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Dos canaviais para a Semana de Design de Milão

Resina de bioplástico 100% biodegradável, produzida no Paraná, é o principal material das peças da designer Patricia Urquiola feitas para a marca Etel

Movelaria: mesa de centro é uma das peças da coleção feita com bioresina (Divulgação)

Movelaria: mesa de centro é uma das peças da coleção feita com bioresina (Divulgação)

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 16 de abril de 2024 às 15h20.

Última atualização em 16 de abril de 2024 às 16h18.

Uma resina de bioplástico produzida no Brasil, feita a partir da fermentação da cana-de-açúcar, está entre os materiais mais nobres, criativos e inovadores da Fuorisalone, a Semana de Design de Milão, na Itália, que começou na segunda-feira, 15 e vai até o dia 21.

Elaborado pela ERT (Earth Renewable Technologies), empresa com fábrica em Curitiba, o bioplástico derivado da cana-de-açúcar foi transformado em peças de design  no principal evento do setor no mundo.

A resina 100% biodegradável e compostável da ERT foi usado em peças da designer Patricia Urquiola para a coleção que a marca Etel levou para Milão.

Nada de lixo

A matéria-prima, que neste caso foi transformada em resina, é descartada em processos tradicionais, ou seja vira lixo, ou, na melhor das hipóteses, é utilizada na compostagem, transformado em adubo. Como resina, no entanto, virou mesas centrais e laterais, que compõem a coleção Naturalia, da Etel, conhecida pela estética modernista.

Como explica a ERT, a coloração da resina ocorre pela combinação de vários tipos de argila, conferindo uma aparência de pedra/granito à distância, enquanto as ervas incorporadas fornecem não apenas apelo visual, mas também uma experiência holística.

O bioplástico da ERT, diferentemente de outros práticos verdes, não gera microplástico - que contamina solo e oceanos - e se tem 100% de decomposição quando descartado. Isso porque o material foi feito com a cana-de-açúcar já com o objetivo de, ao final da sua vida útil, se decompor.

Outros usos

O material, também conhecido como “plástico-planta”, é uma alternativa sustentável à produção de sacolinhas de supermercado, sacos de lixo, canudos e embalagens, além de pratos, copos, talheres e outros tipos de descartáveis. O plástico verde da ERT é usado por empresas como iFood, 5aSéc e Havaianas.

Segundo o CEO da ERT, KIM Fabri, o potencial do agro brasileiro foi determinante na decisão de trazer a tecnologia do bioplástico, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Clemson, na Carolina do Sul (EUA), para o Brasil.

“O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e podemos ser um dos líderes em produção de plástico compostável”, diz o CEO.

Atualmente, a resina é feita de poliácido lático (também conhecido como PLA), obtido pela fermentação da cana-de-açúcar, que a ERT ainda traz de países da Ásia e EUA. No entanto, a empresa tem planos para desenvolver o material no Brasil dentro de dois anos.

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