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Escola municipal no sertão de Pernambuco eleva o IDEB de 3,5 para 9,2 e supera o ensino privado

Atendida pela ONG Amigos do Bem, escola municipal adota abordagem personalizada e focada na alfabetização. Mais de 100 ônibus garantem a presença dos alunos

Escola no sertão: com abordagem focada em alfabetização e investimentos em infraestrutura, instituição municipal passou de 3,5 para 9,2 no IDEB (Leandro Fonseca/Exame)

Escola no sertão: com abordagem focada em alfabetização e investimentos em infraestrutura, instituição municipal passou de 3,5 para 9,2 no IDEB (Leandro Fonseca/Exame)

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 15 de agosto de 2024 às 09h59.

Última atualização em 16 de agosto de 2024 às 09h16.

Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), divulgados nesta terça-feira, 14, mostram um cenário de leve melhora. O Brasil alcançou a meta de 6 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental, com um pequeno crescimento em relação aos anos anteriores. Nos anos finais do fundamental e no ensino médio, no entanto, o desempenho ficou aquém do desejado. As metas não foram alcançadas, e os indicadores, de 5 e 4,3, respectivamente, ficaram abaixo dos níveis pré-pandemia.

Em Pernambuco, um dos poucos estados a atingir a meta no ensino médio, uma escola no sertão desafia essa lógica. Localizada no município de Inajá e mantida pela ONG Amigos do Bem, a escola obteve 9,2 pontos no IDEB, um resultado notável em comparação com a média nacional, abaixo de 6 para o Ensino Fundamental, e superior à média do ensino privado, perto de 7. Esse marco destaca o impacto das ações da ONG, que atua em 300 comunidades carentes no Nordeste, oferecendo educação de qualidade em regiões de extrema pobreza.

Desde que a Amigos do Bem começou a atuar na escola em 2017, a nota subiu de 3,5 para 9,2, resultado de um trabalho focado em educação integral e transformação social. Com uma abordagem personalizada e focada na alfabetização, a organização conseguiu transformar a realidade local, promovendo uma educação de excelência e combatendo o ciclo de pobreza na região. A infraestrutura oferecida inclui escolas modernas, cursos diversos e suporte contínuo aos educadores locais. A ONG é reconhecida por seu compromisso com o desenvolvimento social e sustentável, impactando a vida de milhares de pessoas no sertão.

“Eu sempre falo que quem tem fome não é livre, e quem não sabe ler e escrever também não. Há 30 anos atuamos no sertão nordestino, a região mais carente do nosso país. Sabemos que a única forma de romper o ciclo de miséria secular no sertão é por meio da educação e do trabalho, promovendo a geração de renda e levando oportunidades, mudando vidas”, afirma Alcione Albanesi, presidente e fundadora da ONG Amigos do Bem.

A ONG mantém quatro instituições de tempo integral e quatro Centros de Transformação (CTs) no sertão nordestino. Cada CT oferece uma infraestrutura completa de 3 mil m², incluindo 25 salas de aula, quadras poliesportivas e espaços de lazer e brincar. Além das aulas formais, os CTs proporcionam atividades extracurriculares, como culinária, cabeleireiro, manicure, tecnologia e esporte, com um total de 23 cursos e oficinas, promovendo o desenvolvimento integral dos alunos.

Para combater a evasão escolar, a Amigos do Bem disponibiliza uma frota de quase 100 ônibus escolares que percorrem diariamente até 30 quilômetros para chegar aos povoados mais distantes. Todos os alunos recebem 6 refeições por dia, garantindo uma alimentação nutritiva para o desenvolvimento das crianças. Muitas ainda vivem em casas de barro, em situação de extrema pobreza.

“Quando os Amigos do Bem começaram a trabalhar aqui, sabíamos que estávamos diante de um grande desafio, mas que seria possível transformar. A nota que alcançamos hoje, de 9,2, é mais do que um número; é um reflexo de vidas transformadas, de crianças que agora enxergam um futuro promissor”, destacou Elilde Araújo Gomes, diretora da Escola dos Amigos do Bem.

Os dados do IDEB

Apesar de pequenos avanços, os dados do IDEB mostram um cenário de estagnação. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o Brasil alcançou a meta de 6 pontos, um leve crescimento em relação aos anos anteriores. Isso reflete melhorias em programas de educação básica e um foco maior no ensino integral.

Nos anos finais do Ensino Fundamental, o desempenho foi de 5 pontos, abaixo da meta nacional de 5,5. Embora alguns estados, como Ceará, Paraná e Goiás, tenham conseguido superar essa meta, a maioria dos estados registrou queda no índice, especialmente devido a uma diminuição nas taxas de aprovação.

O Ensino Médio continua sendo o maior desafio, com um desempenho nacional de 4,3 pontos, abaixo da meta de 5,2. Apesar de um leve avanço em comparação com 2021, nenhum estado atingiu a meta estabelecida. Paraná (4,9) e Espírito Santo (4,8) se destacaram como os melhores resultados nessa etapa.

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