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Camila Valverde, diretora da Frente de Impacto e COO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil. (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 11 de março de 2024 às 10h00.
Última atualização em 11 de março de 2024 às 18h53.
O Pacto Global da ONU - Rede Brasil promoverá, com uma delegação com cerca de 150 pessoas, eventos paralelos à 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres (CSW), em Nova York, nesta quarta e quinta-feira, 13 e 14 de março, com cobertura da EXAME. A intenção é debater – em diferentes esferas – a importância do comprometimento das empresas na defesa dos direitos humanos das mulheres e meninas, especialmente, daquelas que enfrentam múltiplas vulnerabilidades.
As iniciativas, que acontecem em Yale e na própria sede das Organizações das Nações Unidas, reunirão nomes como a deputada federal Benedita da Silva; Cida Gonçalves, ministra das Mulheres do Brasil; Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos; entre outras lideranças empresariais, representantes da sociedade civil, membros da imprensa, autoridades da ONU e autoridades governamentais.
Também fazem parte da delegação brasileira personalidades e influenciadoras como Rafa Brites, Cris Guterres, Leticia Vidica e Monique Evelle. A programação paralela do Pacto Global da ONU - Rede Brasil à CSW tem Instituto Avon e YouTube como apoiadores e 1MiO e Global Citizen como parceiros institucionais.
“Todas as nossas iniciativas, debates e premiações em Nova York abrangem diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mas, principalmente, o ODS 5, de igualdade de gênero. A desigualdade que atinge mulheres e meninas é uma pauta urgente e até tardia, sobretudo em países como o Brasil. Precisamos avançar nessa agenda e é missão do Pacto Global trazer as lideranças das empresas à ação e ajudar as organizações”, explica Camila Valverde, diretora da Frente de Impacto e COO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.
No dia 13, quarta-feira, um café da manhã no The Yale Club of New York City abre a programação paralela à CSW promovida pelo Pacto Global e contará com a presença de Sanda Ojiambo, assistente do Secretário-Geral e CEO do Pacto Global; Ana Fontes, delegada líder do Brasil no W20, vice-presidente do Conselho de Administrativo do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, fundadora e presidente da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME; Camila Valverde, COO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil; e Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil; entre outros nomes.
Resultados de pesquisas e trabalhos relevantes serão apresentados ao longo do dia 14, quinta-feira, em uma extensa programação, com falas de Rachel Maia, presidente do Conselho Administrativo do Pacto Global da ONU – Rede Brasil na abertura, da deputada Benedita da Silva e da jornalista Vera Magalhães, ambas como keynote speaker, e de Cida Gonçalves, Ministra das Mulheres do Brasil, e Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, em debates com os temas ‘Substantivo Feminino’ e ‘Avançando o setor empresarial promovendo políticas públicas’, respectivamente.
Neste dia, o Datafolha anuncia os dados preliminares do Censo de Inclusão Produtiva LGBTQIAPN+, realizado em uma parceria inédita do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, Almap BBDO e Nhaí, cuja CEO é Raquel Virginia, ativista e integrante do Comitê de Sustentabilidade do Pacto Global. Trata-se do primeiro estudo aprofundado que visa coletar dados qualificados sobre a inclusão dessa população no ambiente de trabalho. Haverá também a apresentação do Mapa Nacional da Violência de Gênero, uma plataforma interativa, criada pelo Instituto Avon, em parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência do Senado Federal.
No mesmo dia, Guilherme Nascimento Valadares, do Instituto PDH e Papo de Homem, vai detalhar a pesquisa ‘Meninos: Sonhando com os Homens do Futuro’, uma investigação internacional que mapeia os medos, as dores, os desafios e os sonhos poderosos dos rapazes de hoje. O projeto entrevistou meninos de 13 a 17 anos, buscando compreendê-los para a criação de ferramentas que sejam acolhidas e façam sentido para o desenvolvimento deles.
