volkswagen possui fábricas ou unidades de negócio no Brasil ― Salvador (BA), São Carlos (SP), São José dos Pinhais (PR), Taubaté (SP) e Vinhedo (SP) ―, com iniciativas de mobilização e apoio social, incluindo campanhas de voluntariado, doações e financiamento a projetos comunitários.
Já em relação ao público-alvo, a instituição definiu como prioridade mulheres de todas as idades e jovens negros de 16 a 24 anos. A escolha baseia-se nas demandas e características dos territórios de atuação e em estudos que indicam um impacto mais significativo na mobilidade social quando se foca nesses grupos.
Em seguida, serão priorizados outros públicos minorizados, como a comunidade LGBTI+, homens negros de outras faixas etárias, comunidades indígenas e pessoas com deficiência. Por fim, será considerada a renda, com foco em famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza. “Assim, diversidade, equidade e inclusão se tornam critérios essenciais para a atuação da Fundação Grupo Volkswagen”, diz Vitor Neia.
De acordo com os executivos, a organização tem como principal objetivo gerar um impacto significativo na mobilidade social nos territórios onde atua, de forma sustentável e com a participação ativa das comunidades. Nesta nova fase, os esforços se concentrarão na promoção da inclusão produtiva, criando oportunidades para aumentar a renda por meio da empregabilidade formal ou do empreendedorismo.
Além disso, essa estratégia envolve outras duas linhas que se integram e complementam a inclusão produtiva: fortalecimento das capacidades locais, com foco no desenvolvimento comunitário e das organizações sociais de base comunitária, e assistência social para o acesso a direitos.
Na jornada, inicialmente, são mapeados os interesses, vocações e demandas dos beneficiários e suas comunidades. Em seguida, oferece qualificação profissional adequada, com apoio como bolsas de estudo e materiais necessários, garantindo acesso e permanência nos programas.
“A jornada é dividida em etapas bem definidas, desde a qualificação até a entrada e progresso no mercado de trabalho, com suporte adicional para minimizar barreiras no aprendizado. Após a qualificação, também apoiaremos a inserção no mercado de trabalho e acompanharemos os beneficiários para assegurar a permanência e ascensão na carreira, promovendo uma mobilidade social duradoura,” diz Vitor Hugo Neia.
Será ainda implementada uma estratégia para que o empreendedorismo se desenvolva nas regiões atendidas de forma justa e digna, desde a formalização até o crescimento dos negócios comunitários. Dessa forma, a Fundação oferecerá formações que incluem desde aspectos mais básicos, como documentação e precificação de produtos e serviços, até estratégias de marketing digital, impostos e planejamento financeiro, por exemplo. Outro fator importante nesse sentido é o suporte financeiro, que pode se dar por capital semente, iniciativas de microcrédito e outras estratégias de financiamento.
Como próximo passo para medir o impacto de suas iniciativas, a Fundação Grupo Volkswagen planeja implementar seu próprio Índice de Desenvolvimento Comunitário. Esse índice monitorará indicadores como geração de renda, empregabilidade e surgimento de novos negócios.
“A medição visa não apenas avaliar a efetividade dos projetos, mas também orientar decisões estratégicas sobre a continuidade ou conclusão das atividades da Fundação em determinados territórios no futuro. Essa análise permitirá ajustes e melhorias contínuas, garantindo que os objetivos de mobilidade social sejam alcançados de maneira sustentável, criando legados”, esclarece Vitor Hugo Neia.
A Fundação também adotará inovação social, integrando metodologias colaborativas e tecnologias avançadas na co-criação de soluções comunitárias. O objetivo é fortalecer a autonomia das comunidades, permitindo uma transição sustentável em que possam assumir e expandir esse legado com o apoio necessário.
“Medir o impacto a longo prazo é crucial para garantir que não se crie uma relação de dependência das comunidades em relação à Fundação. Em vez disso, a meta é preparar essas comunidades para continuar seu desenvolvimento de forma autônoma, promovendo um ciclo virtuoso de crescimento e independência, sempre com respeito, diálogo e planejamento”, finaliza.