ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Fim do home office ameaça presença de mulheres nas empresas, aponta estudo do Insper

Pesquisa revela que redução do trabalho remoto impacta desproporcionalmente força de trabalho feminina e pode elevar turnover

73% das mulheres relatam que perderiam recursos relacionados à saúde mental em um modelo 100% presencial (damircudic/Getty Images)

73% das mulheres relatam que perderiam recursos relacionados à saúde mental em um modelo 100% presencial (damircudic/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 27 de setembro de 2025 às 08h00.

A redução ou suspensão do trabalho remoto nas empresas brasileiras representa uma ameaça desproporcional à permanência das mulheres no mercado de trabalho. É o que aponta nova pesquisa do Centro de Estudos em Negócios do Insper, realizada com apoio da Robert Half, que analisou o comportamento de 1.432 profissionais entre março e abril de 2025.

O estudo revela que, em cenários de suspensão parcial ou total do home office, as mulheres apresentam uma intenção de saída da organização significativamente maior do que os homens. O achado acende um alerta sobre as consequências não intencionais das políticas corporativas de retorno ao presencial para a equidade de gênero nas organizações.

COP30: acesse o canal do WhatsApp da EXAME sobre a Conferência do Clima do ONU e saiba das novidades!

"Em um contexto no qual funções domésticas e de cuidado seguem recaindo majoritariamente sobre as mulheres, a flexibilidade tem sido fundamental para que elas consigam equilibrar as múltiplas demandas da vida pessoal e do trabalho", explica Tatiana Iwai, professora e coordenadora do Centro de Estudos em Negócios do Insper.

Disparidade preocupante

Os dados da pesquisa expõem a dimensão do problema. Quando questionadas sobre cenários de redução do trabalho remoto, 81% das mulheres demonstraram intenção de deixar a empresa caso seja exigido retorno 100% presencial, contra 66% dos homens.

A diferença se mantém mesmo em situações de redução parcial: 77% das mulheres considerariam sair da organização se houvesse menos tempo de home office, comparado a 66% dos homens.

Presidente da Petrobras: ‘Um dia cheguei na obra e pararam tudo, porque diziam que mulher dava azar’

A disparidade é ainda mais acentuada quando se analisa a percepção de perdas com o retorno presencial. Enquanto 73% das mulheres relatam que perderiam recursos relacionados à saúde mental em um modelo 100% presencial, apenas 60% dos homens compartilham dessa percepção.

As diferenças se estendem a aspectos como redução do tempo para autocuidado (77% das mulheres versus 66% dos homens), aumento do estresse (81% das mulheres versus 72% dos homens) e menor equilíbrio entre vida pessoal e trabalho (83% das mulheres versus 76% dos homens).

Impactos diferenciados por gênero

Segundo Iwai, ao desestruturar os arranjos flexíveis de trabalho, as organizações dificultam as possibilidades de ascensão profissional feminina, "reforçando padrões de baixa representatividade nas posições mais altas do pipeline de liderança".

"O relatório também alerta para o risco de elevação nos níveis de turnover para as mulheres. Em um cenário de pleno emprego entre profissionais com qualificação, os dados contribuem com uma reflexão importante sobre as consequências não intencionais de decisões que desconsideram as dinâmicas mencionadas", analisa Mariana Horno, diretora de recrutamento executivo da Robert Half.

Acompanhe tudo sobre:DiversidadeMulheresMulheres executivas

Mais de ESG

Sob evento climático extremo, bolsa de Hong Kong segue operando — e hotéis lotam; entenda

NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS: tudo o que você precisa saber sobre a COP30 em Belém

Apenas 54 países entregam NDCs: China decepciona e poluidores deixam lacuna antes da COP30

Banco do Brasil capta US$ 100 milhões para financiar projetos sustentáveis