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Disputa de US$ 60 bilhões entre Chevron e Exxon pode mudar indústria petrolífera

Situação parecida aconteceu nos anos 80 envolvendo a Texaco

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 3 de abril de 2024 às 10h35.

O prêmio chama-se Stabroek - uma série de campos de petróleo na costa da Guiana, país que faz fronteira com a Venezuela e o Brasil. As riquezas em potencial são incríveis - cerca de 11 bilhões de barris de petróleo, no valor de quase US$ 1 trilhão nos preços atuais. E o Stabroek está agora no centro de uma batalha jurídica envolvendo um documento secreto de 100 páginas. O resultado remodelará a indústria do petróleo.

Segundo informações da Bloomberg, a ExxonMobil é proprietária de uma grande parte de Stabroek, tendo feito parte do consórcio que encontrou petróleo lá em 2015. A Chevron está agora tentando entrar na área, depois de anunciar um acordo em outubro para comprar a Hess em uma transação no valor de US$ 60 bilhões, incluindo dívidas. A Hess é parceira da Stabroek, possuindo 30% do bloco. A Exxon é a operadora, controlando 45%, e a gigante estatal chinesa CNOOC possui os 25% restantes.

O acordo com a Hess daria à Chevron acesso às riquezas petrolíferas de Starbroek, transformando suas perspectivas de longo prazo. Mas a arquirrival Exxon entrou com uma ação judicial para bloqueá-lo, tentando controlar uma parcela ainda maior das riquezas petrolíferas e reforçar sua posição de liderança entre as gigantes do setor.

Os investidores com mais experiência na área podem lembrar de um episódio; na década de 1980, um dos precursores da Chevron - a Texaco - foi à falência depois de perder uma briga judicial histórica de US$ 10 bilhões envolvendo a aquisição de outra empresa. Embora a disputa atual seja bem diferente, seu resultado será tão importante quanto o de quatro décadas atrás.

Logo após o anúncio da transação entre a Chevron e a Hess, a Exxon se pronunciou. "Trabalhamos com a Chevron em todo o mundo", disse o CEO da Exxon, Darren Woods, à Bloomberg Television em 27 de outubro. "Eu vejo sua participação chegando e apoiando o trabalho que já demonstramos ter capacidade de realizar."

Porém, duas semanas depois, Woods ligou para seus colegas da Hess e da Chevron para dizer que havia um problema. A Exxon argumentou que tinha o direito de preferência sobre a participação da Hess na Guiana; a Hess e a Chevron responderam dizendo que, embora isso normalmente fosse verdade, a estrutura de seu acordo negava essa alegação.

A disputa permaneceu em segredo por quatro meses, enquanto as partes tentavam chegar a um acordo. Em 28 de março, a Chevron apresentou um documento conhecido como S-4 à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, detalhando o acordo e as preocupações da Exxon. Dias depois, Woods informou ao CEO da Hess, John Hess, e ao CEO da Chevron, Mike Wirth, que sua empresa estava entrando com um processo de arbitragem.

A disputa bilionária pelos campos petrolíferos da Guina está só começando.

Acompanhe tudo sobre:Indústria do petróleo

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