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Presidente da Suzano, Walter Schalka. (Patricia Monteiro/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 7 de maio de 2025 às 18h05.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 18h13.
"Não sou pessimista, nem otimista. Sou reformista", declarou Walter Schalka, com uma postura de ação pragmática em relação ao combate da crise climática. O empresário, membro do conselho da Suzano, participou do primeiro encontro do Think Tank do Bem, idealizado pelo fundador da Cyrela e filantropo Elie Horn, e que também contou com a presença de Fábio Barbosa, Chairman da Natura.
Lançado em outubro de 2024, sua proposta é ser um movimento que visa estimular a cultura de doação e de fazer o bem e embora não envolva aportes financeiros, é um espaço de conexão rumo à construção de soluções concretas para os maiores desafios do nosso tempo.
“Sempre digo que fazer o bem é uma obrigação e uma responsabilidade de todos nós. O Think Tank do Bem chega para ser um espaço onde essas ideias se tornam reais. Sabemos que o Brasil enfrenta grandes mazelas, mas também grandes oportunidades. A união de jovens talentos com a experiência de líderes pode gerar mudanças reais”, destacou o Sr. Elie Horn.
Com um grupo de 26 líderes, o tema de estreia foi "quente", literalmente: os desafios da Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) no Brasil e o papel do setor privado na transição para uma economia verde.
Walter Schalka não hesitou em avaliar a gravidade do cenário desafiador global. "Estamos caminhando para o precipício", afirmou.
Schalka manifestou ceticismo quanto aos avanços nas negociações climáticas recentes. "Não vejo evolução nessa COP do Brasil", destacou e clamou por um maior protagonismo empresarial. "O setor privado deveria trazer as soluções e apoios governamentais, com tecnologia, inovação e comprometimento com a questão ambiental", defendeu.
Um dos pontos críticos é a falta de financiamento climático concedido pelas grandes potências mundiais. Ao se referir ao acordo de Baku, que prevê investimentos de 300 bilhões de dólares anuais para países mais vulneráveis, o executivo foi categórico: "Se não vier da Europa, Japão, EUA, vem de onde? Vai vir zero."
Na visão de Schalka, avançar na implementação do mercado de carbono é fundamental e uma integração com a regulação europeia como uma medida de curto prazo poderia trazer resultados expressivos.
"Se não precificarmos o CO2, a economia não gira", explicou, lembrando que 48% das emissões brasileiras vêm do desmatamento e queimadas florestais, majoritariamente ilegais.
Para ele, a solução passa pela remuneração adequada de mais de um milhão de pessoas que atualmente dependem desta ilegalidade e que podem se beneficiar financeiramente caso atuem na proteção da floresta.
"O jogo ambiental não é de competição. São 8 bilhões de pessoas que vão todas ganhar ou perder", ressaltou Schalka.
Rumo à COP30, Fábio Barbosa complementou que é preciso apostar na implementação e destacou o potencial brasileiro. No entanto, foi enfático ao lembrar que os "embora os EUA não tenham poder de voto, podem vetar acordos importantes", se referindo a saída americana do Acordo de Paris e da mesa de negociações da Convenção do Clima da ONU.
Além disso, o executivo trouxe uma perspectiva sobre o comportamento humano frente às mudanças climáticas.
"Infelizmente, as pessoas não fazem sacrifícios pelo outro, tem que doer mais", observou, sugerindo que transformações significativas só ocorrerão quando os impactos forem ainda mais evidentes e "baterem na porta", como no caso da cruel tragédia histórica no Rio Grande do Sul.
Neste sentido, Schalka acrescentou: "Daqui a pouco, o boom ambiental vai voltar para a pauta, quando doer novamente. Mas não podemos trabalhar com modismo", frisou.
Enquanto o Brasil se prepara para sediar o maior evento climático do mundo, uma controvérsia surge no debate internacional e coloca em xeque a credibilidade da agenda: a exploração da Foz do Amazonas.
Recentemente, André Corrêa do Lago, presidente-designado da conferência disse que se trata de uma "decisão nacional". Neste sentido, Schalka foi questionado disse que a demanda por óleo não vai alterar a oferta -- e o que precisamos fazer é reduzir a demanda.
"O Brasil não pode abrir mão do petróleo da margem equatorial sob a exigência de proteger o mundo", destacou.
Visando potencializar a filantropia no país, o Think Tank do Bem também anunciou oficialmente seu apoio ao Instituto Arredondar, organização pioneira em microdoações que já mobilizou mais de R$ 15 milhões para causas sociais desde sua fundação em 2011.
Criado por Ari Weinfeld, o instituto se destacou no cenário nacional ao implementar um sistema inovador de microdoações nos canais de pagamento de grandes varejistas, e-commerce e faturas de cartão de crédito. Com 75 milhões de pequenas contribuições contabilizadas, já beneficiou 80 organizações sociais em todo o Brasil.
"A parceria representa um marco na trajetória do Arredondar. Estamos prontos para iniciar uma nova fase de expansão que transformará ainda mais vidas", comenta uma fonte ligada ao projeto.
O plano de crescimento inclui três pilares fundamentais: integração com políticas públicas, desenvolvimento tecnológico e ampliação da rede de parceiros privados. O objetivo é tornar a microdoação um hábito cada vez mais acessível e presente no cotidiano dos brasileiros.
Outro apoio também foi firmado com a Casa Zero Um, com alto potencial de transformação social. Inspirada no bem-sucedido projeto da Rede Muda Mundo, a iniciativa sediada no Recife já recebeu mais de 50 mil visitantes, qualificou 3.600 pessoas e agora chega a São Paulo com o objetivo de levar seu impacto para novos territórios.
O foco seguirá em promover educação complementar, cultura, cidadania e capacitação profissional para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
O Think Tank do Bem teve papel na sua viabilização, atuando desde a identificação da oportunidade até a articulação de parceiros, acesso a espaços e estruturação da rede de apoio local.
Ambas as parcerias representam um passo inicial do movimento de Horn, com a missão de expandir soluções viáveis e sustentáveis para os desafios do Brasil.