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Dia da Pessoa Idosa: 70% das empresas não têm métricas para combater discriminação por idade

Pesquisa da consultoria Robert Half e da startup Labora revela que, apesar do avanço, dificuldade das empresas em combater o etarismo ainda esbarra na falta de dados e metas claras

61% das empresas não possuem medidas específicas para reter talentos mais velhos (monkeybusinessimages//Thinkstock)

61% das empresas não possuem medidas específicas para reter talentos mais velhos (monkeybusinessimages//Thinkstock)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 1 de outubro de 2024 às 12h58.

Última atualização em 1 de outubro de 2024 às 14h15.

O etarismo, ou seja, a discriminação a partir da idade ou geração, não é medido com indicadores claros em 70% das empresas, de acordo com a pesquisa “Etarismo e inclusão da diversidade geracional nas organizações”, realizada pela consultoria Robert Half e a startup Labora. Os dados apontam para a dificuldade das companhias em metrificar seus avanços e retrocessos no combate ao preconceito.

Em 2023, 80% das empresas não mediam seus esforços contra o etarismo, o que aponta para uma leve melhoria no cenário atual. O estudo avalia que, sem dados, é impossível identificar problemas e implementar soluções eficazes.

Retenção de profissionais 50+

A retenção de profissionais acima dos 50 anos também é vista com preocupação pela pesquisa. 61% das empresas não possuem medidas específicas para reter esses talentos, como monitoramento do desenvolvimento de suas carreiras e revisões periódicas dos programas já implementados. Essa taxa, apesar de uma melhora singela em relação ao ano passado (quando 71% das empresas não tinham ações), ainda revela uma carência de políticas eficazes.

A pesquisa ainda questionou as companhias sobre casos de etarismo vividos internamente. 63% das empresas afirmam nunca ter presenciado casos dessa discriminação, mas o dado contradiz o fato de que 45% delas acreditam haver disparidade nas oportunidades de desenvolvimento entre gerações. Além disso, 23% percebem dificuldades para profissionais mais jovens ou mais velhos em acessar oportunidades de desenvolvimento.

Para Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half na América do Sul, a desconexão entre as respostas indica falta de clareza sobre o que são atitudes etaristas e como abordá-las. “Para avançar na construção de uma cultura anti-etarista e criar ambientes intergeracionais saudáveis, o passo mais urgente envolve investimento em formação e conscientização”, explica.

O impacto do etarismo é mais sentido por profissionais desempregados: 2 em cada 3 afirmam que esse preconceito é o principal obstáculo para voltarem ao mercado de trabalho. Já entre os empregados, a percepção é de que o tema ainda não é devidamente debatido pelas empresas, com 63% reconhecendo que há espaço para uma melhor abordagem da diversidade geracional.

Os entrevistados também avaliaram a importância do letramento e conscientização para o debate, incluindo a oferta de treinamentos sobre o tema para a liderança (apoiado por 67%) e palestras para os colaboradores (66%).

Desigualdade nos processos seletivos

Os processos seletivos são parte essencial para aumentar a diversidade geracional. A pesquisa mostrou que 77% das empresas não possuem iniciativas intencionais para contratar profissionais mais maduros. Entre as empresas que adotam medidas, as principais ações incluem:

  • Treinamento da equipe de RH para minimizar vieses inconscientes (11%);
  • Divulgação de vagas em plataformas voltadas à diversidade (9%);
  • Programas afirmativos para contratação de profissionais 50+ (6%).

Mesmo pouco disseminadas, essas ações contam com 81% de aprovação entre as empresas que as implementaram.

Dificuldades no ambiente de trabalho

A falta de conscientização e as dificuldades nas relações intergeracionais causam atritos no ambiente de trabalho, com 30% das empresas relatando conflitos entre gerações. Algumas soluções avaliadas pelas empresas para lidar com essas crises são:

  • Desenvolvimento de ambientes que promovam interação entre diferentes gerações (23%);
  • Mentoria intergeracional ou reversa (22%);
  • Projetos de inclusão produtiva para várias gerações (14%);
  • Estruturação de equipes com profissionais de idades diversas (13%).

Para Sérgio Serapião, CEO da Labora, é necessário promover a conscientização sobre o etarismo e investir em treinamentos para todos os funcionários. “Muitas vezes, preconceitos inconscientes relacionados à idade passam despercebidos, mas têm impacto significativo no ambiente corporativo. Oferecer workshops e palestras sobre diversidade geracional é uma maneira eficaz de combater esses preconceitos”, afirma.

Acompanhe tudo sobre:DiversidadePreconceitosEmpregosBusca de empregoDesigualdade socialTerceira idade

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