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Rafael Costa, diretor comercial da Embalixo (Embalixo/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 26 de abril de 2024 às 07h00.
Última atualização em 26 de abril de 2024 às 11h15.
Como uma empresa que vende um produto de plástico pode se aliar as práticas de redução do material? É esse tipo de questionamento que está no radar dos líderes da Embalixo, fabricante de sacos para lixo. Fundada há 20 anos por João Costa, a empresa familiar de Hortolândia, no interior de São Paulo, pretende que 70% da matéria-prima seja plástico reciclado em até cinco anos -- atualmente 20% é insumo reciclado. Para isto, a Embalixo anuncia o investimento de 50 milhões de reais na construção de uma usina própria.
"A indústria do plástico não é vilã, mas precisa fazer parte da solução na economia circular. Pensando nisto, estamos instalando os maquinários para a inauguração da usina de recilagem em julho. Também estamos fortalecendo parcerias com indústrias e varejos para recebermos os plásticos que seriam descartados", afirma Rafael Costa, diretor comercial da Embalixo em entrevista à Exame. Atualmente, a recicladora própria recebe aparas e materiais que seriam perdidos no processo de produção.
Desde o início da pandemia da covid-19, a Embalixo tem estudado e lançado uma diversidade de produtos com apelo socioambiental. Em julho de 2020, por exemplo, foi desenvolvido, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um plástico antiviral comercializado e doado para o uso em hospitais da região.
Já no ano passado, após se tornar signatária do Pacto Global da ONU - Rede Brasil, a companhia aderiu ao movimento Blue Keepers, iniciativa de combate à poluição crônica do oceano e bacias hidrográficas por resíduos sólidos. No Brasil, cerca de 2,3 milhões de toneladas do material, ou 67% de todo o plástico que pode chegar aos mares brasileiros por ano, podem vir de bacias hidrográficas de alto risco. "Ali iniciamos também a parceria com o Instituto Argonautas para entender como poderíamos atuar em cidades litorâneas", diz Costa.
A primeira compreensão foi sobre a baixa coleta de plásticos flexíveis pelos catadores, por questões de volume e renda. "O material precisava ser mais atrativo para eles". Assim, um trabalho foi estruturado para que três cooperativas passassem a coletar o plástico no mar, os separassem por tipo e recebessem mais na venda. "Estamos pagando 50% a mais do que eles normalmente receberiam. Também estamos promovendo a conscientização da importância da separação, por exemplo, para a geração de maior valor agregado e aumento do interesse da indústria".
Atualmente, 10 milhões de reais estão sendo investindos para o uso de plástico retirado dos oceanos. A companhia já conseguiu lançar a linha Oceanos e visa retirar 150 toneladas de plásticos dos mares nos próximos 12 meses. "Tivemos cerca de 40 funcionários dedicados ao desenvolvimento do produto. É uma iniciativa significativa para a indústria, visto que estamos dando escala ao saco para lixo produzido com esse tipo de plástico".
Para Costa, os desafios de inovação começam na percepção do brasileiro sobre o entendimento do produto. "Muitos ainda não entendem que o saco para lixo é mais resistente e próprio para os diferentes tipos de resíduos do que uma sacola plástica do supermercado, por exemplo. Nestes 20 anos de empresa, buscamos inovar e comunicar a importância do item para a higiene e até mesmo a saúde", diz.
De olho no mercado, a Embalixo, que espera faturar 360 milhões de reais em 2024. Entre os produtos que contribuem com a receita estão um sacos veganos, que não utilizam tintas de origem animal; sacos com repelentes de mosquistos e sacos com alças. "Consideramos que 45% dos nosso produtos hoje são inovadores e vão além do tradicional saco para lixo. Isto nos permite crescer e conquistar consumidores com diferentes necessidades".