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Falta de capacitação prejudica alunos com deficiência em SP, diz pesquisa

Para a consultoria Kearney, a presença de alunos com deficiência em sala de aula deveria ser valorizada e medidas simples podem solucionar a falta de estrutura

Menos de 20% das escolas pesquisadas possuem salas equipadas para lidar com alunos com deficiência, segundo a pesquisa (Getty/Getty Images)

Menos de 20% das escolas pesquisadas possuem salas equipadas para lidar com alunos com deficiência, segundo a pesquisa (Getty/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 10 de janeiro de 2021 às 13h29.

Última atualização em 11 de janeiro de 2021 às 13h51.

Os professores da rede estadual de ensino não estão preparados para lidar com alunos com deficiência. É o que mostra uma pesquisa realizada pela consultoria Kearney, em parceria com as organizações Amankay e Labor. A falta de capacitação e conteúdos específicos sobre o tema é apontada como a principal dificuldade dos docentes. 

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A situação é grave, uma vez que praticamente todas as escolas pesquisadas possuem ao menos um aluno com deficiência. O autismo é o principal distúrbio encontrado nas instituições de ensino. A solução, no entanto, não é complexa nem exige grandes investimentos, segundo a consultoria. “Não precisamos de mais dinheiro”, afirma Mark Essle, sócio da Kearney. “São necessárias medidas simples, como a disponibilização de conteúdos aos professores.”

Segundo Filipe Gaelzer, analista responsável pela pesquisa, a maioria dos professores deseja, em primeiro lugar, entender o problema. “Uma medida importante seria promover a troca de experiências”, diz Gaelzer. “Há uma grande demanda dos professores, por exemplo, por modelos de avaliação mais justos.” 

A pesquisa quantitativa ouviu 763 professores e 48 diretores de escolas públicas estaduais na cidade de São Paulo. Os números mostram que quase todas as escolas (94%) possuem ao menos um aluno com deficiência. Mas, há grande diversidade de deficiências, disturbios e transtornos e 72% das escolas pesquisadas atendem quatro ou mais condições. As mais comuns são deficiência intelectual, presente em 88% das escolas, e física, em 63%.

Outro problema é a falta de infraestrutura. Menos de 20% das instituições de ensino possuem salas equipadas com recursos de atendimento especializado -- isso afeta, principalmente, deficientes visuais e auditivos. E embora 95% dos diretores digam que a educação inclusiva é muito importante, apenas 1 em cada 4 considera que o tema está contemplado no projeto pedagógico de suas escolas. 

A pandemia agravou a dificuldade dos professores de lidar com alunos deficientes. Há grande dificuldade em transpor a didática inclusiva para o ambiente online, tanto pela falta de capacitação dos professores, quanto pela falta de equipamentos por parte dos alunos. “Muitos só acessam a internet por celular e com planos de dados limitados”, afirma Essle. “Entre os que contam com um computador, em grande parte dos casos há a necessidade de compartilhar com outras pessoas da família.” 

Para Essle, a presença de pessoas com deficiências nas salas de aula deveria ser valorizada, e não encarada como um problema. “Conviver com as diferenças é importante para o aprendizado de todos. Ter um aluno com deficiência em sala de aula é uma experiência transformadora, que vai garantir a formação de melhores profissionais no futuro”, afirma. 

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