Falas problemáticas: conheça algumas expressões comuns que carregam preconceitos (10'000 Hours/Getty Images)
A linguagem humana acompanha os costumes e vivências das pessoas e das sociedades nas quais elas estão inseridas. Assim, a maneira com que a comunicação se dá pode estar repleta de vieses inconscientes -- noções ideias a partir de experiências individuais e coletivas -- que podem carregar preconceitos, racismo, LGBTfobia, capacitismo e mais.
É por isso que algumas expressões que são usadas, principalmente na linguagem falada, devem cair em desuso para evitar ideias nocivas e estereotipadas sobre grupos sociais.
Pensando em compartilhar uma fala mais diversa e inclusiva, a equipe de ESG da EXAME separou algumas expressões com o intuito de facilitar essa mudança na fala do cotidiano. Veja abaixo 10 expressões que são muito utilizadas e estão carregadas de lógicas problemáticas:
A expressão, com o significado implícito de “escurecer”, é considerada racista quando usada de forma pejorativa como sinônimo de “difamar”. É preferível palavras como “menosprezar” ou “rebaixar”.
Falas como “mercado negro”, "lista negra", e outras que usam “negro” como adjetivo de algo prejudicial não devem ser ditas. Entende-se que há fatores do racismo estrutural em expressões como essas. Ao contrário de “mercado negro”, por exemplo, pode-se utilizar “mercado ilegal”.
Enquanto a o negro é tratado como algo negativo, a “inveja branca” ganha um status de qualidade, algo mais aceitável. Quando alguém diz ter “inveja branca” ela quer dizer que a inveja é menos prejudicial, ou que até é algo bom. Essa expressão deve apenas ser evitada, sem substituir por outra fala. Não se deve usar branco como juízo de valor positivo e negro, negativo.
O termo opção sexual é incorreto pela compreensão de que não se escolhe a orientação sexual. A orientação, por sua vez, é identidade atribuída a um indivíduo em função de seu desejo e conduta sexuais, que podem ser, por exemplo, homossexual, heterossexual, bissexual e mais.
Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) assume que a homossexualidade não configura doença e demarca um marco emblemático para a população. LGBTI+ Assim, o sufixo "ismo" deixa de ser aceito, pois remete à ideia de doença.
A expressão geralmente é usada para tratar sobre algo planejado que deu errado ou no caso de algo mal planejado, como se "ser algo de índio" estivesse implicitamente ligado a uma noção negativa, de algo que precisa de mais ordem e estrutura. Esse é um pensamento como herança do colonialismo e o mais correto seria usar "A atividade não saiu como planejada".
Expressa algo próximo a ideia de insuficiência mas, falar isso associa a ideia de não ter um membro do corpo como uma incapacidade. Substitua por “Não temos recursos para realizar o projeto”.
Já a expressão “fingir demência” simula uma condição real usada para para tirar proveito de alguma situação. A opção mais inclusiva seria falar “A pessoa se fez desentendida" ou algo similar.
Essa fala – com algumas variações para “você está surdo?” ou “você está mudo?” – transmite a ideia de desatenção, se apropriando de deficiências como se elas fossem detalhes ruins ou passíveis de crítica. O correto seria falar “Você foi desatento”.
Em outras palavras, “dar mancada” quer dizer não cumprir um combinado ou o esperado, a ideia é que um deslize ou uma falha foi cometida. Mas mancar pode ser uma característica comum de uma pessoa com deficiência e associar este detalhe a ideia de “falha” é algo problemático que deve ser evitado. O melhor é dizer “você fez besteira” ou “você errou”.
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