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ESG Summit organizado pela EXAME em São Paulo promoveu debates sobre soluções práticas para temas como adaptação climática e cidades mais resilientes
EXAME Solutions
Publicado em 21 de julho de 2025 às 14h49.
Última atualização em 21 de julho de 2025 às 14h55.
Reunindo grandes nomes do setor público, privado e da sociedade civil, o ESG Summit 2025 lançou um alerta: a crise climática exige ação imediata e coordenada para além dos compromissos da COP30, marcada para novembro, em Belém do Pará.
O evento organizado pela EXAME em São Paulo promoveu debates sobre soluções práticas para temas como adaptação e desenvolvimento de cidades mais resilientes, saneamento e desigualdades sociais.
“A sustentabilidade é uma agenda coletiva que exige um mutirão entre empresas, governos e sociedade civil”, destacou Renata Faber, diretora de ESG da EXAME, na abertura.
O primeiro debate destacou o simbolismo e os desafios da grande conferência do clima da ONU no Brasil, com ênfase na Amazônia no centro global das discussões ambientais.
Plínio Ribeiro, conselheiro da Ambipar, apontou que o país pode liderar soluções baseadas na natureza.
Faber complementou: “Temos a oportunidade – e eu tenho visto que a diplomacia brasileira tem feito isso – de trazer o protagonismo das pessoas daquela região. Os povos indígenas, as comunidades tradicionais são vozes que raramente são ouvidas nas COPs".
Fábio Maeda, diretor do Banco da Amazônia, lembrou que a região concentra 30 milhões de habitantes, que vivem entre desafios sociais e potencial econômico ainda pouco explorado.
Em seguida, o debate ganhou um recorte mais direto: como decisões urbanas e políticas públicas podem — ou não — funcionar na prática.
A tragédia climática no Rio Grande do Sul, em 2024, serviu de pano de fundo.
“O desastre é coletivo, mas o impacto é individual. É preciso capacitar a população para reagir em eventos extremos”, disse Leo Farah, CEO da HUMUS.
Gabriel Souza, vice-governador do estado, relatou que a tecnologia de satélites acelerou o mapeamento das enchentes e permitiu o pagamento emergencial a famílias atingidas. O estado prevê R$ 14 bilhões em investimentos até 2027.
Fernando Passalio, presidente da Copasa, defendeu ações estruturantes: “Não dá mais para reagir, temos que nos antecipar. Em Montes Claros, uma rede de 90 km resolveu um problema histórico de abastecimento”.
“As transformações acontecem por amor, dor ou inteligência. O importante é que caminhem com consistência”, disse Sonia Consiglio, do Pacto Global da ONU.
Empresas como aliadas
Outro destaque foi a relação das desigualdades sociais com a emergência climática — e o motivo pelo qual o setor privado precisa assumir um papel ativo.André Machado, do Instituto Trata Brasil, trouxe os números: mais de 90 milhões de brasileiros vivem sem coleta de esgoto, e 30 milhões sem água potável.
“Essas carências atingem principalmente mulheres, pessoas negras e indígenas, com baixa renda e escolaridade. Sem saneamento, não há saúde, não há educação, não há mobilidade social”, alertou.
Na saúde, Gustavo Meirelles, da Afya, apresentou um estudo que liga a instalação de faculdades de medicina a quedas em internações e melhorias em indicadores de saúde pública.
“Cada real investido em uma nova faculdade de medicina gera um retorno social de R$ 3,06. Além de formar médicos, conseguimos fixá-los em regiões que historicamente sofrem com a ausência de profissionais”.
Milene Maués, do Fundo Hydro, compartilhou a experiência de Barcarena (PA), onde projetos com foco em bioeconomia e saneamento têm sido desenvolvidos com participação direta de comunidades locais e universidades.
Os especialistas concordaram que o engajamento de stakeholders, ou partes interessadas, é necessário em uma cultura ESG (meio ambiente, social e governança) verdadeira.
Lia Rizzo, editora de ESG da EXAME, resumiu: “Tudo que debatemos ao longo do dia não faz sentido se não ecoar para além desta sala”.
Waldir Beira Junior, CEO da Ypê, contou como a sustentabilidade está na origem da companhia. Hoje, com mais de 10 mil colaboradores diretos e indiretos, a empresa integra critérios socioambientais na cadeia de fornecedores.
“Nosso modelo de ESG é integrado à estratégia do negócio. Ter responsabilidade socioambiental pode ser economicamente viável e vantajoso”. Durante o evento, a Ypê lançou seu Relatório de Impacto Ambiental e Social 2024, com dados e compromissos atualizados.
Sonia Consiglio, do Pacto Global da ONU, reforçou que a pandemia acelerou a percepção sobre a interdependência entre saúde, meio ambiente e economia.
“Sustentabilidade nunca foi fácil, mas sempre foi possível. Hoje estamos vendo quem de fato entendeu que ESG é estratégico e quem tratava como modismo”. E completou: “As transformações acontecem por amor, dor ou inteligência. O importante é que caminhem com consistência. E ninguém muda cultura do dia para a noite”.
As práticas sustentáveis com impacto social e a adoção da certificação conhecida no setor como "empresas B" também foi celebrada.
Cinthia Gherard, do Sistema B Brasil, trouxe os dados: o país já soma 340 certificadas, com mais de 85% sendo pequenas e médias. “As grandes têm um papel essencial por seu poder de influência e capacidade de mobilizar cadeias inteiras”.
Mário Rezende, da Danone, e Fernanda Facchini, da Natura, compartilharam as experiências de suas companhias. “Ser sustentável é também uma questão de produtividade”, disse Rezende, destacando práticas como agricultura regenerativa e redução de resíduos.
Já Facchini apontou que a certificação ajudou a institucionalizar práticas já adotadas pela Natura: “Em um mundo em que muita gente fala e pouca gente prova, a certificação B se tornou uma chancela importante”.