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Equidade de gênero e luta contra fake news: um retrato da sociedade que queremos

Para Isabella Wanderley, general manager da Novo Nordisk, o ambiente corporativo não pode mais ser uma entidade isolada e ignorar lutas importantes. Na EXAME Plural

Isabella Wanderley: Fake news se derrota com diálogo e, como detentoras de informações originais, as empresas têm a responsabilidade de combater ativamente a desinformação (//Divulgação)

Isabella Wanderley: Fake news se derrota com diálogo e, como detentoras de informações originais, as empresas têm a responsabilidade de combater ativamente a desinformação (//Divulgação)

EXAME Plural
EXAME Plural

Plataforma feminina

Publicado em 14 de março de 2024 às 16h00.

Por Isabella Wanderley

Quando comecei minha carreira corporativa, nos anos 90, eu tinha uma imagem muito definida do que seria uma executiva de sucesso. Dentre outras coisas, envolvia a imagem de uma mulher de tailleur (um terninho, para as mais jovens) e scarpin. Era assim que eu via as executivas de sucesso, observava como elas se comportavam e, sinceramente, sentia uma enorme frustração por constatar que nunca seria igual a esse modelo. Existia dress code, behaviour code etc. O que não existia era o espaço para eu ser eu mesma.

O mundo mudou, os terninhos e scarpins deram lugar ao jeans e ao tênis – graças a Deus – mas o desafio de refletir no espaço corporativo a composição da nossa sociedade e cultura ainda existe.  E hoje, como líder de uma empresa de saúde, experimento uma oportunidade única e desafiadora de tornar esse espaço mais inclusivo e representativo, refletindo a pluralidade e diversidade da comunidade em que estamos inseridos.

O ambiente corporativo não pode mais ser uma entidade isolada, ignorando lutas que podem parecer distintas, mas que considero cruciais para o desenvolvimento social pleno e justo, como a equidade de gênero e o combate à desinformação.

Na ciência e na saúde, vozes que propagam empatia, compaixão e compreensão fazem a diferença também para atingir a tão sonhada equidade. Não à toa, temos observado cada vez mais a representatividade e o protagonismo das mulheres, que trazem perspectivas únicas e provocações valiosas que enriquecem as principais tomadas de decisões de negócios.

Se não fosse por Marie Krogh, pesquisadora que, junto de seu marido, tornou acessível a técnica de extração e purificação de insulina, que melhorou a expectativa de pacientes com diabetes e originou a Novo Nordisk, há mais de 100 anos, eu mesma não estaria aqui, saída do setor cosmético e iniciando um desafio de liderança após completar tantos anos de experiência acumulada.

Se nossas antecessoras percorreram uma jornada solitária, pautada pelo desmerecimento e preconceitos, hoje temos a sorte de poder contar umas com as outras, distribuindo nossa presença de forma mais equânime, promovendo uma cultura organizacional mais inclusiva e colaborativa, onde a segurança psicológica é uma prioridade. Pela primeira vez na história, as mulheres CEOs lideraram cerca de 10% das empresas da Fortune 500 em 2023, lista das maiores companhias dos EUA por receita. Além disso, o relatório The Ready-Now Leaders da ONG Conference Board mostrou que as organizações com pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança têm 12 vezes mais chance de estar entre as 20% melhores em desempenho financeiro. Com elas, há mais justiça social e impacto positivo na vida dos colaboradores. Na Novo Nordisk Brasil, somos 58% mulheres em posições de liderança e 64% na alta liderança.

No entanto, a disparidade salarial e a sub-representação feminina em cargos de alta gestão mostram que esse é um tema que ainda precisa de avanços. Foi revelado pelo relatório Women in the Workplace 2021, da consultoria McKinsey, que existem 20% de mulheres brancas na alta liderança das empresas e 62% de homens brancos ocupando estes cargos. Quando se fala de mulheres negras, a discrepância é ainda mais notória: são apenas 4%!  Ainda estamos muito distantes de refletir a nossa sociedade nas corporações, por isso mesmo não podemos parar, nem de agir, nem de debater.

"Quanto mais falamos sobre um tema, mais contribuímos para a educação sobre ele, mais combatemos também as falsas premissas e desinformação. Assim é também com as fake News, outro desafio da nossa sociedade que precisa ser endereçado pelas corporações, cujo impacto corrosivo é cada vez mais presente nas nossas vidas"

Sabemos o que pode acontecer quando falta discernimento entre o verdadeiro e o falso. Lamentamos ver pessoas com obesidade sendo estigmatizadas, pacientes com doenças crônicas à procura de soluções milagrosas e dificuldades de obter acesso a tratamento.

Quando o que está em jogo é uma notícia de saúde, precisamos garantir o efeito dominó: para que o paciente esteja devidamente informado, o médico precisa estar ciente, o farmacêutico do bairro deve ter informações disponíveis, familiares e cuidadores, ávidos por distribuir dicas milagrosas, precisam conhecer o que é fato e o que é fake. Ninguém melhor do que a fonte para ser agente dessa comunicação, e, nesse caso, as empresas possuem um real poder esclarecedor.

É assim que a Novo Nordisk atua na disseminação de notícias sobre seus medicamentos e é dessa forma que vem se mobilizando para contribuir com informação clara e confiável sobre um tema que domina o noticiário de hoje: o combate à obesidade. Em meio a uma enxurrada de narrativas, muitas vezes equivocadas, nós entendemos que participar dessa conversa já não era uma opção, mas sim uma necessidade, enquanto empresa cidadã e ética. E aí percebemos que nosso papel era para além do tradicional awareness sobre a doença, pedia uma postura educativa, somada à coragem de enfrentar os questionamentos sobre uso off-label, segurança e acesso, pontos cruciais para estabelecer uma conversa franca e transparente com a população.

Fake news se derrota com diálogo e, como detentoras de informações originais, as empresas têm a responsabilidade de combater ativamente a desinformação e promover uma cultura de transparência e rigor intelectual, com vigilância constante e resposta ágil.

Seja para instigar a equidade e a autenticidade no ambiente corporativo, seja para promover a transparência e o senso de responsabilidade na celeridade de divulgação da informação correta, as lideranças precisam de times diversos e vocais, que tragam novas perspectivas e soluções para esses temas complexos. Temos muito a ganhar quando buscamos trazer diversidade em todas as suas camadas para dentro das organizações; resulta numa equação que só vem somar expertises, bagagens e visões de mundo. Precisamos de todos para realizar a mudança que queremos na sociedade.

Isabella Wanderley é general manager na Novo Nordisk

A EXAME Plural é uma plataforma que reforça a cobertura de diversidade, com olhar mais profundo para mulheres. Neste mês de março, que marca mundialmente a luta por direitos femininos, mais de vinte lideranças femininas no ambiente corporativo, no empreendedorismo e na filantropia aceitaram compartilhar em suas vozes, histórias, visões, questionamentos, respostas, desafios e oportunidades percebidas ao longo de suas próprias jornadas. 

Acompanhe tudo sobre:Exame PluralMulheres

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