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Os pesquisadores enfatizam que o futuro da IA não precisa ser um jogo de soma zero entre inovação e sustentabilidade (Erik Isakson/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 17h17.
O debate sobre o consumo de energia da Inteligência Artificial (IA) ganha cada vez mais relevância à medida que a tecnologia se expande. Projeções recentes indicam que a IA pode representar 0,5% do consumo global de eletricidade até 2027, um número aparentemente modesto que esconde uma tendência preocupante.
Outro estudo, da Arm Holdings, conta que até 2030 os data centers do mundo poderão consumir mais eletricidade do que toda a Índia. Nos Estados Unidos, sem melhorias significativas na eficiência, os centros de dados de IA podem chegar a consumir 25% das necessidades energéticas do país até o final da década, um salto expressivo em relação aos atuais 4%.
É neste contexto que o Instituto de Pesquisa em Sustentabilidade da Schneider Electric apresenta um estudo sobre as relações entre IA e transições energéticas. A pesquisa projeta quatro cenários possíveis para o consumo de eletricidade da IA até 2035, oferecendo insights para formuladores de políticas e líderes empresariais.
O cenário mais alarmante, denominado "abundância sem limites", projeta um aumento explosivo no consumo de energia: de 100 TWh em 2025 para 1370 TWh em 2035. Esta projeção considera um crescimento acelerado no treinamento de modelos de IA generativa, com aumentos de 5 a 6 vezes ao ano, e conjuntos de dados que crescem 3,5 vezes anualmente, ultrapassando 50 trilhões de tokens.
Em contrapartida, o estudo apresenta um cenário mais otimista chamado "IA Sustentável", que demonstra ser possível alcançar um equilíbrio entre avanço tecnológico e sustentabilidade. Até 2035, serão 785 TWh. Este cenário enfatiza o uso de algoritmos energeticamente eficientes e designs inovadores de data centers, estabelecendo uma relação simbiótica entre IA e fontes renováveis de energia.
"Os números atuais já são significativos", aponta o estudo, revelando que em 2023 os modelos de linguagem consumiram 7,18 TWh, enquanto modelos multimodais utilizaram 0,63 TWh. A pesquisa projeta um crescimento expressivo no número de prompts processados, saltando de 78 bilhões em 2023 para 153 bilhões em 2025, com uma taxa de crescimento anual composta de 40%.
O estudo também alerta para dois cenários intermediários: "Limites ao Crescimento", que demonstra que apenas restringir o consumo energético pode ser insuficiente para garantir sustentabilidade, atingindo 570 TWh em dez anos. Já a "Crise Energética" ilustra os riscos de um desenvolvimento tecnológico que ultrapassa a capacidade da infraestrutura elétrica, marcando 670 TWh em 2030, antes da queda drástica em 2035 para 190 TWh.
Para evitar os cenários mais pessimistas, a Schneider Electric propõe uma série de soluções, incluindo a otimização de data centers com sistemas de refrigeração mais eficientes, o desenvolvimento de algoritmos que consumam menos energia e a priorização de fontes renováveis. A pesquisa destaca avanços promissores em hardware, como o sistema NVIDIA GB200 NVL72, e em formatos de processamento mais eficientes.
Os pesquisadores enfatizam que o futuro da IA não precisa ser um jogo de soma zero entre inovação e sustentabilidade. "É possível desenvolver IA de forma responsável e sustentável", sugere o estudo, que recomenda uma abordagem equilibrada baseada em inovação consciente dos recursos, responsabilidade socioecológica e governança robusta.
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