ESG: um levantamento no Google Trends revela que a busca pelo assunto cresceu mais de 1200% no Brasil só nos últimos dois anos (Shutterstock/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2022 às 16h54.
Última atualização em 13 de setembro de 2022 às 12h30.
São Paulo — Em 2004, o então secretário das Nações Unidas Kofi Annan publicou um artigo para o Banco Mundial, em que convidou os 55 CEOs de algumas das maiores empresas do mundo a incorporarem três letras nos seus resultados: ESG.
A sigla para Ambiental, Social e Governança, no inglês, era um chamado para que as grandes corporações incluíssem em suas estratégias algumas variáveis que até então não eram levadas em conta em seus balanços.
“Em um mundo em que 69 das maiores organizações do mundo são empresas e apenas 31 países, as empresas não podem mais entender os seus impactos sócio-ambientais como meras externalidades negativas”, explica Renata Faber, diretora de ESG da Exame e autora do Ebook Empresa de Impacto ESG, que pode ser baixado de graça aqui.
Embora o termo ESG tenha sido usado pela primeira vez há mais de 20 anos — e o conceito de sustentabilidade nos negócios exista há ainda mais tempo — foram nos últimos anos, contudo, que o termo entrou de vez no vocabulário da alta liderança das empresas.
Um levantamento no Google Trends revela que, após flutuar mais de uma década, a busca pelo assunto cresceu mais de 1200% no Brasil só nos últimos dois anos.
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Enquanto isso, uma pesquisa recente da Aberje mostrou que 95% das empresas brasileiras têm ESG como prioridade em suas agendas.
E um levantamento do IBM Institute for Business Value (IBV) deste ano mostrou que o assunto está sendo tratado como prioridade máxima por 48% dos CEOs brasileiros, o que representa um aumento de 65% em relação ao ano anterior.
Mas, afinal, porque o interesse pelo tema cresceu exponencialmente em tão pouco tempo?
“Nós temos percebido empiricamente a busca pelo assunto crescer muito, sobretudo no top-management das empresas”, afirma Faber. Segundo a executiva, há pelo menos três fatores que explicam essa tendência:
O que já era consenso na comunidade científica passou a encontrar respaldo no universo corporativo: a crise climática se tornou uma emergência.
“Os empresários têm cada vez mais consciência de que se não houver planeta, também não há empresa. E muitas empresas já estão percebendo isso da pior forma”, explica Faber.
Para ficar em alguns exemplos, a ocorrência de eventos extremos pode comprometer a infraestrutura de transportes e toda a cadeia de suprimentos de uma região.
Na agricultura, a escassez de chuvas pode inviabilizar safras inteiras.
Nos oceanos, a mudança de 1 grau na temperatura é suficiente para elevar sua acidez e alterar sua química, ameaçando a biodiversidade e impossibilitando a pesca em regiões costeiras.
“Já temos visto desastres naturais sacudindo inclusive o mercado de seguros, tornando inelegíveis empresas com muita exposição ao risco climático”, destaca Faber.
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Um estudo divulgado recentemente pela Allianz com 2650 especialistas em 89 países mostra que, no Brasil, as catástrofes naturais representam o segundo maior risco para as empresas.
Em um escopo mais amplo, o Banco Mundial estima que a crise climática irá causar a migração de mais de 216 milhões de pessoas até 2050 (praticamente um Brasil inteiro), potencializando conflitos por recursos como água e alimentos.
Para evitar eventos dessa magnitude, o Acordo de Paris em 2015, que contou também com forte apoio da iniciativa privada, impôs a meta de limitar o aquecimento global entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos níveis pré-industriais até 2026.
Hoje, mais de 90% do PIB global já se comprometeu a neutralizar suas emissões líquidas de carbono, o chamado net zero. “Isso significa que se a pauta ambiental ainda não chegou em alguma empresa, é questão de tempo para que ela chegue por força de lei.”
Faber lembra que, há 5 anos, poucos investidores olhavam para dados como pegada de carbono, condições de trabalho e diversidade no conselho em suas análises. “Hoje, esses números são analisados com lupa.”
Para cada 3 dólares investidos globalmente hoje, 1 está alocado em ativos ligados à sustentabilidade. É uma área que já movimenta mais de US$ 35 trilhões no mundo, e esse número deve chegar a US$ 53 trilhões em 2025, segundo uma análise da agência americana Bloomberg.
Em plena pandemia, quando os mercados derretiam mundo afora, o presidente do banco UBS anunciou que as emissões de títulos de dívida com metas sustentáveis, os chamados green bonds, triplicaram em apenas um ano.
No Brasil, 20% dos bonds, que são os títulos de dívida emitidos por empresas brasileiras, já têm aspectos ESG, o dobro da média mundial.
E a mensagem por trás desses números é clara. Em 2020, Larry Fink, CEO da BlackRock, declarou em uma carta endereçada a CEOs que vai punir em suas estratégias de investimento empresas que não estiverem promovendo práticas ambientais, sociais e de governança.
“Em outras palavras, além de ser melhor para o planeta, uma estratégia sólida de ESG se tornou uma espécie de bilhete de entrada, ou permanência, das empresas no universo dos financiamentos”, ressalta a diretora da Exame.
Faber ressalta, ainda, que os gestores de fundos não fazem isso porque são bonzinhos, mas porque as práticas ESG dão resultado.
“Diversos estudos em toda parte do mundo já demonstraram que, historicamente, empresas com uma estratégia ESG consolidada performam melhor do que seus pares em horizontes mais curtos de tempo”, destaca.
Para Faber, a Geração Z — os jovens nascidos após a virada do milênio — é a melhor expressão de uma mudança de paradigma já iniciada pelos millennials — estes nascidos após o início da década de 1980.
“Essa é uma geração que leva o propósito para atitudes práticas. E o que isso significa? Que na hora de comprar um tênis, por exemplo, o jovem da geração Z não avalia apenas o conforto e o preço, mas também sua pegada de carbono”, diz.
“Ao investir, ela busca empresas com crescimento sustentável, que contribuam para o progresso social. E na hora de escolher um trabalho, essa geração não quer mais apenas ganhar dinheiro. Ela quer uma missão.”
Segundo Faber, essa mudança de comportamento também obriga as empresas a se manifestar sobre temas em que antes elas não se posicionavam. “Não dá mais para ficar em cima do muro”, diz.
Uma pesquisa recente da Fiep revelou que 87% dos brasileiros preferem comprar produtos e serviços de empresas sustentáveis.
O mais interessante, contudo, é que 70% dos entrevistados dizem não se importar em pagar a mais por isso.
“Ou seja, não olhar para essa agenda, além de ser ruim para o planeta, também significa deixar dinheiro na mesa”, afirma a diretora.
Faber comemora que cada vez mais líderes se deem conta das oportunidades que o ESG representa para suas empresas.Ainda assim, avalia que existe um abismo entre uma “vontade genuína” de iniciar essa jornada e uma “estratégia consolidada” no tema. “ESG não é só propósito. É método”, defende.
Pensando nisso, a diretora da Exame publicou um Ebook gratuito para mostrar como implementar como você pode implementar na sua empresa a estratégia que se tornou obrigatória entre os grandes CEOs.
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