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'Falhar é escolha': Johan Rockström lidera pavilhão científico na COP30

Cientista sueco que alertou o mundo sobre limites planetários liderará espaço na conferência de Belém ao lado do climatologista brasileiro Carlos Nobre, realizado com apoio da Vivo e demais organizações

Para Rockström, a mesma ciência que diagnostica a crise oferece o roteiro da solução. "Um futuro sustentável é mais saudável, é mais seguro, dá mais empregos" (Rafa Medelima / COP30/Flickr)

Para Rockström, a mesma ciência que diagnostica a crise oferece o roteiro da solução. "Um futuro sustentável é mais saudável, é mais seguro, dá mais empregos" (Rafa Medelima / COP30/Flickr)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 16h51.

Última atualização em 6 de novembro de 2025 às 17h57.

Pela primeira vez na história das Conferências Climáticas da ONU, a ciência planetária estará no centro das negociações. O Pavilhão da Ciência Planetária, que acontecerá na Zona Azul da COP30, será liderado por dois dos mais respeitados nomes da ciência climática mundial: Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, e Carlos Nobre, climatologista e co-presidente do Painel Científico para a Amazônia.

A iniciativa, que conta com o apoio da companhia de tecnologia Vivo, é uma novidade na trajetória das COPs. “Levaremos a ciência ainda mais perto das negociações”, afirmou Rockström em entrevista exclusiva à EXAME em agosto.

O cientista sueco, ganhador do prestigioso Tyler Prize em 2024 — considerado o Nobel do meio ambiente — é uma das principais autoridades mundiais em limites planetários, conceito que estuda desde os anos 2000 e que revelou uma realidade inquietante: seis dos nove limites que mantêm a Terra habitável já foram ultrapassados.

"Estamos além da mudança incremental que precisamos. Precisamos de rapidez e escala, o que chamamos de mudança transformativa", afirma Rockström. "Significa atuar definitivamente mais rápido que no passado, dobrando os resultados positivos em uma geração."

Ciência como ponte para decisões climáticas

O Pavilhão da Ciência Planetária sediará painéis de especialistas, mesas redondas e lançamentos de políticas, funcionando como uma ponte direta entre a produção científica e as negociações políticas sobre clima. “Nessa COP30, estaremos junto aos mais renomados cientistas climáticos, contribuindo para fortalecer as discussões que trarão propostas concretas para o desenvolvimento sustentável, com soluções que priorizam as pessoas e a natureza”, afirma Marina Daineze, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Vivo.

A empresa participa da programação do Pavilhão com um painel no dia 12 de novembro, focado no debate sobre a restauração florestal, somando-se ao apoio de organizações e institutos de todo o mundo.

Quando questionado sobre o momento atual da humanidade, Rockström não poupa palavras. "O orçamento global de carbono restante, ou seja, o dióxido de carbono que podemos emitir da queima de combustíveis fósseis tendo chances de permanecer dentro da fronteira climática segura, está reduzido a menos de 130 bilhões de toneladas", alerta. Considerando os índices atuais, este montante equivaleria a apenas três anos de emissões.

Apesar dos números alarmantes, o cientista mantém uma posição que equilibra realismo e esperança. "Com toda honestidade, não podemos excluir um futuro muito sombrio. No entanto, de uma perspectiva puramente científica, a janela ainda está aberta, o planeta ainda é tão perdoador e tão resiliente que ainda podemos evitar futuros incontroláveis", explica.

E complementa com uma frase que sintetiza sua visão: "Falhar não é inevitável, falhar é nossa escolha."

Rockström reconhece características únicas na liderança brasileira em questões ambientais. "O Brasil é um país que realmente entende e articula que sustentabilidade ou meio ambiente é sobre desenvolvimento, não somente sobre conservação ou proteção. É fundamentalmente parte da economia", pondera.

Durante a entrevista, contudo, o pesquisador não escondeu tensões. "Fico muito preocupado quando ouço o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerindo potencialmente dar novos direitos para explorar petróleo na bacia amazônica", admite.

Presença científica na COP30

Além do apoio ao Pavilhão da Ciência Planetária, a Vivo foi uma das 12 empresas selecionadas pelo Ministério do Meio Ambiente, entre as 1.270 propostas, para estar presente no Pavilhão Brasil. No dia 13 de novembro, às 15h, a companhia liderará um painel sobre como o setor de telecomunicações e as redes de comunicação atuam na gestão de emergências climáticas, ao lado de Carlos Nobre e representantes do Cemaden, Companhia Estadual do Estado de São Paulo (Cetesb) e da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul.

A empresa também participará de debates sobre descarbonização no espaço da Confederação Nacional da Indústria (13/11, às 16h) e sobre resiliência digital no Pavilhão da Finlândia (11/11, às 13h), demonstrando a relevância de seu negócio no contexto das mudanças climáticas.

A participação da Vivo na COP30 reforça uma trajetória construída ao longo dos anos. Desde o Acordo de Paris, em 2015, a empresa já reduziu em 90% suas emissões próprias de gases de efeito estufa, utilizando energia elétrica 100% renovável. O objetivo é alcançar net zero até 2035, cinco anos antes do previsto, com 87% dos fornecedores mais intensivos em carbono já engajados em ações pelo clima.

Neste ano, a companhia firmou compromisso inédito e de longo prazo com a natureza: a Floresta Futuro Vivo, que contempla a regeneração e proteção de cerca de 800 hectares na Amazônia até 2055, com o plantio e conservação de cerca de 900 mil árvores de 30 espécies nativas. A iniciativa, em parceria com a re.green, prevê a reconexão de fragmentos florestais e benefícios para espécies ameaçadas.

Entre dados e esperança

Para Rockström, a mesma ciência que diagnostica a crise oferece o roteiro da solução. "Um futuro sustentável é mais saudável, é mais seguro, dá mais empregos, te torna mais independente, é mais democrático e cria um futuro mais seguro", reflete.

A cooperação global, para ele, não é opcional. "A única chance para nós retornarmos a um espaço operacional seguro em um planeta seguro e estável é que todos os países colaborem”, disse.

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