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EDP vai gerar apenas energia renovável e eletrificar a frota até 2030

Empresa se compromete a fazer uma redução de 85% nas emissões de carbono de acordo com o padrão internacional Science Based Target, o mais exigente do mundo

Fazenda solar da EDP construída para a Johnson & Johnson: empresa terá apenas geração renovável no portfólio (Johnson & Johnson/Divulgação)

Fazenda solar da EDP construída para a Johnson & Johnson: empresa terá apenas geração renovável no portfólio (Johnson & Johnson/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 08h19.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2021 às 22h30.

A EDP, empresa de transmissão, distribuição e geração de energia de origem portuguesa, se comprometeu a reduzir em 85% suas emissões de carbono em relação a 2017. O empenho teve aprovação da iniciativa Science Based Targets (SBTi), criada por um grupo de entidades ligadas ao combate às mudanças climáticas, entre elas o Pacto Global da ONU (parceiro institucional da EXAME no canal ESG), o Carbon Disclosure Project (CDP) e o World Wildlife Fund (WWF). É a primeira vez que uma empresa do setor elétrico que atua na América Latina recebe essa anuição.

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Para atingir a meta, a empresa terá de fazer alguns ajustes na sua operação. O mais relevante será se livrar por completo de todos os ativos de geração não renovável, em especial sua usina termelétrica localizada no complexo portuário de Pecém, no Ceará. Inaugurada em 2012 e fruto de um investimento de 3 bilhões de reais, a unidade tem capacidade de geração máxima de 5.500 gigawatts-hora (GWh). A usina será vendida ou descomissionada.

No último trimestre do ano passado, a termelétrica foi responsável por 36% da venda consolidada de energia da empresa – um porcentual significativo, embora tenha sido inflado pelo mau desempenho das suas usinas hídricas, que tiveram queda superior a 50% em volume comercializado. “Não é uma tarefa trivial”, afirma Dominic Schmal, gestor executivo de sustentabilidade da EDP. Segundo Schmal, ativos de energia não renováveis atualmente são pouco atrativos, quando se olha para o futuro do mercado de energia. “Ativos não renováveis terão dificuldade de financiamento ou ficarão encalhados”, diz.

Outra ação da companhia para atingir o objetivo de descarbonização será a eletrificação de toda sua frota de veículos leves no Brasil. Com essas iniciativas, a expectativa é de evitar a emissão de 8 milhões de toneladas de gases do efeito estufa, até o final do período.

Mobilização empresarial    

Segundo Carlo Pereira, diretor executivo da Rede Brasil do Pacto Global, há uma grande mobilização empresarial em torno da questão climática. “Nem o ambientalista mais otimista apostaria nesse nível de mudança de mentalidade”, afirma. Mais de 1.000 grandes companhias globais fizeram compromissos baseados no Science Based Target. Essas metas estão alinhadas com o que a ciência do clima considera necessário para limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, nos próximos 30 anos. Para isso, é necessário reduzir as emissões globais pela metade, até 2030, e zerá-las até 2050.

Essa agenda deve se intensificar com a chegada de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos. Segundo Pereira, com a liderança de John Kerry, ex-secretário de estado no governo Barack Obama, nomeado por Biden como enviado especial da Casa Branca para o clima, o novo presidente americano deixa claro que considera a transição energética necessária, e criará as condições para isso. “É o governo dando um sinal. As empresas que não se adequarem estarão fora do jogo”, diz o diretor-executivo.

Para Schmal, é clara a mudança de perspectiva dentro do setor empresarial em relação às questões climáticas. “Antigamente, as reuniões sobre sustentabilidade eram quase secretas. A gente tinha medo de falar em voz alta”, brinca. “Hoje, o tema pauta as reuniões de conselho.”

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