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Trecho da campanha do Pacto Global da ONU sobre o ESG "da porta para fora" (Pacto Global da ONU/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 18 de abril de 2023 às 06h00.
Última atualização em 18 de abril de 2023 às 10h18.
O termo ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) caiu no gosto da comunicação corporativa. Nos últimos quatro anos, a menção ao termo cresceu 2.600% nas redes sociais – e nas conversas presenciais pós-pandêmicas dos escritórios. A dúvida, porém, é como o mercado de trabalho e as empresas, de fato, absorveram essas práticas. Em muitos locais, criou-se o ESG “da porta para fora”: narrativas que destoam completamente das práticas de uma companhia.
Com humor ácido, uma nova campanha do Pacto Global da ONU aborda a lacuna entre o discurso e a prática. Para divulgar a Comunicação de Progresso (CoP), documento obrigatório para empresas engajadas na rede, o Pacto faz um vídeo que ironiza o greenwashing tão comum aos nossos tempos – e certamente soará incrivelmente familiar a tantos empregados Brasil afora.
"A rede brasileira do Pacto Global da ONU é a que mais cresce no mundo há três anos, o que mostra que o setor privado brasileiro está cada vez mais engajado nos temas de ESG. Mas não basta só se engajar, é preciso ter ações concretas e compartilhar essas informações com a sociedade, por isso a CoP é tão importante", diz Otavio Toledo, CMO do Pacto Global da ONU no Brasil.
Na CoP, as empresas que aderiram ao Pacto Global precisam compartilhar os resultados anuais sobre temas relacionados aos Dez Princípios da rede e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
No vídeo, um recrutador descolado – e invasivo – garante em uma entrevista de emprego que a nova funcionária poderá “fazer seus horários”. “E o que você acredita!”, completa.
A cena seguinte mostra a nova empregada em seu 75º dia na empresa, com os olhos esbugalhados e trabalhando madrugada adentro – tirando fotografias de documentos.
Com um humor cáustico, a campanha, idealizada pela agência Purpple, investe em situações como esta, nas quais há uma profunda quebra de expectativa entre o primeiro dia no trabalho -- e as promessas na hora da contratação -- e a prática cotidiana.
Segundo Toledo, do Pacto Global, a CoP é uma oportunidade para as empresas darem transparência a seus indicadores ESG de maneira "consistente, objetiva e gratuita".
Greenwashing (do inglês, "lavagem verde") consiste no ato de divulgação falsa sobre sustentabilidade — onde empresas afirmam que seus produtos são sustentáveis — seja usando publicidade, seja colocando informações indevidas nos rótulos.
Em outras palavras, o greenwashing significa passar uma imagem falsa de sustentabilidade por parte de uma companhia. Isso pode acontecer de várias formas: ocultando dados, dando ênfase em algum componente ou característica que pode ser considerado sustentável no lugar de produtos que não são sustentáveis, ou até mesmo usando informações inverídicas.
Para identificar o greenwashing é importante se atentar a alguns pontos, entre eles falta de transparência e afirmações sem provas.
No primeiro ponto, as empresas afirmam ser sustentáveis, mas não têm transparência sobre dados ou métodos. Já no segundo, corporações podem afirmar alguma característica ou a utilização de algum componente ESG sem explicar a comprovação do benefício ambiental, social ou de governança).