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Para a BloombergNEF, em cinco anos será mais caro operar uma usina existente de carvão ou gás natural do que construir parques solares ou eólicos (Bússola/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 19 de outubro de 2020 às 14h20.
As energias eólica e solar são a forma mais barata de eletricidade nova na maior parte do mundo atualmente.
Essa é a análise da BloombergNEF, que prevê um ponto de inflexão em cinco anos, quando será mais caro operar uma usina existente de carvão ou gás natural do que construir parques solares ou eólicos.
As descobertas se somam às pesquisas que mostram por que as renováveis têm se expandido na maioria dos mercados de energia. Na semana passada, a Agência Internacional de Energia disse que a energia solar começa a substituir o carvão como a forma mais barata de eletricidade.
Mas há um limite econômico para a propagação dessas fontes de energia limpa, disse o economista-chefe da BNEF, Seb Henbest, na conferência anual do grupo de pesquisa na segunda-feira, em Londres. Haverá um ponto de saturação em cada país, porque a tecnologia não reduzirá mais os custos de geração em comparação com o funcionamento das centrais de geração térmica existentes.
Essas restrições sugerem que as energias renováveis não ganharão mais que 70% ou 80% do mercado de geração de eletricidade, dependendo das condições locais. Mesmo na Europa, que tem algumas das políticas mais rigorosas de incentivo às energias renováveis e desencoraja combustíveis fósseis, as energias eólica e solar provavelmente não ultrapassarão 80% da oferta.
Esse nível de penetração “está distante em quase todos os mercados que olhamos”, disse Henbest em apresentação que descreve as primeiras conclusões do New Energy Outlook, da BNEF, que deve ser publicado na íntegra no final deste mês. “Não vamos atingir esses limites tão cedo e, claro, podemos ultrapassá-los.”
A transição para energias renováveis deve remodelar uma série de setores, especialmente o de transporte marítimo. Um terço das milhas de carga transportadas por navios são provenientes de combustíveis fósseis ao redor do globo, e 70% dessa porção é petróleo, estima a BNEF.
À medida que as energias renováveis obtêm participação do mercado de petróleo, gás e carvão, as companhias de transporte marítimo que entregam esses combustíveis sofrerão um impacto.
“É bem possível que haja uma reformulação da demanda de transporte marítimo e ferroviária, o que pode significar menor consumo de energia e emissões mais baixas”, disse Henbest.