Edu Lyra (Leandro Fonseca/Exame)
Em vídeo compartilhado na manhã de hoje, 23, o CEO da Gerando Falcões fez um chamado público ao setor privado, em especial às grandes corporações: passem a fomentar a agenda de contribuições e doações também para as comunidades carentes do país.
Para ele, o momento econômico e social exige um maior engajamento das empresas em ações filantrópicas em favelas. “Não existe outro caminho”, disse. “Se as empresas não embarcarem, a curva de doações será lenta e ineficaz — o que também será tarde demais para as famílias que estão na ponta”, afirmou Lyra em entrevista à EXAME.
As doações de recursos corporativos para acelerar a vacinação e ampliação dos leitos de UTI são válidas, mas as empresas também devem focar no auxílio a comunidades carentes. Do contrário, a curva de contaminação não se findará tão cedo, segundo Lyra. “Com o lockdown nas favelas o efeito é o contrário: a população fica exposta. Se o morador não tiver a mínima condição alimentar de ficar em casa, ele obviamente não vai cumprir o isolamento”.
O sistema de match funding (que consiste na escolha de causas sociais por empresas, que dobram as doações feitas por cada colaborador a ONGs que se alinham com os propósitos selecionados) é o melhor caminho para se chegar a esse resultado, segundo Lyra. "Vejo duas saídas nesse cenário e para um maior engajamento de empresas: elas [empresas] podem doar de seus recursos próprios ou engajar seus colaboradores no esquema de ‘match’, mas garantindo que esse recurso chegará às favelas”.
A Gerando Falcões criou, em 2020, a campanha “Corona no Paredão — Fome não”, que visa arrecadar cestas básicas digitais para a alimentação da população de comunidades carentes de todo o Brasil. As doações foram distribuídas entre as organizações que fazem parte da rede, que ficaram a cargo de entregar os cartões de vale-alimentação para as famílias. No último ano, a campanha arrecadou 25 milhões de reais, beneficiou mais de 500.000 pessoas e 27.000 cartões foram entregues.
O projeto foi eleito na categoria de "Legado Pós-Pandemia" em premiação de empreendedorimo social em 2020. Com o agravamento da pandemia, a campanha foi reativada nesta semana. Com o vídeo, Lyra esperava que, até o final do dia, empresas aderissem ao chamado.
Em resposta, empresas como Oracle já se comprometeram a ajudar e iniciar ações de match funding entre os colaboradores. A meta é arrecadar, no mínimo, 25 milhões de reais até o final da campanha.