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No anúncio, Biden celebrou as novas iniciativas destinadas a manter o país no caminho para emissões líquidas zero até 2050 (Mandel NGAN/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 17h29.
Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 17h30.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou nesta quinta-feira (19) sua nova meta climática ou Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), com um objetivo atualizado de redução das emissões de gases de efeito estufa, semanas antes de uma possível vitória de Donald Trump nas eleições ameaçar revogar essas medidas.
De acordo com o plano de ação apresentado às Nações Unidas, o país agora pretende reduzir suas emissões entre 61% e 66% até 2035, em relação aos níveis de 2005. Essa meta reflete o compromisso do segundo maior emissor de poluentes do mundo em limitar o aquecimento global a longo prazo em 1,5 graus Celsius.
Até então, os Estados Unidos haviam se comprometido a cortar suas emissões pela metade até 2030, comparado aos níveis de 2005.
O documento descreve que o novo objetivo será alcançado por meio de tecnologias avançadas, redução do desperdício de energia, transição para energias limpas, ampliação dos veículos elétricos, melhorias na eficiência energética dos edifícios e desenvolvimento do hidrogênio limpo, entre outras medidas.
"Tenho orgulho de que minha administração esteja implementando a agenda climática mais ousada da história dos Estados Unidos", declarou Biden em vídeo, celebrando as novas iniciativas destinadas a manter o país no caminho para emissões líquidas zero até 2050.
"Vamos transformar essa ameaça existencial em uma oportunidade única para transformar nossa nação para as futuras gerações", acrescentou.
No entanto, o legado climático de Biden está em risco. Donald Trump, um cético das mudanças climáticas e defensor dos combustíveis fósseis, prometeu durante sua campanha "explorar ao máximo", contrariando a política de transição energética de Biden.
Espera-se também retrocessos nos compromissos internacionais, incluindo o Acordo de Paris.
"Em seu primeiro mandato, o presidente Trump promoveu a conservação e a gestão ambiental, ao mesmo tempo em que impulsionou o crescimento econômico para as famílias", afirmou Karoline Leavitt, porta-voz da transição, em comunicado à AFP.
Ela acrescentou que as políticas de Trump "proporcionaram energia acessível e confiável aos consumidores, além de empregos estáveis e bem remunerados, enquanto as emissões de carbono dos Estados Unidos atingiram o nível mais baixo em 25 anos".
Em uma conversa por telefone com jornalistas, o enviado climático de Biden, John Podesta, reconheceu que, embora Trump "possa colocar a ação climática em segundo plano", o setor privado e os governos estaduais e locais podem continuar impulsionando o progresso. "Isso não é uma ilusão; já aconteceu antes", destacou.
Grupos ambientalistas receberam com entusiasmo o novo objetivo, que inclui o compromisso de reduzir as emissões do superpoluente metano em 35% até 2035.
"Isso oferece um ponto de encontro importante e uma referência para estados, cidades e empresas que entendem que enfrentar as mudanças climáticas é bom para a economia", afirmou Rachel Cleetus, da Union of Concerned Scientists.
Para Debbie Weyl, do Instituto de Recursos Mundiais, o plano serve como um guia. No entanto, ela considera "possível que a administração Trump não mova um dedo para cumprir esse plano".
Pode-se argumentar que a administração Biden implementou os programas climáticos mais ambiciosos da história dos Estados Unidos, começando pela reintegração ao Acordo de Paris, a aprovação da Lei de Redução da Inflação, com investimentos recordes em energias limpas, e o compromisso de proteger 30% das terras e das águas até 2030.
Críticos, entretanto, apontam que os Estados Unidos continuam sendo o maior produtor mundial de combustíveis fósseis.
Apesar dos avanços, o país ainda não está cumprindo sua meta atual de reduzir as emissões entre 50% e 52% até 2030, em comparação com os níveis de 2005.
De acordo com um relatório recente do grupo independente Rhodium, os EUA estão a caminho de alcançar uma redução de 32-43% até 2030. Um alto funcionário do governo estima, contudo, que o número atual esteja mais próximo de "45-46%".
A União Europeia, o quarto maior emissor, debate uma redução de 90% até 2040 em relação às emissões de 1990, mas ainda não apresentou um plano. China, Índia e Rússia, os maiores emissores, também não anunciaram suas propostas.
As tendências de mercado e a queda nos custos das energias renováveis podem limitar os retrocessos sob uma possível administração Trump.
E, mesmo que Trump retire os Estados Unidos do Acordo de Paris em seu primeiro dia de mandato, o processo levaria um ano para ser concluído.