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Dia da Terra: a data foi criado para refletir sobre a relação destrutiva entre homem e a natureza, ao mesmo tempo que para busca valorizar a natureza (James Cawley/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de abril de 2023 às 15h50.
Última atualização em 22 de abril de 2023 às 15h51.
Dentre tantos outros, 22 de abril foi consagrado como Dia Mundial da Terra dado sua importância histórica ao movimento moderno de ativismo ambiental. Neste mesmo dia, em 1970, o ex-senador americano Gaylord Anton Nelson convocou a população dos Estados Unidos para ir às ruas em um grande protesto, aderido por mais de 20 milhões de pessoas, acerca dos impactos à natureza causados pela humanidade. Apesar disso, a data somente foi oficializada quase 40 anos depois, em 2009, pela Organização das Nações Unidas (ONU) através de uma declaração escrita por diversos países. Mais do que um dia para postar fotos de paisagens no Instagram, seu principal objetivo é incentivar e promover a reflexão a respeito das relações entre o ser humano e o meio ambiente, incluindo os impactos negativos advindos dessa.
De forma a dinamizar a discussão e estimular o pensamento crítico, todo ano é escolhido um tema distinto para encaminhar o debate e destacar diferentes facetas de uma área tão extensa quanto a ambiental. “Invista Em Nosso Planeta” foi o tópico selecionado para conduzir a discussão ao longo do ano de 2023 numa tentativa de engajar governos, instituições, negócios e cidadãos mundiais a apostar seus respectivos capitais, tempos e interesses nas iniciativas que buscam solucionar o problema da crise climática que tanto afeta a vida terrestre. O encorajamento vai desde pequenos atos, como consumo consciente, até práticas que geram maior impacto coletivo, como incentivos governamentais direcionados a grandes empresas para com o investimento em energia sustentável.
A história inicia-se há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, quando um anel feito de poeira, rochas e gases orbitava o recém-nascido Sol. A partir dessa estrutura, os protoplanetas começaram a se formar e, eventualmente, um deles transformou-se na Terra. Os anos seguintes foram turbulentos, vários objetos compartilhavam a mesma órbita, o que resultou em um período de colisões intensas.
Se, juntamente com a Terra, outros sete planetas se formaram, por que a vida só se desenvolveu por aqui? Na maioria dos sistemas planetários há uma região chamada de “Zona Habitável”. Intuitivamente, o termo refere-se ao local em que a vida pode se desenvolver. Basicamente, o planeta deve orbitar a estrela a uma distância que permita a existência de água líquida e temperaturas adequadas para o desenvolvimento da vida. No Sistema Solar, essa zona está precisamente localizada entre Vênus e Marte, justamente onde se encontra a Terra!
Somado a isso, a atmosfera da Terra primitiva era composta de, segundo as teorias de Oparin e Haldane, amônia, hidrogênio, metano e vapor d'água. Este último, em específico, condensava em forma de chuva e depois evaporava em estado gasoso novamente, criando um ciclo chuvoso que, com o eventual resfriamento da Terra, formou os oceanos primordiais. Submersos em tais mares e submetidos às constantes descargas elétricas e radiações ultravioletas solares, os elementos integrantes do ambiente terrestre passaram a reagir entre si, formando os primeiros aminoácidos.
Estes, então, foram evoluindo e tornando-se estruturas cada vez mais complexas e estáveis a partir de novas reações, de modo a conceber os primeiros seres vivos. Durante os bilhões de anos que separam tal momento da atualidade, a vida terrestre se desenvolveu e prosperou, culminando numa infinidade de reinos e espécies distintas, que se relacionam nos espaços que habitam e formam ecossistemas inteiros. A humanidade, assim, é apenas uma pequena e recente parte de toda a história da vida no planeta Terra.
Como resultado desses fatores e conceitos naturais que possibilitaram a criação de vida na Terra, diversos ecossistemas, com distintas relações entre as populações que o habitam, foram estabelecidos. Eles podem ser definidos, segundo o National Geographic, como “os seres vivos e elementos não vivos que habitam uma determinada área e as interações biológicas, químicas e físicas entre eles”, podendo, assim, variar desde desertos, florestas e savanas até rios, mares e lagos. É graças a sua enorme variedade pelo mundo, resultante de tantos aspectos geográficos diferentes (climas, relevos, correntes marítimas, etc) que há uma imensa diversidade natural entre reinos e espécies.
