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Cerrado brasileiro: ambientalista quer propor a proteção do bioma; veja como (Instituto Eco Nois/Reprodução)
Recycle or die (do inglês, recicle ou morra), eram esses os dizeres que estavam na camiseta de uma então jovem brasileira que protestava, em Londres, pelos direitos do meio ambiente. O descontentamento com a realidade presente no movimento ativista europeu se aproximava de elementos da cultura punk, relembra.
Alguns anos depois, por volta de 2005, de volta a terras sul-americanas, a zoóloga Marianne Soisalo estudava as onças pintadas no Pantanal brasileiro. O momento contribuiu para a decisão de se instalar em um terreno de 65 hectares em Alto Paraíso de Goiás, no coração do Cerrado brasileiro, para dedicar a sua vida a um projeto de preservação do bioma: o Instituto Eco Nois.
Seu primeiro trabalho com ativismo no Brasil foi o chamamento público “Chega de Fogo na Chapada!”, no qual Soisalo convocou a participação da população. Por meio da arte, crianças, jovens e adultos puderam gerar conscientização e realizar um projeto socioambiental comunitário. Dos 500 desenhos e pinturas, nasceram os cartazes nas estradas como forma de conscientização sobre a realidade das queimadas.
“A minha trajetória culminou para este ponto exato: proteger um pedaço de terra com animais silvestres. Eu escolhi isso como meu legado. Quero lutar pelos animais e pela natureza”, comenta a fundadora do Instituto Eco Nois, Mariri Jungle Lodge e do Santuário Silvestre Mariri, Marianne Soisalo.
A fundadora explica que o nome do Instituto é uma forma de provocar para que, de maneira coletiva, haja uma movimentação social em prol da fauna e flora brasileiras. “O projeto é uma chamada “vamos juntos”. Porque sozinho a gente não chega a lugar nenhum”, diz Soisalo.
Os projetos da brasileira se dividem em uma tríade. O que hoje é o Instituto Eco Nois nasceu, primeiramente, como um ecocentro para educar e compartilhar ideias sobre sustentabilidade, ecologia e agrofloresta – tendo em mente a consciência ecológica para a cidade. Hoje, o espaço é alugado e outras pessoas tocam projetos ecológicos similares aos iniciais. Ali, há cerca de dez anos, nasce o Instituto Eco Nois.
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Dentro do objetivo de deixar um legado, um deles é o Santuário Silvestre Mariri, que trabalha o manejo, a proteção e a restauração da fauna silvestre do Cerrado, mais especificamente de araras e pumas. Amenizando, assim, a superlotação dos centros Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do IBAMA e auxiliando na educação de empresas, comunidades e escolas. “Fazer um recinto para animais que precisam de cuidados é o próximo passo”, observa a zoóloga.
Além desses projetos, Soisalo ainda comanda o Mariri Jungle Lodge, uma estação ecológica que permite às pessoas uma vivência conectada com a natureza, apresentando outra maneira de viver. Compostagem, banheiro seco, permacultura e uso de energia solar estão dentro das possibilidades para quem quer se hospedar no espaço.
Mas, agora, ela concentra forças na tentativa de levantar fundos para a construção dos recintos. Segundo a ambientalista, apenas o recinto dos pássaros custaria algo em torno de R$ 30 mil, enquanto o local para abrigar as onças custaria R$ 800 mil.
“Nós não somos os únicos seres que têm direitos à terra e não deveríamos tratar a natureza como algo que controlamos. Devemos entender que trabalhamos junto com a natureza. E o positivo nisso tudo é que você pode apertar um botão em um website, se sentir parte e responsável por entregar algo de volta para o meio ambiente, através de pessoas que estão doando o seu tempo e suas vidas na tentativa de proteção da Terra”, conclui Soisalo.