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A alta no comércio online passou a responsabilidade pelo descarte de papelão para os consumidores, segundo empresa de coleta estadunidense (Clodagh Kilcoyne/Reuters)
O pico nas vendas online graças à pandemia teve consequências que vão além da digitalização e mudanças nos hábitos de consumo. Compradores estão tendo dificuldade de descartar corretamente embalagens de produtos e nunca se acumulou tanto papelão nas ruas, segundo a empresa de coleta norte-americana Republic Services.
A companhia relatou um aumento de 25% nas coletas de resíduos feitos em residências. Ao mesmo tempo, a coleta em estabelecimentos comerciais caiu cerca de 30% no último ano.
Diferente do que era visto no passado, as empresas não são mais as únicas responsáveis pelo descarte das embalagens em papelão, tendo em vista a redução da participação das lojas físicas no dia a dia do varejo. Agora, por via de regra, os grandes programas de reciclagem corporativos são substituídos pelo descarte individual - das casas para as calçadas.
Em entrevista ao portal de notícias The Verge, a vice-presidente sênior da Fiber Box Association, um grupo comercial que representa fabricantes de embalagens de papelão ondulado nos Estados Unidos, Rachel Kenyon, as empresas varejistas ainda têm um longo trabalho pela frente para fazer com que suas embalagens mantenham boa circularidade. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental do país, os níveis de reciclagem do material têm sido de 90% desde 2011.
A demanda por mais caixas de papelão vem após uma explosão de e-commerce impulsionada pela pandemia em 2020 - o que também acelera a circularidade do material e a capilaridade dos programas de revenda. A Republic Services viu um aumento de 2% na quantidade de papelão revendido no último ano.
O problema, no entanto, está relacionado à educação ambiental da população - que muitas vezes desconhece as práticas adequadas de descarte. No caso dos Estados Unidos, um desafio adicional tem ligação com a estrutura de coleta nacional: cerca de 40% dos americanos não têm acesso a recipientes para depositar seus recicláveis nas ruas, de acordo com um estudo da SPC, associação que auxilia empresas a definir estratégias efetivas no descarte de embalagens.
A convivência com o lixo já se tornou um desafio para a humanidade, e o problema é ainda mais grave no caso do plástico. Um estudo da revista científica Science estima que mais de 20 milhões de toneladas de resíduos provenientes de polímeros acabarão nos oceanos até 2030. O volume equivale a 11% de todo lixo plástico gerado globalmente.
A Amazon, por exemplo, foi recentemente acusada de contribuir para a poluição plástica nos oceanos. Um relatório da organização sem fins lucrativos Oceana diz que a varejista despejou 210 milhões de quilos de plástico nos oceanos nos últimos anos.
Para manter os bons níveis da última década, há a necessidade de as empresas repensarem o design de seus produtos, favorecendo cada vez mais os componentes recicláveis e de fácil descarte, além de investir em conscientização ambiental e educação de seu público consumidor.