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FAO faz proposta que combina 'fome zero' e captura de gases de efeito estufa

Apresentado na COP28, plano definiu 10 áreas prioritárias, que incluem pecuária, solo e água, culturas, regimes alimentares e pescas

Alerta: há cerca de 738 milhões de pessoas cronicamente subnutridas no mundo (Ednubia Ghis/Fotos Públicas)

Alerta: há cerca de 738 milhões de pessoas cronicamente subnutridas no mundo (Ednubia Ghis/Fotos Públicas)

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 10 de dezembro de 2023 às 13h57.

No momento em que a COP28 entra nos seus últimos dias de trabalho no Dubai, a seção de agricultura da ONU lançou no domingo, 10, um plano que promete transformar os sistemas agroalimentares mundiais de emissores líquidos em sumidouros de carbono até 2050.

Em publicação, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou ter identificado 10 áreas prioritárias. Entre elas, pecuária, solo e água, culturas, regimes alimentares e pescas. Se a proposta for seguida, poderá contribuir para acabar com a fome no mundo, como prevê o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O objetivo, segundo a FAO, é transformar os sistemas agroalimentares, que incluem a forma como os alimentos são cultivados ou criados, transportados e como e onde são descartados, passando de emissores líquidos a sumidouros de carbono até 2050, capturando 1,5 gigatoneladas de emissões de gases de efeito de estufa (GEE) por ano.

O pacote de sugestões da FAO foi lançado no dia dedicado à alimentação, à agricultura e à água na Expo City do Dubai, onde os ministros e outros altos funcionários se reuniram para discutir as alternativas para a adoção da Declaração dos Emirados, agora assinada por mais de 150 Estados-Membros.

Com a proposta, a FAO espera contribuir para a eliminação da fome no mundo sem que, para isso, se ultrapasse o limite de 1,5oC para o aquecimento global, como foi estabelecido no Acordo de Paris, em 2015.

Segundo divulgação da ONU News, David Laborde, diretor da Divisão de Economia Agroalimentar da FAO, disse acreditar que o roteiro foi preparado para evitar o "doomismo" e oferece caminhos para agir hoje de forma a gerar benefícios desde já, não só no futuro.

O “doomismo climático" se baseia na ideia de que não há nada a ser feito para deter o aquecimento global e que, por essa razão, é provável que a humanidade chegue à extinção.

"Precisamos que os tomadores de decisão políticos atuem. Precisamos que a sociedade civil se mobilize e que o setor privado compreenda que fazer melhores escolhas hoje significa fazer investimentos mais sustentáveis e mais rentáveis para o futuro”, disse Laborde.

O representante da FAO admite que 120 pontos de ação parecem demais, mas ele destacou que o objetivo final é alcançar "uma transformação do sistema em que todos têm de desempenhar um papel".

Segurança alimentar

Maximo Torero, economista-chefe da FAO, declarou à ONU News que o objetivo do roteiro é transformar os sistemas agroalimentares por meio de ações climáticas aceleradas para "ajudar a alcançar a segurança alimentar e a nutrição para todos ".

O mundo tem hoje por volta de 738 milhões de pessoas cronicamente subnutridas. Por isso, Torero acredita que os alimentos devem fazer parte da discussão sobre o clima e atrair investimentos climáticos, que atualmente estão na casa dos 4%. Segundo a FAO, o financiamento climático destinado aos sistemas agroalimentares tem encolhido quando comparado aos fluxos globais de financiamento climático.

A FAO acredita que a proposta possa ajudar na implementação da Declaração dos Emirados sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática, lançada na abertura de alto nível da COP.

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