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Esta empresa quer fazer plásticos que não causam danos ao ambiente. Como?

ERT acredita que momento atual do mercado e novas legislações contra o plástico descartável abrem espaço para crescimento e inovação no setor

Plásticos sustentáveis: empresa desenvolveu biopolímero que se decompõe em até seis meses (Thinkstock/Thinkstock)

Plásticos sustentáveis: empresa desenvolveu biopolímero que se decompõe em até seis meses (Thinkstock/Thinkstock)

Os copos e os canudos descartáveis são os novos vilões da vez. Depois das sacolinhas de supermercado, chegou a vez de São Paulo banir os plásticos descartáveis em estabelecimentos comerciais. Em janeiro, a capital paulista sancionou uma lei que proíbe bares, hotéis e restaurantes de fornecerem utensílios de plástico descartáveis como pratos, copos e talheres para os consumidores.

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Os comércios terão até um ano para se adequarem à nova norma. Passado o prazo, quem descumprir estará sujeito a multas de até 8.000 reais.

Esse é um cenário promissor para a Earth Renewable Technologies (ERT), empresa de biopolímeros americana que nasceu há 12 anos e chegou ao Brasil em 2020 para solucionar o problema do plástico. Como alternativa aos males do componente, a ERT entende que a tecnologia é a principal solução. Sem banir ou substituir o item por papéis — como têm sido feito com os canudos, por exemplo — a ERT se apoia na inovação para alterar a fórmula de composição de produtos.

Com um bioplástico feito de cana-de-açúcar, a empresa oferece alternativas para as companhias que precisam, mais do que nunca, adaptar-se à nova realidade. "Entendemos que o plástico faz parte de uma cadeia muito extensa e complexa e ele precisa existir. O que oferecemos são novas alternativas que apliquem os biopolímeros para produtos de diversas cadeias produtivas”, diz Kim Gurtensten Fabri, presidente da Earth Renewable Technologies.

Na prática, a ERT oferece às empresas, com a ajuda de uma tecnologia patenteada em 2018, novas fórmulas para composição de embalagens. Com o uso do bioplástico, os itens ganham novas aplicações, sem comprometer sua compostabilidade. De quebra, as embalagens sustentáveis da ERT têm decomposição de, no máximo, seis meses. “Vemos um compromisso das grandes marcas que não querem mais estar associadas ao plástico — e elas que irão encabeçar a substituição dos plásticos em larga escala”, afirma Fabri. “Queremos substituir especificamente os produtos que demandam muito trabalho da indústria, mas ao mesmo tempo são descartados rapidamente”.

Na grande maioria das vezes, segundo Fabri, essas alternativas são revendidas às companhias por meio das empresas convertedoras. “No caso das grandes empresas, é comum que haja um contrato específico com uma outra empresa responsável apenas por converter seus produtos e embalagens — e é com elas que negociamos”.

O mercado promissor da cana-de-açúcar trouxe a ERT para o Brasil. O objetivo é ter uma planta de biocompostos operacional em funcionamento já no mês de março, e fazer do país um comercializador e exportador de plástico biodegradável em potencial no mundo. “Viemos para bater de frente com a tecnologia de “oxibio”, ou seja, as famosas sacolinhas biodegradáveis. Brigamos muito para mostrar que isso não é uma solução sustentável — e sim um greenwashing”.

Até 2025, a ERT terá capacidade de produção de 60.000 toneladas de bioplásticos por ano. A estimativa é baseada na capacidade produtiva da planta da empresa, nos Estados Unidos. Desse total, grande fatia vai para o mercado europeu, principal consumidor dos plásticos biodegradáveis e líder na luta global contra o plástico. Para o Brasil, a parcela será de 20.000 toneladas. De acordo com Fabri, a demanda nacional irá triplicar até 2030.

Dentro dos próximos sete anos, a ERT quer inaugurar uma planta de produção no Brasil. Se isso acontecer, essa seria a primeira planta de biocompostos da América Latina e a terceira da empresa no mundo. A aposta no Brasil se justifica pela crescente preocupação ambiental e na vastidão do mercado de energia sustentável e gestão de resíduos. “Acreditamos que essa tendência será ainda mais forte no Brasil nos próximos anos, e queremos estar aqui para isso”, diz.

“As soluções vêm para mostrar que existem respostas e elas serão aplicadas de uma maneira ou outra — seja por meio de leis ou da própria iniciativa privada que quer se adequar aos novos padrões”, afirma.

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Plástico sob controle

O Brasil produz quase 80 milhões de toneladas de lixo anualmente, e é o quarto maior produtor mundial de lixo plástico. Os índices de reciclagem, no entanto, não acompanham a média: o país recicla apenas 1,3% desse material. A estimativa é que esses resíduos poderiam gerar mais de 6,5 bilhões de reais para a economia brasileira, se reciclados adequadamente. Ao mesmo tempo, a poluição marinha por lixo plástico gera prejuízos anuais superiores a 2 trilhões de dólares à economia global, segundo estudo do Boletim da Poluição Marinha.

Para conter o problema, grandes empresas se comprometem a reduzir a produção plástica de suas produções. A Ambev, por exemplo, prometeu zerar sua produção plástica até 2020. No final do último ano, a empresa anunciou já ter atingido 30% da meta.

Companhias também têm buscado se associar a startups para encontrar soluções em tecnologia e inovação para alavancar a economia circular no país. A petroquímica Braskem conta com um programa próprio de aceleração de startups de impacto que acelerou nove empresas de economia circular apenas no último ano.

Outro exemplo é o da P&G, que apoia um projeto de economia circular em São Paulo em parceria com a cleantech Trashin.

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