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Europa aquece duas vezes mais rápido que o mundo e paga o preço, diz pesquisa

Perdas climáticas saltam para 44,5 bilhões de euros em três anos, ameaçando empresas e sistema financeiro do continente, segundo Agência Europeia de Meio Ambiente

Europa: continente prioriza inovação, descarbonização e segurança em sua estratégia de descarbonização e sustentabilidade ambiental (Alexander Spatari/Getty Images)

Europa: continente prioriza inovação, descarbonização e segurança em sua estratégia de descarbonização e sustentabilidade ambiental (Alexander Spatari/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 30 de setembro de 2025 às 06h13.

Entre 2020 e 2023, as mudanças climáticas geraram maior prejuízo para a Europa do que de 2010 a 2020. A informação é de uma pesquisa da Agência Europeia de Meio Ambiente (AEMA), que afirma que as perdas entre 2020 e 2023 chegaram à quantia de 44,5 bilhões de euros, 2,5 vezes acima do prejuízo da última década.

O relatório revela que a Europa enfrenta um cenário de múltiplas crises convergentes — econômicas, sociais, geopolíticas e ambientais — que ameaçam o modo de vida no continente. Entre 1980 e 2023, eventos climáticos extremos causaram mais de 240 mil mortes na União Europeia, com perdas econômicas totais estimadas em 738 bilhões de euros.

A Europa aquece duas vezes mais rápido que a média global, tornando-se o continente que enfrenta o aquecimento mais acelerado do planeta. Apesar de todos os Estados-Membros possuírem políticas de adaptação climática, a implementação de medidas concretas está muito aquém dos níveis de risco crescentes.

O estado da biodiversidade europeia é crítico. Mais de 80% dos habitats protegidos estão em condição "pobre" ou "ruim", enquanto entre 60% e 70% dos solos encontram-se degradados. Apenas 37% das águas superficiais apresentavam estado ecológico "bom" ou "elevado" em 2021.

A deterioração dos ecossistemas — terrestres, de água doce e marinhos — continua em todos os níveis, impulsionada principalmente pelo sistema alimentar insustentável. As perspectivas indicam que os objetivos políticos estabelecidos para 2030 dificilmente serão cumpridos.

Avanços na mitigação, atrasos na adaptação

Apesar do cenário alarmante, a União Europeia destaca-se como líder mundial em mitigação climática. O bloco reduziu suas emissões líquidas de gases de efeito estufa em 37% desde 1990, impulsionado pela diminuição do uso de combustíveis fósseis e pela duplicação da participação de energias renováveis desde 2005. A UE está no caminho para atingir a meta de 2030 de reduzir as emissões em pelo menos 55%, afirma a pesquisa.

No setor industrial, as emissões de gases de efeito estufa caíram mais de 35% entre 2005 e 2023. Os edifícios da UE também registraram redução semelhante no mesmo período. Contudo, os combustíveis fósseis ainda representavam quase 70% do consumo de energia no bloco em 2023.

Os setores de mobilidade e alimentação permanecem como os maiores desafios. O sistema de transporte continua altamente dependente de combustíveis fósseis, enquanto o sistema alimentar figura como um dos principais responsáveis pela degradação dos ecossistemas.

Poluição e saúde pública

As políticas da UE para melhorar a qualidade do ar salvaram vidas, com uma redução de 45% nas mortes prematuras atribuíveis a partículas finas (PM2,5) entre 2005 e 2022. Ainda assim, a poluição causa pelo menos 10% das mortes prematuras na Europa.

O ruído ambiental é responsável por 66 mil mortes prematuras anualmente. Estudos citados pela AEMA mostram que grande parte da população europeia apresenta níveis inseguros de produtos químicos tóxicos no corpo. As perspectivas indicam que os objetivos para redução do ruído ambiental e da poluição da água provavelmente não serão alcançados até 2030.

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A taxa de circularidade da Europa aumentou lentamente, de 10,7% em 2010 para 11,8% em 2023, evidência de que os sistemas lineares de produção e consumo ainda predominam. Embora a reciclagem de resíduos tenha aumentado e a eficiência dos recursos melhorado nos últimos 10 a 15 anos, é improvável que a UE cumpra seu objetivo de duplicar a utilização circular de materiais até 2030.

O consumo de materiais na UE permanece insustentável e muito superior ao da maioria das outras regiões do mundo.

Em resposta ao cenário volátil, a União Europeia definiu sua estratégia até 2029 concentrando esforços em três áreas: inovação, descarbonização e segurança. O relatório enfatiza que a sustentabilidade ambiental está intrinsecamente ligada a cada uma dessas prioridades.

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