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Entre discursos e práticas: como está a agenda ESG pelo mundo?

Uma vez que a agenda ESG é uma indicadora da sustentabilidade do negócio, ou seja, indica os potenciais riscos que podem causar a falência de uma empresa

ESG: sigla em inglês para ambiental, social e governança (AleksandrVS/Getty Images)

ESG: sigla em inglês para ambiental, social e governança (AleksandrVS/Getty Images)

Sandra Roza
Sandra Roza

Coordenadora de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e RI na Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação

Publicado em 4 de junho de 2023 às 08h00.

Nos últimos anos, os debates empresariais sobre a agenda ESG se tornaram mais frequentes. De um lado, várias instituições estão na corrida contra o tempo para apresentarem seus compromissos, metas e objetivos para minimizar impactos ambientais, sociais e governamentais a médio e longo prazo, contribuindo para o desenvolvimento de negócios sustentáveis. Por outro lado, as mesmas organizações enfrentam crises institucionais e reputacionais por não alinharem os discursos com as práticas.

Na maioria das vezes, isso ocorre porque as corporações entram no senso de urgência. Não avaliam internamente se realmente possuem documentos específicos sobre a Agenda ESG, se possuem resultados efetivos e evidências, se os acordos firmados estão alinhados com o modelo de negócio e se não estão confundindo sustentabilidade com ESG. Parece simples, mas, no dia a dia, esses pontos só são pensados durante as crises.

Afinal, se tudo é urgente, nenhuma empresa quer ficar para trás nas suas divulgações sobre o assunto e todas querem ser especialistas. Porém, essa corrida não é apenas marketing, uma vez que a agenda ESG é uma indicadora da sustentabilidade do negócio, ou seja, indica os potenciais riscos que podem causar a falência de uma empresa. No mundo dos negócios, ESG é essencial para atrair potenciais investidores nacionais, internacionais e clientes, por exemplo. Também é possível também observar que nas empresas de comunicação as estratégias de divulgação sobre ESG possuem, em muitos casos, o foco em uma comunicação institucional mais producente.

Aqui, entra um ponto importante: discursos e práticas devem estar alinhados. Assim, mais do que uma organização falar externamente o que ela está fazendo, é necessário que isso seja verdade. Caso não seja, os stakeholders são os primeiros a se posicionarem. De fato, atualmente, práticas de greenwashing são mais expostas e denunciadas, do que anos atrás, principalmente com o avanço tecnológico que permite uma comunicação em poucos segundos para milhares de pessoas, como nas mídias sociais.

Bom, retomando o título desse artigo, enquanto Liderança Global (Clinton Foundation - 2023), venho conversando com lideranças de diferentes países e conhecendo mais como a Agenda ESG está sendo colocada em prática ou não pelo mundo. Diante de localidades com muitos recursos e outras com poucos, as diferenças são enormes.

Por exemplo, em territórios de países em desenvolvimento, muitos, inclusive, sedes industriais de inúmeras instituições, falta o básico e a população de baixa renda enfrenta aceleradamente os impactos socioambientais e socioeconômicos das operações. Não há relacionamento com comunidades, mas as mesmas organizações divulgam que há. Não há geração de emprego e renda, saúde e segurança, educação, entre outros, pontos alinhados com os direitos humanos.

Ressalto que essa realidade não é diferente do Brasil, que não é apenas Rio de Janeiro e São Paulo e as capitais do país. Porém, muitas vezes, é nesses locais que a Agenda ESG é discutida. Traçam-se metas e objetivos que são distantes da realidade dos territórios que enfrentam os problemas ocasionados pelas as operações industriais. De fato, essa Agenda não será efetiva. Causará uma grande repercussão nacional e internacional, mas desalinhada da prática.

Por fim, a urgência quando o assunto é ESG deve ser em como ter uma Agenda organizacional de ESG que seja realista. Que se comprometa realmente com o atingimento de objetivos e metas a curto, médio e longo prazo. E, sim, a organização pode ser resistente a tudo isso, porém a sua longevidade e fonte de recursos naturais para a produção, terão prazo de validade. Sua reputação, competitividade, atração de potenciais clientes, parceiros e investidores, também terão os dias contados.

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