O Brasil, por exemplo, é um exemplo de concentração de biodiversidade, com a maior floresta do mundo, a Amazônica. Esta não é apenas importante a fauna e flora que ali vivem, mas ao mundo inteiro que sofre cada vez mais com os altos níveis de desmatamento provenientes da exploração humana. Ainda assim, o bioma em questão já perdeu cerca de 24% de sua vegetação, números alarmantes que preocupam o futuro de um dos maiores patrimônios da Terra.
Desde o primeiro Dia da Terra, em 1970, se observa, em conjunto com um crescimento populacional global, um crescimento nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) em cerca de 260% (dados do Banco de Dados de Fatores de emissão da IEA),e de 0,94°C na temperatura global (dados da NASA). No cenário atual, exemplificado pela Amazônia, esses dados comprovam a importância de uma comemoração anual reservada para que haja a reflexão e planejamento de atitudes que visem a preservação do planeta pelas nações e suas respectivas populações. Apesar disso, é imprescindível visar que as ações sejam contínuas ao longo do ano e não se limitem a um único período.
Com isso surge a dúvida: Se o Dia da Terra foi criado justamente para valorizar a natureza e refletir sobre a relação destrutiva homem-natureza, por que o cenário natural mantém-se retrógrado a melhorias?
O problema persiste por duas principais razões: em primeiro lugar, os maus-hábitos que acarretam em más políticas e a ignorância de certas situações por parte das grandes empresas; em segundo, a falta de investimento financeiro para erradicar tal situação.
É fato que, rotineiramente, muitos indivíduos praticam hábitos prejudiciais ao meio ambiente, como o consumo de carne e descartes inadequados. Ainda que alguns mudem seus costumes, a questão da crise ambiental é mais profunda. Infelizmente, modificações individuais, ainda que importantes, são incapazes de fazer a diferença.
Vivemos em um planeta habitado por 8 bilhões de humanos e, assim, ações coletivas são fundamentais para resultados positivos. Mais importante ainda, grandes corporações são majoritariamente responsáveis pelos altos índices de ações que devastam o planeta, como exploração do petróleo, desmatamento, queda na produção agrícola, poluição e a intensificação desmedida da crise climática. Assim, é inegável o papel de líderes governamentais para que haja o investimento em políticas de preservação do meio ambiente e a certificação de que empresas, corporações e indivíduos localizados em seus respectivos territórios, respeitem-as.
Todos os anos, observatórios climáticos e meteorológicos indicam um “Tipping Point Day”, data que marca o momento em que os desastres naturais feitos na Terra não são mais reversíveis. Apesar de, em 2022, o Tipping Point Day ter sido em junho, este ano a previsão é que ele será mais cedo, evidenciando ainda mais a necessidade por mudanças imediatas.
O sentimento de impotência é, sem dúvidas, devastador. Nos sentimos desanimados diante da realidade de que, por mais radicais que sejam as mudanças que fazemos no nosso cotidiano, não somos capazes de sequer contribuir consideravelmente para uma solução. Ainda assim, há outras medidas, além da troca de hábitos, que podem ser implementadas agora. E
ntre elas, destaca-se a relevância da educação escolar acerca dos problemas ambientais às novas gerações que, como cidadãos em formação, devem entender tal desafio que, muito provavelmente, persistirá sendo uma pauta urgente até seus respectivos amadurecimentos. Mesmo lenta, ações como essa são essenciais para formação de uma futura sociedade, que será formada pelas crianças que hoje vão à escola, comprometida em preservar a riqueza natural do planeta e honrar as raríssimas condições que este fornece para o desenvolvimento de várias espécies.
Não deixe de comemorar o Dia da Terra hoje e todos os dias! Continue se deslumbrando com suas espécies, paisagens, sons e riquezas. Ainda assim, se lembre, persista, divulgue e demande ações de cuidado ambiental. A conscientização é um trabalho constante.
Feliz Dia da Terra!
*Beatriz Franco, Luiza Alvernaz e Thomas Finger fazem parte do grupo Jovens Cientistas Brasil.
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