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“Empresas não precisam correr pela equidade de gênero, precisam de um plano”, diz Cynthia Muffuh

Para a head de direitos humanos do Pacto Global, avanço da agenda depende de políticas, revisão dos negócios e, principalmente, pessoas

Cynthia Muffuh, head de direitos humanos do Pacto Global: "Não é uma corrida, é mais sobre como entender onde a companhia está agora e como pode ser melhor todos os dias" (Pacto Global/Reprodução)

Cynthia Muffuh, head de direitos humanos do Pacto Global: "Não é uma corrida, é mais sobre como entender onde a companhia está agora e como pode ser melhor todos os dias" (Pacto Global/Reprodução)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 16 de março de 2023 às 12h00.

De Nova York*

Cynthia Muffuh, head de direitos humanos e gênero do Pacto Global, iniciativa das Organização Nações Unidas (ONU) para engajar o setor privado, participa da 67ª Commission on the Status of Women (CSW), encontro anual da comissão das Nações Unidas que promove a equidade de gênero, com o objetivo de abordar a necessidade das empresas olharem para a questão e, mais do que isso, se mobilizarem de fato. Segundo ela, em entrevista exclusiva à EXAME, o primeiro passo para essa jornada é começar. "Não é uma corrida, é mais sobre como entender onde a companhia está agora e como pode ser melhor todos os dias. Para isto, é necessário realizar uma revisão dos negócios, encontrar os problemas, criar políticas de equidade de gênero e executar um plano. As pessoas são o coração dos negócios, e isto tudo é sobre as pessoas.", afirma. Leia a entrevista exclusiva. 

Qual a importância do setor privado na CSW?

A CSW, no escritório da ONU, é um momento de mobilizar a sociedade civil pelos direitos das mulheres e em tópicos importantes para a equidade de gênero, incluindo o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5, que trata exatamente sobre a intenção de alcançar a igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Assim, a CSW é o momento de se reunir para entender se avançamos, quais os desafios temos, e como podemos agir coletivamente. Como head do Pacto Global, o braço da ONU para o engajamento das empresas, sabemos que o setor privado é essencial para a evolução do tema. E, ao falamos com as empresas, entendemos na prática como avançar uma vez que as companhias empregam pessoas, e as ODS são exatamente sobre fazer o mundo melhor para todos. As companhias precisam entender seu papel nessa jornada coletiva para a sustentabilidade em todos os países.

Aqui, estamos falando sobre como usar a influência para mudar positivamente as pessoas e, consequentemente, os negócios. Pois, as pessoas formam o coração das companhias, e as pessoas precisam dos direitos de trabalho, de saúde, e mais, para ter segurança nos seus empregos, na construção de suas famílias, etc.

Como o Pacto Global trabalha com cenários diferentes ao redor do mundo?

Temos pessoas nos ajudando em diferentes países. O Pacto Global trabalha com o que chamamos de redes locais de contato, o que nos dá a oportunidade de trabalharmos localmente e atender demandas que são diferentes. O que acontece no Brasil, provavelmente, é bastante diferente do que acontece nos Estados Unidos em termos de gênero. De todo modo, as companhias também trabalham localmente e nosso desafio é como desenvolver as oportunidades nos contextos locais.

Anteriormente, a senhora disse que estamos começando em alguns temas da equidade de gênero, por quê?

Estamos começando algumas conversas, especialmente quando falamos de homens aliados. Os direitos das mulheres são demandas bastante antigas, mas precisamos acelerar. É um absurdo que, economicamente falando, a equidade será alcançada em 130 anos. O que estamos fazendo é falar de metas para 2030 para que se possa agir de fato, pois, infelizmente, não estamos onde queremos estar.

A pandemia da covid-19 teve um impacto negativo enorme para esse resultado. Agora, o que precisamos fazer é olharmos em diferentes modos como acelerar a agenda e contar com aliados. Você ouviu o Michael Kaufman [leia aqui], o tema começou a ser abordado, mas precisamos de práticas para ser implementado.

As mulheres foram mais impactadas na pandemia da covid-19 e estão, por exemplo, nas maiores taxas de desemprego. Como mudar esse cenário de forma acelerada?

A verdade é que as mulheres sempre tiveram alguma questão que as influenciassem para baixo. Por exemplo, antes da covid-19, as mudanças climáticas, ou os conflitos em alguns países, fizeram e continuam fazendo com que elas não atinjam os espaços de liderança e de direitos nas sociedades.

O que a covid-19 fez foi exacerbar como elas estão em situações de crise. E o que acontece quando as mulheres estão em crise? No geral, isto fica subentendido e pouco abordado, porque agimos como se esse fosse o fato de sempre. Então, para mudarmos, as mulheres têm que estar no centro das agendas, não só de empoderamento feminino, mas de modo geral.

Nas mudanças climáticas, por exemplo, se as mulheres estiverem no centro, quais impactos serão mitigados? E nas companhias, o que acontece se as mulheres trabalharem de casa e tiverem mais tempo para exercer funções que, majoritariamente são delas? As companhias precisam focar em modos resilientes de agir para que as mulheres cresçam e, consequentemente, toda a sociedade.

E não tenho dúvida que não podemos esperar 2030, ou daqui 130 anos para agir. Por isto, como organização, falamos diretamente com o setor privado, que tem uma importante parte na solução. Assim, minha dica é: literalmente, comece. Se você não sabe como, entre no Pacto Global. Isto não é uma corrida, é mais sobre como entender onde a companhia está agora e como pode ser melhor todos os dias. Para isto, é necessário realizar uma revisão dos negócios, encontrar os problemas, criar políticas de equidade de gênero e executar um plano. As pessoas são o coração dos negócios, e isto tudo é sobre as pessoas.

Quando falamos de mulheres, estamos considerando também outras diversidade como racial e de orientação sexual, como lidera com essas diferentes perspectivas para se ter equidade?

Diversidade e inclusão é muito importante, mas é também um grande tema porque abrange gênero, raça, orientação sexual, deficiências e mais. As companhias devem ter diversidade e e inclusão como parte das metas de modo a ser o reflexo da sociedade. Num país como o Brasil, qual o reflexo da sociedade: a maioria feminina e negra.

Mas, por lá, o grupo de líderes reflete a diversidade? Ou mesmo globalmente falando, o mundo é feito com 50% mulheres que deveria em todos os espaços para a promoção desse reflexo de forma positiva. Ao considerar as interseccionalidades, é disto que estamos falando, sobre colocar na conversa todas as representações necessárias.

 

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