Europa: Com o preço do gás em alta, fica mais caro gerar eletricidade (Getty Images) (Lukas Schulze/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 13h15.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2022 às 13h16.
Por William Mathis e Elena Mazneva, da Bloomberg
A escassez de oferta que embala os preços do gás natural levou o custo das licenças de poluição para um novo recorde na Europa.
Os contratos futuros de carbono passaram de 96 euros por tonelada e se aproximam rapidamente da marca de 100 euros que muitos fundos de hedge e analistas previam. A alta de preços do gás força geradoras de eletricidade na Europa a queimar mais carvão sujo para garantir o abastecimento no inverno, aumentando a demanda por licenças de poluição.
A Europa enfrenta uma crise de energia em um momento de tensão na Ucrânia e limitação da oferta de gás da Rússia. A redução dos fluxos vindos do maior fornecedor da Europa coincide com a chegada de temperaturas mais geladas. No Reino Unido, a previsão é de tempo mais frio que o normal para esta época do ano. Até agora, o clima ameno permitiu que o continente evitasse os cenários mais pessimistas para a crise energética, como apagões e paralisação de fábricas.
“O carbono continua atraindo muito interesse especulativo de compra, com impulso e vontade política para que se valorize e ‘mate’ o carvão, promovendo a migração para energias renováveis”, disse Ole Hansen, estrategista-chefe de commodities do Saxo Bank.
O contrato de carbono para dezembro chegou a subir 1,5% para 96,19 euros por tonelada. O contrato futuro de gás negociado na Holanda, referência do mercado, avançou 2,6% para 82,30 euros por megawatt-hora.
Com o preço do gás em alta, fica mais caro gerar eletricidade. O volume de gás russo que chega pela rota que cruza a Ucrânia recuou ainda mais após uma breve recuperação no início da semana. O envio de gás para a Alemanha através do gasoduto Yamal-Europa continua paralisado e o gás está fluindo para o leste, da Alemanha para a Polônia, direção oposta ao que costuma ocorrer.
A gigante russa Gazprom PJSC informou que a redução nos fluxos é causada pela diminuição das encomendas de longo prazo de compradores europeus devido aos preços elevados. No entanto, a companhia não oferece gás adicional para compra à vista há meses.
Agora, os preços sofrem mais pressão com a previsão de frente fria no Reino Unido.
O preço do gás europeu mais do que triplicou no ano passado, aumentando o custo das licenças de poluição. O preço do carbono também subiu com a movimentação dos fundos de hedge, que apostam na alta dos preços. A disparada na cotação dos contratos de carbono motivou preocupações políticas sobre uma possível manipulação do mercado. Alguns parlamentares querem coibir o papel dos investidores especulativos no mercado de carbono da União Europeia.