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ESG Summit: setor privado investe em saúde e saneamento para enfrentar desigualdades

Evento reuniu dados sobre disparidades estruturais e mostrou como as empresas têm avançado rumo à interiorização da saúde e ao acesso à água e esgoto

EXAME Solutions
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Publicado em 25 de julho de 2025 às 17h59.

Última atualização em 25 de julho de 2025 às 18h01.

A falta de saneamento básico ainda afeta mais de 90 milhões de brasileiros, e mais de 30 milhões vivem sem água potável em casa. Os dados foram apresentados por André Machado, coordenador de relações institucionais do Instituto Trata Brasil, durante o ESG Summit 2025, em painel sobre o papel das empresas na redução das desigualdades sociais.

Segundo Machado, a superação desse cenário exige novas formas de cooperação entre Estado e empresas, com foco na universalização do acesso ao saneamento até 2033, como prevê o marco legal aprovado em 2020. A legislação fixou metas de abastecimento de água para 99% da população e tratamento de esgoto para 90% até o fim da próxima década.

Investimentos privados avançam após novo marco legal

No entanto, a capacidade de investimento público é limitada. “O cenário atual é de baixa capacidade do setor público investir. Por isso, o marco buscou atrair a iniciativa privada”, afirma. Desde então, 1.793 municípios passaram a ser atendidos por empresas privadas — um aumento de mais de 500% em relação ao número anterior à legislação. Segundo Machado, os contratos já firmados preveem investimentos de R$ 178 bilhões.

Além do déficit estrutural, o impacto da desigualdade é profundo. “As pessoas mais atingidas pela falta de saneamento são mulheres, negros e indígenas. São famílias cuja renda total não passa de R$ 2.400 por mês. E, em geral, com baixa escolaridade”, afirma. O reflexo atinge diferentes áreas, da produtividade ao sistema de saúde. Em 2023, 344 mil internações foram causadas por doenças ligadas à água contaminada. O custo estimado dessas internações chegou a R$ 170 bilhões.

“O saneamento básico traz benefícios múltiplos. Saúde, educação, produtividade no trabalho, fomento ao turismo, todos esses temas correlatos dependem dele para acontecer”, diz.

Interiorização da saúde e impacto direto nas comunidades

Responsável pela gestão de 33 faculdades de medicina fora dos grandes centros, a Afya aposta na interiorização como instrumento de equidade. “65% das nossas faculdades estão nas regiões Norte e Nordeste”, diz Gustavo Meirelles, vice-presidente médico da empresa. O impacto, segundo ele, é direto na saúde pública: “Vimos uma redução de quase 20% em internações por doenças crônicas e preveníveis nas cidades que receberam novas faculdades.”

A empresa calcula que mais de 1 milhão de atendimentos médicos gratuitos foram realizados em 2023. O modelo busca fixar profissionais de saúde nessas regiões.

Para Meirelles, formar o médico local é essencial. “Nosso maior problema hoje não é a falta de médicos, mas a concentração em grandes cidades.”

Para isso, a Afya desenvolveu uma matriz curricular única, mas adaptável à realidade de cada região. “Um estudante no Acre e outro no Pará estudam a mesma base, mas com foco nas doenças locais — como malária, doença de Chagas, febre amarela.”

Além do impacto sanitário, a Afya mediu o retorno social do investimento (S-ROI). “Para cada real investido em uma cidade, R$ 3,60 retornam à comunidade, seja em saúde, geração de renda ou fixação de profissionais.”

Parcerias com comunidades locais e entraves regulatórios

No Pará, o Fundo Hydro aposta na coprodução de soluções junto às comunidades. “A comunidade está dentro da empresa. Ela é parte do processo de desenvolvimento”, explica Milene Maués, gerente de parcerias do fundo. Em cinco anos, mais de R$ 60 milhões foram aplicados em projetos de bioeconomia, turismo sustentável e infraestrutura social em Barcarena. A iniciativa envolve também diagnósticos ambientais e socioeconômicos conduzidos por ONGs como IPAM, Imazon e o Centro de Estudos da Amazônia.

Apesar do avanço nas concessões, Machado alertou para entraves locais. São 1.734 municípios que não têm sequer um plano de saneamento básico. Ele também apontou a defasagem no investimento per capita: “Deveríamos investir R$ 223 por habitante por ano. Estamos investindo só R$ 124. Se isso não mudar, não vamos chegar à universalização.”

Outro gargalo está na regulação. “A entrada do setor privado exige agências reguladoras fortes e independentes, com capacidade técnica para garantir que os contratos cumpram seu papel social.”

O saneamento básico é um dos pilares da redução das desigualdades e exige ação coordenada entre governo, empresas e sociedade civil.

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