ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Do saneamento à saúde, Brasil é o retrato das diferenças abissais

Das seis cidades melhores colocadas na média dos indicadores, cinco são das regiões Sul e Sudeste; das seis piores colocadas, quatro estão no Norte

Efeitos: falta de saneamento agrava problemas de saúde (Getty Images)

Efeitos: falta de saneamento agrava problemas de saúde (Getty Images)

Publicado em 26 de março de 2024 às 15h14.

A primeira edição do Mapa da Desigualdade entre as capitais brasileiras, lançado nesta terça-feira, 26, pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), compara 40 indicadores das 26 capitais brasileiras em áreas como educação, saúde, renda, habitação e saneamento.

Os dados confirmam como diferenças regionais são enormes e estão diretamente ligados aos investimentos em políticas públicas. Por exemplo, 100% da população de São Paulo é atendida por esgotamento sanitário, enquanto em Porto Velho, apenas 5,8% da população tem esse acesso.

Sobre esse dado, o coordenador geral do instituto, Jorge Abrahão, faz uma ressalva. Embora os dados oficiais indiquem que 100% da população paulistana tem acesso a esgotamento sanitário, o índice não reflete totalmente a realidade.

“É verdade que em uma cidade como São Paulo há algumas áreas de ocupações irregulares, muitas delas que não têm essa questão resolvida. Mas isso acaba não aparecendo nesses dados oficiais”, explica.

As condições de saúde, também ligadas à carência na oferta de saneamento básico, também refletem as distorções brasileiras. Cuiabá é a melhor capital no quesito 'doenças relacionadas ao saneamento ambiental' (índice de 0,288 por 100 mil habitantes). Já Boa Vista tem a pior posição (índice de 12,74 por 100 mil habitantes). A diferença entre as duas capitais é de 44,2 vezes.

Ranking

O dado oficial pode não refletir totalmente a realidade brasileira, mas o estudo demonstra a grande desigualdade de condições entre os estados brasileiros. Isso é reforçado quando se analisa o desempenho de cada capital brasileira frente aos 40 indicadores.

Curitiba, por exemplo, é o destaque positivo, aparecendo na primeira posição do ranking das capitais, com 677 pontos, seguida por Florianópolis, Belo Horizonte, Palmas e São Paulo.

“Mesmo as cidades melhores colocadas [no ranking] trazem desafios”, diz Abrahão. “Eu olharia com uma visão positiva esse resultado [de Curitiba], mas entendendo que ele encerra alguns desafios que Curitiba ainda não conseguiu resolver.”

Já na outra ponta do ranking está Porto Velho, a capital com o pior desempenho, com 373 pontos. Além dela, aparecem no outro extremo da tabela as cidades de Recife, Belém, Manaus e Rio Branco.

Veja o ranking completo das capitais, da menos para a mais desigual:

  1. Curitiba
  2. Florianópolis
  3. Belo Horizonte
  4. Palmas
  5. São Paulo
  6. Vitória
  7. Cuiabá
  8. Porto Alegre
  9. Goiânia
  10. Campo Grande
  11. Rio De Janeiro
  12. Natal
  13. Boa Vista
  14. Teresina
  15. Aracaju
  16. João Pessoa
  17. Salvador
  18. Macapá
  19. São Luís
  20. Fortaleza
  21. Maceió
  22. Rio Branco
  23. Manaus
  24. Belém
  25. Recife
  26. Porto Velho

Extremos

Das seis cidades melhores colocadas na média dos indicadores, cinco são das regiões Sul e Sudeste. E das seis piores colocadas, quatro estão no Norte, cita o coordenador.

“O Brasil é muito eficiente em produzir políticas para gerar desigualdade. E é por isso que nós estamos nesse local, eu diria, vergonhoso de ser um dos dez países mais desiguais do mundo. Se a gente foi capaz de chegar nesse ponto, a gente é capaz de reverter isso com políticas que sejam proporcionadas com esse olhar", afirma Abrahão.

O coordenador geral do instituto salienta que essas desigualdades sociais estão intimamente ligadas à questão econômica: "sem a gente resolver as desigualdades, nós não vamos resolver a questão de produtividade no país, que está ligada com a questão econômica. Sem resolver a educação, nós não estamos resolvendo as questões de pobreza ou de eficiência. Sem reduzir os problemas de saneamento, nós vamos continuar com problemas graves de questões sanitárias e de doenças no país. E o caminho é esse: fazer investimentos desiguais para os locais mais desiguais”.

Jorge Abrahão lembra ainda que 2024 é um ano de eleições municipais e que a população deve estar atenta a esses indicadores ao escolher seus candidatos a prefeito e vereador.

“É importante que as cidades se enxerguem para que possam ver onde é que estão suas maiores fragilidades e, a partir daí, discutam esses problemas com os candidatos dos diferentes partidos para verificar como é que esses candidatos estão olhando para os principais problemas das cidades e só então fazerem suas escolhas.”

Critérios

O Mapa da Desigualdade entre as capitais é baseado no Mapa da Desigualdade de São Paulo, que é publicado há mais de 10 anos pela Rede Nossa São Paulo e pelo Instituto Cidades Sustentáveis.

As fontes dos dados são órgãos públicos oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

Também foram utilizados dados de organizações não-governamentais em dois temas: emissões de CO2 per capita – com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima (OC) –; e desmatamento – com dados do MapBiomas. (com Agência Brasil)

Acompanhe tudo sobre:infra-cidadãSaneamentoDesigualdade socialSaúdeÁgua

Mais de ESG

B3, Reservas Votorantim e CCR lançam plataforma de negociação de créditos de carbono

Incêndios florestais no Brasil afetam 11,2 milhões de pessoas e prejuízos chegam a R$ 1,1 bi

Qual é o estado atual da oferta de lítio no Brasil e no mundo?

Tecnologia pode ser decisiva para evitar alta de 3°C na temperatura do planeta, diz agência