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É difícil trabalhar no modelo remoto?

Como em qualquer método de trabalho, há vantagens e desvantagens. Porém, é preciso se perguntar se a dificuldade está no modelo ou na resistência à mudanças, escreve Pedro Paro

Home office: modelo apresenta desafios, como o de mudar a cultura de trabalho, mas traz diversos benefícios para empresas e funcionários (Getty Images/Divulgação)

Home office: modelo apresenta desafios, como o de mudar a cultura de trabalho, mas traz diversos benefícios para empresas e funcionários (Getty Images/Divulgação)

Pedro Paro
Pedro Paro

Colunista

Publicado em 16 de abril de 2024 às 09h33.

Você provavelmente concorda com esse título, já disse isso ou pelo menos ouviu alguém dizendo: “é dificil trabalhar no modelo remoto”. Sim, existem vários prós e contras do modelo remoto, assim também como existem vários prós e contras do modelo presencial. Por isso, pessoalmente, prefiro o modelo híbrido, e pretendo no próximo artigo abordar essas diferentes perspectivas. 

Contudo, se você concorda com o título desta reflexão, está tudo bem. Mas talvez seja importante fazer uma autoavaliação crítica e se perguntar: é apenas uma preferência pessoal ou estou operando sob os paradigmas da velha economia? Vou me explicar. 

Um modelo é apenas um modelo, portanto, o problema não é o modelo em si, mas como estamos utilizando este modelo em determinado contexto.  Por exemplo, escolher entre o modelo remoto, presencial ou híbrido é como escolher entre diferentes tipos de bicicletas – existem bicicletas de trilha (mountain bike), bicicletas de estrada (speed) e até mesmo bicicletas para o cenário urbano (dobráveis).

O desafio não está necessariamente na bicicleta em si, mas em como nos adaptamos a ela, como a utilizamos e, crucialmente, em nossa compreensão dos contextos em que cada uma dessas bicicletas se sai melhor. Da mesma forma, há pessoas que, por falta de prática ou conhecimento, dizem que não sabem andar de bicicleta. Aqui, o problema não está na bicicleta, mas na necessidade de desenvolver as habilidades para utilizá-la corretamente.

Sem julgamentos aqui; é uma constatação. Com algumas pessoas, pedalar no modelo remoto é uma jornada árdua e cansativa, enquanto para outras, é uma aventura gratificante e cheia de liberdade. A bicicleta, ou melhor, o modelo de trabalho, é apenas um veículo. O que realmente conta é como nos movimentamos com ele, e a verdade é que alguns de nós ainda estão tentando encontrar o equilíbrio, lidando com resistências internas, hábitos antigos e, às vezes, traumas não reconhecidos que complicam o trajeto.

Você pode estar se perguntando: "Vícios e traumas? Como assim?" É claro que o contato humano faz toda a diferença nas relações humanas, e pretendo no próximo artigo abordar os prós e contras de cada modelo. No entanto, trago aqui uma reflexão sobre o quanto existe resistência à mudança, necessidade de controle excessivo, dificuldade em confiar nas equipes que não estão sob o mesmo teto. Esses são apenas alguns dos obstáculos que encontramos ao mudar para o trabalho remoto.

"No entanto, a questão não é o trabalho remoto em si ser difícil; são as práticas antiquadas e a mentalidade que não se atualizam conforme a evolução dos ambientes de trabalho"

Pedalar nesse novo terreno do trabalho remoto exige uma transformação não só nos processos, mas na cultura organizacional como um todo. Precisa-se de liderança baseada em confiança, não em vigilância; comunicação clara e eficaz, não em suposições; e, acima de tudo, uma mentalidade aberta para se adaptar às necessidades dos colaboradores, das demais lideranças, dos clientes e do próprio mercado, mantendo o equilíbrio entre a produtividade e o bem-estar de todos.

Então, será que estamos resistindo à mudança, lutando contra a maré, quando na verdade poderíamos estar ajustando nossas marchas e aproveitando a jornada? É momento de reflexão: existem barreiras legítimas que precisamos superar para tornar o trabalho remoto, presencial ou híbrido mais efetivo para nós e para nossas equipes?

Encorajo a todos nós, líderes, gestores e colaboradores, a refletir sobre como podemos transformar esses desafios em oportunidades. A tecnologia avançou para facilitar esses novos modelos de trabalho, mas a verdadeira mudança começa conosco. Ajustar-se ao trabalho remoto ou híbrido não é apenas uma questão de selecionar as ferramentas certas, mas de adaptar nossa mentalidade e nossas práticas de trabalho.

A mudança pode ser desconfortável, sim. Contudo, quando abraçamos esse desconforto com uma mentalidade de crescimento, descobrimos novos caminhos para inovar, colaborar e, finalmente, prosperar. O trabalho remoto, como qualquer bicicleta, não é intrinsecamente difícil; o desafio está em como nos adaptamos e evoluímos com ele.

Portanto, da próxima vez que se pegar pensando "é difícil trabalhar no modelo remoto", questione-se: Estou vendo isso como um obstáculo intransponível, ou como uma oportunidade para ajustar minhas marchas e desfrutar de uma nova maneira de pedalar? Sua resposta pode não apenas mudar sua experiência de trabalho, mas também o impacto que você tem em sua equipe e organização.



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