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Reciclagem: Empresas se empenham para adotar medidas de logística reversa (Divulgação/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 17 de maio de 2023 às 11h00.
Última atualização em 31 de maio de 2023 às 19h25.
O Dia Mundial da Reciclagem é comemorado em 17 de maio. Com a data, surge a necessidade de discutir os possíveis caminhos para o aprimoramento da reciclagem no mundo. Segundo levantamento da Bain & Company, a iniciativa no Brasil é possível por diversos participantes informais e pequenos.
A estrutura da cadeia de reciclagem é a seguinte: existe o descarte do pós-consumo feito pelo consumidor. Depois disso, o material é coletado por empresas ou catadores. Em seguida, é encaminhado para cooperativas que vão reinserir aquele material na cadeia novamente, sempre que possível, tentando agregar valor ao subproduto.
Associações, empresas e indústrias têm, cada vez mais, se responsabilizado sobre a maneira como a produção como um todo se estrutura: desde a produção do insumo até o pós-consumo, ou seja, o descarte. Esse é o exemplo da ANCAT (Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis), que desde meados dos 2000 trabalha com logística reversa, enquanto defende os interesses dos catadores – profissionais tão importantes para a cadeia produtiva da reciclagem.
Outra companhia que trabalha com reciclagem é a eureciclo que, desde 2016, se propõe a ampliar a cadeia de reciclagem no país por meio de créditos de reciclagem a partir da rastreabilidade nas etapas. “Cada um desses processos é rastreado por meio da análise de documentos, capaz de mapear todo o percurso do material, desde a origem até o destino, avaliação de capacidade operacional e auditoria independente, com visitas às instalações para verificar os dados recolhidos nas etapas anteriores”, afirmou Thiago Carvalho Pinto, fundador da eureciclo.
Em 2016, a eureciclo começou a aplicar o conceito de compensação ambiental para emitir créditos de reciclagem, disse Pinto, seguindo uma lógica semelhante aos créditos de carbono. “A compensação ambiental é considerada uma forma mais viável técnica e economicamente para cumprir com a logística reversa desses resíduos. Atuamos por estado, compensando o volume de resíduos equivalentes no qual foi comercializado. Ao direcionar para reciclagem resíduos equivalentes aos seus, em peso e material, as empresas de bens de consumo, remuneram as centrais de triagem (cooperativas e operadores) pelo serviço ambiental prestado e recebem os Certificados de Reciclagem como forma de comprovação legal”.
Pensar em usar embalagens 100% recicláveis não era o bastante para a empresa, então a Qualy, em parceria com a eureciclo, pensou em um plano para transformar a cadeia de reciclagem do plástico polipropileno (PP). Por ter uma separação mais cara, o PP chega às estações com mais impurezas. Mas, quando separado dos outros plásticos, esse tipo pode ser vendido por um valor maior – o que o torna atrativo para as centrais de reciclagem e recicladores.
Pensando nesse contexto, a Qualy faz a compensação ambiental de todo o volume de embalagens que lança no mercado. Segundo a eureciclo, de outubro de 2021 a dezembro de 2022, foram reinseridas 9.586 toneladas de plástico polipropileno na cadeira, o equivalente a 383,4 milhões de potes de margarina Qualy – beneficiando, assim, cerca de 2 mil famílias.
“Entendemos a circularidade como um processo contínuo de melhoria para reduzir impactos negativos e ampliar a renovação e perenidade seja da água, embalagens ou dos insumos de nossos produtos e operações”, disse Rodrigo Brito, Head de Sustentabilidade para Coca-Cola Brasil e Cone Sul.
A Coca-Cola Brasil conta com projetos para viabilizar a recirculação de produtos que é uma das prioridades junto com a frente ESG da companhia. Dito isso, a empresa conta com algumas metas como, por exemplo, 100% das embalagens recicláveis até 2025. Meta que, segundo a empresa, já está em 99,4%. Além de garantir que todas as embalagens utilizem 50% de insumos reciclados até 2030, atingir 25% do volume de vendas através de embalagens retornáveis até 2030 – Meta já ultrapassada e atualmente representando 34% das vendas na América Latina, região líder mundial no tema – e garantir a coleta e reciclagem do equivalente a 100% das embalagens que colocamos no mercado.
Em relação à meta de coleta e reciclagem, o país já tem uma taxa de coleta e reciclagem de 98% das latas de alumínio e a Coca-Cola conta com uma taxa de mais de 95% de retornabilidade das embalagens de vidro que utiliza, sendo que o grande foco em circularidade está nas embalagens PET.
Enquanto no Brasil a taxa de coleta e reciclagem de PET está em torno de 57,4% do que é produzido no país, o Sistema Coca-Cola com programas próprios e diretamente apoiados coletou diretamente mais de 70 mil toneladas de embalagens PET pós-consumo em 2022 no país – cerca de 42% da produção anual, sendo que em 2021 este número estava em 26,7% e 18% em 2020, respectivamente, o que demonstra o crescimento dos esforços e investimentos com este foco. A empresa também conta com o investimento de R$ 6,5 milhões em programas de apoio e fortalecimento à reciclagem inclusiva, juntamente com a ANCAT.
Outro exemplo é a Braskem, que atua com a reciclagem mecânica mas também com educação ambiental, gerenciamento de resíduos e design circular. Pensando nisso, a empresa firmou parceria com o SENAI em um projeto de pesquisa para desenvolver catalisadores para melhorar a qualidade dos produtos gerados no processo de reciclagem química do plástico. Segundo a empresa, os investimentos estão estimados em R$ 2,7 milhões, entre recursos financeiros, humanos das instituições e empresas.
A empresa ainda conta com o programa Braskem Recicla para a conscientização sobre a importância da economia circular, por meio da coleta de resíduos. A iniciativa já teve oito edições em algumas cidades como Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo e no ABC Paulista (Santo André e Mauá). Segundo a companhia, a ação totalizou a coleta de 73 toneladas de materiais recicláveis, gerando R$ 163 mil em renda para os catadores.
“Acredito que o processo de transformação do modelo de economia linear para circular é o caminho que precisamos adotar para a construção de um planeta mais sustentável. E, dentro desse processo, as ações ligadas ao design, redução de geração de resíduos e a reciclagem são viabilizadoras e potencializam a economia circular como um todo”, disse Fabiana Quiroga, diretora de Economia Circular da Braskem na América do Sul.
O Dia Mundial da Reciclagem, comemorado no dia 17 de maio, foi criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A data tem como objetivo ser um convite à reflexão sobre questões ambientais que são consequência da forma como os produtos são consumidos.