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Esther Duflo: mitigação das mudanças climáticas avançará com a redução das desigualdades

Em palestra no Sesc 14 Bis, em São Paulo, a Nobel de Economia Esther Duflo apontou como as pessoas mais pobres são as que mais sofrem com as mudanças climáticas, e quais os caminhos para as mudanças necessárias

Esther Duflo, Nobel de Economia, no Sesc 14 Bis, em São Paulo (Adauto Perin/Sesc 14 Bis/Reprodução)

Esther Duflo, Nobel de Economia, no Sesc 14 Bis, em São Paulo (Adauto Perin/Sesc 14 Bis/Reprodução)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 26 de junho de 2024 às 16h51.

Última atualização em 26 de junho de 2024 às 17h16.

Taxação de impostos de bilionários, pagamentos de tributos por parte das empresas a partir das emissões de gases causadores do efeito estufa e transferência de renda dos países mais ricos para os mais pobres. Estas são as ideias defendidas por Esther Duflo, Nobel de Economia de 2019, que palestrou na manhã desta quarta-feira, 26, no Sesc 14 Bis, em São Paulo.

Na apresentação "Adaptação climática, justiça climática", a economista apresentou uma série de ideias e dados que justificam a necessidade de mudanças nos planos de mitigação e danos dos riscos causados às populações mais vulneráveis devido às mudanças do clima.

“Há uma dívida moral, dos países de Primeiro Mundo, que obriga as pessoas de países em desenvolvimento a sofrerem os efeitos do aquecimento global. No Brasil, por exemplo, este é um problema de agora, como vocês viram com as inundações no Rio Grande do Sul, ou a morte de uma jovem durante o show da cantora Taylor Swift no dia em que o Rio de Janeiro registrava sensação térmica de 60 graus”, disse.

Para ela, é importante contextualizar que há as emissões dos territórios nos quais há grandes indústrias, como China, mas também nos grandes consumidores, como Europa. “Isto significa que a pegada de carbono de uma pessoa muda em razão da sua renda, visto que os maiores emissores são aqueles com maior renda e consumo”.

Para ter ideia, uma pessoa nos Estados Unidos, que está na faixa superior de renda, é responsável por 122 vezes mais emissões do que uma pessoa que está na faixa de renda mais baixa, na África. Na prática, os 10% mais ricos do planeta são os maiores emissores e responsáveis por 50% das emissões globais. “Ou seja, não é preciso escolher entre trabalhar a redução das desigualdades ou a mitigação das mudanças climáticas. As pautas precisam andar juntas.”

A questão racial também está relacionada com a pauta das mudanças climáticas, uma vez que a maior parte das pessoas com menor renda no país é preta e parda. Em Guaratiba — bairro do Rio de Janeiro onde 40% das pessoas são brancas — registrava sensação térmica de 58,5 graus Celsius, no bairro Jardim Botânico — onde 80% são brancos — a sensação era de 45 graus Celsius. “Até 2100 teremos o aumento da temperatura e da quantidade de dias quentes, mas as mudanças não serão sentidas da mesma forma por toda a população”, diz Duflo.

Como mudar o cenário de desigualdade em relação às mudanças climáticas

Para a economista, é preciso que especialistas e governantes olhem para as mudanças climáticas como uma crise tão urgente como foi a da covid-19. “É preciso considerar, por exemplo, a estimativa de valor da vida humana. Neste sentido, hoje podemos dizer que a emissão de 1 tonelada de CO2 equivale ao custo social de US$ 37 na vida humana, considerando doenças e mortes prematuras”. Os Estados Unidos e a Europa emitem 14 bilhões de toneladas de CO2 ao ano, isto é o equivalente a US$ 518 bilhões em vidas humanas.

Apesar da iniciativa da 21ª Conferência das Partes (COP21) para a criação de mecanismos de perdas e danos, como aponta Duflo, seriam precisos US$ 500 bilhões destinados dos países ricos para os mais pobres todos os anos, mas isto não acontece. “E, quando acontece, é sob condições, como foi no Equador, que recebeu uma verba da França, mas para uma construção que usou, por exemplo, equipamentos franceses”.

Assim, a economista aponta que é preciso avançar em questões politicamente difíceis, como a definição de taxas pagas pela emissão de gases causadores do efeito estufa ou ainda por riqueza. “Impostos sobre empresas poderiam gerar US$ 300 bilhões ao ano. Já os impostos para os 3 mil maiores bilionários do mundo poderiam gerar US$ 250 bilhões destinados à causas socioambientais."

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