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Blisters biodegradáveis, da embalagem dos medicamentos, podem levar de cinco a dez anos para se decompor, aponta ACG (Stock.xchng/forwardcom/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 28 de março de 2024 às 12h25.
Última atualização em 1 de abril de 2024 às 11h58.
A ACG Packaging Materials, empresa do setor de embalagens plásticas, desenvolveu um plástico biodegradável que se degrada em até dez anos no aterro sanitário, inovação que pode reduzir a produção de plásticos tradicionais nos setores financeiro e de saúde.
A empresa, que cria embalagens e soluções para as indústrias farmacêutica e de cartões bancários, desenvolveu uma tecnologia para incluir aditivos para a produção de um PVC de rápida decomposição, chamado de Bio D. Dessa forma, quando descartado, a ação de bactérias em aterros altera a estrutura química do material, acelerando sua degradação.
De acordo com o CEO da ACG Packaging Materials América Latina, Daniel Aymard, o objetivo da criação era resolver o problema da geração de resíduos na indústria farmacêutica. Os blisters, plásticos que envolvem capsulas e pílulas de medicamentos, são PVCs de vida útil curta, mas com uma decomposição que pode levar até 500 anos.
“Desde os anos 1960, quando a indústria começou a desenvolver soluções para as farmacêuticas, nossa consciência sobre a preservação do meio ambiente aumentou. Por isso, buscamos uma solução mais sustentável para essa realidade”, conta o CEO.Em um aterro sanitário, explica Aymard, a temperatura pode alcançar de 25 °C a 60 °C, o que influencia no tempo de decomposição do produto: na temperatura mais baixa, o PVC levaria dez anos para se desintegrar, mas, com a temperatura máxima atingida, o plástico criado pode se degradar completamente em cinco anos. A ACG ainda garante que o produto passa a se degradar apenas nas condições de temperatura, umidade e acidez de um aterro.
A preocupação durante o desenvolvimento, segundo o CEO, era que a indústria não perdesse produtividade no manuseio do material. De acordo com Aymard, a produção se assemelha ao PVC comum em todas as esferas de performance, o que pode garantir uma maior adesão da indústria ao plástico biodegradável.
O custo para a produção, no entanto, é 25% mais caro que o PVC comum. De acordo com Aymard, o motivo é a produção mais longa e complexa do que o feito no plástico comum para embalagens. Para o cliente final, o custo não aumentaria. “A embalagem representa até 2% do preço do medicamento. Um aumento de 25% nessa fatia não é de grande impacto para o consumidor, seria questão de centavos de aumento”, conta.
Mesmo assim, para Aymard, o produto se destaca no custo-benefício. Ele explica que a maior preocupação sobre a gestão dos resíduos beneficia a produção de produtos biodegradáveis, e que evitar a produção de plásticos duráveis ajuda a reduzir os custos com o lixo posteriormente.
A expectativa é que a indústria bancária seja mais receptiva para o produto a primeiro momento. Isso porque a regulação para a produção dos cartões é mais flexível — em algumas financeiras, os cartões já são produzidos a partir de plásticos reciclados, o que pode abrir portas para a inclusão do plástico biodegradável também. Para as farmacêuticas, a preocupação é com os critérios de regulamentação das embalagens, o que ainda deve atrasar a adesão da indústria a métodos mais sustentáveis.