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Redação Exame
Publicado em 11 de maio de 2023 às 15h46.
Última atualização em 12 de maio de 2023 às 12h01.
André Barros
Manter a Floresta Amazônica conservada traz mais retorno financeiro do que desmatá-la. E a sua conservação, por si só, já é um modelo de negócio. A floresta em pé foi o tema do debate do Especial Amazônia de EXAME, em que participaram Annie Groth, head de advocacy e police da Biofílica Ambipar, Munir Soares, fundador e CEO da Systemica, e Patrícia Cota Gomes, diretora executiva adjunta da Imaflora e gestora da rede Origens Brasil ®.
Patrícia Cota Gomes disse que o combate ao desmatamento ilegal deve ser a prioridade. “É um paradoxo: o Brasil, com toda a Amazônia, é o quinto maior emissor de CO2 do mundo. E a origem não são as emissões da matriz energética, vem do desmatamento”, afirmou.
Para Annie Groth o desmatamento não é só um problema ambiental, mas também social: “As pessoas que estão lá precisam de apoio financeiro. Precisamos criar incentivos econômicos para manter essa floresta em pé, que gera o crédito de carbono que ajuda no fluxo financeiro”.
Munir Soares disse que os projetos de geração de crédito de carbono geram oportunidades para ressignificar os territórios da Amazônia. Ele sugere que atividades econômicas típicas de cada região, como a produção de castanhas, de açaí, sejam incentivadas. “Assim teríamos ferramentas para conciliar o aspecto social com a biodiversidade”.
Ele lembrou que ao desmatar fica muito difícil recuperar as riquezas e biodiversidade que existiam nas regiões. Portanto é melhor investir na manutenção do que na recuperação da floresta.
De positivo, segundo Patrícia Cota Gomes, está a mudança no comportamento das empresas e do próprio consumidor. Na União Europeia, contou ela, foi aprovada uma lei que barra a venda de produtos oriundos de desmatamento ou de modelos de produção que desrespeitam os direitos humanos.
“E com a internet e as redes sociais o consumidor está ficando mais consciente também e selecionando melhor o que compra. Com isso as empresas também estão entendendo que fazer isso é um risco estratégico para os seus próprios negócios”.
Existem, portanto, modelos economicamente viáveis para se explorar a floresta Amazônica e gerar renda a quem mora por lá sem desmatar. “A bioeconomia já é uma realidade”, afirmou Soares. “O Brasil ainda tem uma participação pequena e precisa tomar uma decisão se vai querer participar, pois o mercado de carbono traz muito potencial para o País”.