Ainda no dia 14, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil vai anunciar as práticas vencedoras das empresas em uma premiação promovida pelos Movimentos da Ambição 2030 na área de Direitos Humanos e Trabalho da instituição. Maite Schneider, fundadora da Transempregos, e a jornalista Cris Guterres serão as mestres de cerimônia do evento, que contará com uma performance musical da cantora Raquel.
“Por meio do Elas Lideram 2030, Raça é Prioridade, Salário Digno e Mente em Foco, Movimentos do Pacto Global, iremos premiar as melhores práticas adotadas por empresas participantes no último ano. Esse reconhecimento é um dos eixos da nossa estratégia de alavancagem da Ambição 2030, iniciativa criada para acelerar a jornada das empresas no cumprimento dos ODS”, diz Tayná Leite, Head de Direitos Humanos e Trabalho do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.
A CSW é o principal fórum de negociação e monitoramento dos compromissos internacionais sobre direitos humanos das mulheres. Na programação oficial da ONU, autoridades dos mecanismos das mulheres, sociedade civil e especialistas participam nas reuniões anuais. A situação das mulheres e das meninas no mundo é muito preocupante.
De acordo com dados da ONU Mulheres e da ONU DESA (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas), se os padrões atuais persistirem, prevê-se que aproximadamente 8% da população feminina global (342,4 milhões de mulheres e mulheres) viverá com menos de 2,15 dólares por ano/dia até 2030.
No Brasil, segundo dados do IBGE, as taxas de pobreza caíram de 36,7% para 31,6% em 2022. Porém, considerando os dados da população negra, 40% eram pobres em 2022, o dobro da taxa da população branca (21%). O arranjo domiciliar formado por mulheres pretas ou pardas, sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos, concentrava a maior incidência de pobreza: 72,2% dos moradores desses arranjos eram pobres.
São alarmantes os mais recentes resultados para gênero do Observatório 2030, criado pelo Pacto Global – Rede Brasil para apoiar o setor empresarial com dados e evidências para fortalecer as ações empresariais rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aumentar o grau de ambição das metas das companhias no Brasil. Os indicadores utilizados são de empresas com atuação no Brasil, agrupados em uma amostra que utiliza os seguintes critérios: (1) empresas listadas na Bolsa de Valores, (2) reportam nos padrões do Global Reporting Initiative (GRI) e (3) são participantes do Pacto Global.
O indicador “percentual de pessoas colaboradoras negras no quadro funcional das empresas”, no 1º ciclo de coleta de dados, apontou que 15 das 82 empresas da amostra divulgavam a informação. Já no 2º ciclo, apenas 9 empresas das 109 empresas analisadas reportaram os dados. Ou seja, houve uma queda de 40%, que representa uma piora significativa considerando o amplo debate e relevância da inserção de mulheres negras no mercado de trabalho.
Também é analisado o “percentual de mulheres em cargos de Alta Administração das empresas”. O setor de Saúde e Educação, com o maior número de mulheres em seu quadro de pessoas colaboradoras, era o que possuía a menor representatividade feminina em cargos de liderança. Ainda neste mesmo setor, houve somente um aumento 9,17% para 18,66% no que se refere a mulheres no Conselho de Administração, ainda considerado baixo.
O setor de TI e Telecom possui o maior número de mulheres no Conselho (29,12%). O menor número de mulheres em cargos de Conselho se concentra no setor de Siderurgia e Mineração (8,77%), que também possui o menor percentual de mulheres em todo o quadro de pessoas colaboradoras.
Já em cargos de Diretoria Executiva, o setor com maior percentual de mulheres é o de Indústria e Infraestrutura (4,27%), com cinco empresas respondentes. Com exceção de Utilities e Siderurgia e Mineração, todos os setores possuem mais mulheres em cargos de Conselho de Administração do que na Diretoria Executiva.
Com exceção de cargos de média liderança (Diretoria, Gerência e Coordenação), identifica-se uma estabilidade no percentual médio de mulheres no quadro de pessoas e na Diretoria Executiva e um aumento de 4,28 % de representatividade feminina no Conselho de Administração, que, no período, passou de 14,77% para 19,05%.