ESG

Esforço dos EUA por energia verde pressiona preço global de óleos vegetais

O índice das Nações Unidas para os preços de óleos vegetais avançou 70% desde junho do ano passado, para máximas de nove anos

EUA: a alta nos preços dos óleos vegetais ajudou a guiar um aumento no índice de preços de alimentos da ONU em geral (Albert Gea/Reuters)

EUA: a alta nos preços dos óleos vegetais ajudou a guiar um aumento no índice de preços de alimentos da ONU em geral (Albert Gea/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de março de 2021 às 19h42.

Última atualização em 19 de março de 2021 às 21h36.

Esforços do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em favor dos combustíveis "verdes", à base de óleos vegetais, está ajudando a elevar preços desses produtos, que já estavam perto de máximas recordes, afetando importantes consumidores sensíveis ao custo na Índia e na África e gerando temores de inflação global de alimentos.

O índice das Nações Unidas para os preços de óleos vegetais avançou 70% desde junho do ano passado, para máximas de nove anos, depois que a escassez de mão de obra nas plantações de palma da Ásia e o clima adverso em importantes centros produtores de girassol, canola e soja diminuíram a fabricação de óleos vegetais e levaram os estoques para os menores níveis em dez anos.

A alta nos preços dos óleos vegetais ajudou a guiar um aumento no índice de preços de alimentos da ONU em geral, que alcançou o maior patamar desde 2014, prejudicando consumidores nos países em desenvolvimento e estabelecendo um desafio para os formuladores de políticas em meio às tentativas de estimular o crescimento econômico.

A recuperação na demanda após impactos da covid-19 aumentou o aperto no mercado, assim como a eleição de Biden e suas promessas de uma "revolução da energia limpa", que parecem ter potencial de aumentar mais a demanda por biocombustíveis.

"Há um novo fator que surgiu depois da eleição do presidente Biden e que elevou a projeção para a demanda por óleo de soja: o biodesel 100%", disse Dorab Mistry, importante analista do setor de óleos vegetais.

"Quatro refinarias já disseram que vão encerrar o refino de combustível fóssil e, no lugar, começar a produzir combustíveis à base de óleos vegetais."

Os contratos futuros do óleo de palma na Malásia, referência para o óleo vegetal mais negociado do mundo, recentemente ultrapassaram 4.000 ringgits por tonelada pela primeira vez desde 2008.

O valor do óleo de canola avançou cerca de 25% neste ano, enquanto o óleo de girassol no Mar Negro subiu quase 30%. Já o óleo de soja teve ganho de mais de 27% em 2021.

"Há essa discussão antiga sobre alimento versus combustível, mas ninguém ousa discutir sobre isso, porque agora só se fala em energia 'verde'", disse Mistry, diretor da Godrej International, à Reuters.

"Vai levar muito tempo, além de muitas reclamações dos países em desenvolvimento, para que as pessoas realmente tentem diminuir o ritmo em que a energia 'verde' está sendo produzida", afirmou.

Por outro lado, a esforço em favor dos veículos elétricos ajudará a limitar o aumento no uso de óleos vegetais para a produção de biodiesel, destacou Phin Ziebell, economista de agronegócio do National Australia Bank em Melbourne.

"É mais provável que o biodiesel vá para o transporte pesado, como caminhões e trens, assim como para serviços de terraplenagem e construção", disse ele.

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